Casas, empresa, telemóveis. Pandemia faz disparar tráfego nas redes
A pandemia levou muitas empresas a operar através das redes fixas nas casa dos trabalhadores. É também a internet que tem permitido manter a vida social nesta crise sanitária. Veja a infografia.
A pandemia do coronavírus tem-se revelado um dos maiores choques económicos da História moderna, um daqueles fenómenos capazes de alterar paradigmas, agitar charcos estagnados e forçar as empresas e a sociedade a adaptações estruturais e muito profundas. Seja nas cadeias de distribuição e abastecimento, seja no comportamento social e até na saúde mental.
O teletrabalho é um dos exemplos dessas transformações, talvez o mais flagrante. Em meados de março, com o coronavírus a ganhar terreno também em Portugal, milhares de empresas, e até a Administração Pública, adotaram o regime de trabalho remoto de um dia para o outro. Assim, as empresas que tiveram a “sorte” de poderem continuar a operar nestas condições passaram a contar com a distribuição de tarefas à distância, ou com reuniões virtuais através de ferramentas como o Zoom ou o Teams. Assim, o uso da internet disparou como nunca.
Um estudo da Marktest divulgado no final de março lançava já alguma luz sobre o assunto: nessa altura, 42% da população portuguesa estava em regime de teletrabalho. E as próprias operadoras de telecomunicações decidiram, em simultâneo, revelar alguns dados sobre as alterações nos padrões de consumo. Os números da Altice Portugal, da Nos e da Vodafone mostraram disparos inéditos nos tráfegos das redes de comunicações e, com alguma surpresa, não apenas das redes fixas como também das redes móveis e até da voz.
Rapidamente, a Anacom juntou-se também à onda estatística, passando a revelar semanalmente o estado das redes de telecomunicações em Portugal, comparando com a semana anterior e com o período prepandemia. As variações têm sido a dois dígitos, apontando, no entanto, para uma estabilização em abril, mas, mesmo assim, em valores altos como nunca antes visto.
Com base nas informações que têm sido divulgadas nas últimas semanas, o ECO elaborou uma infografia que simplifica a visualização da informação e que mostra como a internet tem suportado a parte da economia que pôde continuar a operar, sobretudo no setor tecnológico. Cursos passaram a ser ministrados à distância, conferências passaram a webinars e muitas empresas passaram a assentar as suas operações nas redes fixas que os trabalhadores já contratavam nos respetivos domicílios.
Pandemia faz disparar tráfego nas redes de comunicações:
Com efeito, o tráfego de dados fixos, que abrange o tráfego realizado na internet através de routers por Wi-Fi, por exemplo, disparou até um máximo de 54% logo na semana de 22 de março, de acordo com a Anacom. Para além da Netflix, que chegou a ter de reduzir a qualidade dos streamings para evitar o colapso das redes na Europa, os utilizadores passaram a assentar nestas redes as reuniões virtuais da empresa, o acesso aos serviços empresariais na cloud, o email, jogos online e uma boa parte da sua vida social.
Mas o aumento também se registou no tráfego de dados móveis, numa altura em que os smartphones são praticamente ubíquos na sociedade portuguesa. Redes sociais cresceram em utilização o que, aliadas aos jogos, e às cada vez mais populares videochamadas, elevaram o tráfego nestas redes em até 26% comparativamente com o período prepandemia, um pico alcançado na semana de 5 de abril, segundo a Anacom.
E mais: à medida que as famílias foram tentando manter o contacto à distância, também as chamadas de voz dispararam nas últimas semanas. O disparo foi maior na voz fixa, cujo tráfego mais do que duplicou na semana de 12 de abril, enquanto o tráfego de voz móvel cresceu 41% na semana de 22 de março.
Quanto aos serviços OTT em concreto, um grupo onde se incluem todas as plataformas que operam sobre as redes das operadoras, mas que mantêm a independência, como é o caso do WhatsApp, Netflix e de outras, a Anacom não tem revelado informação concreta. Mas os dados revelados em março pela operadora Meo, da Altice Portugal, lançaram alguma luz sobre estes canais: a subida na utilização terá alcançado, pelo menos, 45%.
Neste cenário, é praticamente impossível descorar o grau de importância que a internet conquistou na economia e na sociedade por causa da pandemia. Conscientes deste facto, as operadoras têm implementado medidas e têm feito uma apertada gestão das redes para garantir que tudo continua a funcionar dentro da normalidade para os clientes.
E enquanto o Governo já deu “poderes” a estas empresas para bloquearem serviços não essenciais caso as redes estejam à beira do colapso”, a Anacom já admitiu também dar mais largura de banda às operadoras para acelerar a velocidade e capacidade das redes, se as operadoras sentirem também essa necessidade.
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