Bloco e CDS rejeitam negociar com “paraministro” Costa Silva
Poucas vezes estão de acordo, mas é foi o que aconteceu em relação ao conselheiro de António Costa que vai discutir com os partidos um plano de retoma da economia. Bloco de Esquerda e CDS não querem.
O Bloco de Esquerda só negoceia com membros do Governo e rejeita a existência de “paraministros”, afirmou este sábado a coordenadora do partido, Catarina Martins, comentando a manchete do Expresso segundo a qual um gestor petrolífero está a assumir esse papel. Da mesma forma, o CDS-PP informou que conta discutir o plano de recuperação económica do país com “Costa e Siza”, numa referência ao primeiro-ministro e ministro da Economia, “e não com Costa Silva”.
O semanário escreve que o gestor da petrolífera Partex António Costa Silva “tornou-se uma espécie de para-ministro” e que “já acompanhou Costa em reuniões com empresários e já começou as reuniões com cada um dos ministros”, a primeira das quais com o titular da pasta do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
“O senhor primeiro-ministro é aconselhado por quem acha que pode fazer esse trabalho, é livre de o escolher. O Bloco de Esquerda, naturalmente, negoceia com membros do Governo, como fez até agora e como mandam, aliás, as regras da boa transparência da nossa democracia”, afirmou, salientando que “a figura de para-ministro não pode existir”.
No Expresso escreve-se que Costa Silva já está a negociar um plano de retoma da economia e que se vai reunir com parceiros e partidos.
“As pessoas que têm competência para tomar decisões em Portugal, que estão sujeitas não só a um regime de incompatibilidades e impedimentos estritos como de transparência sobre os seus rendimentos são membros do Governo: ministros e secretários de Estado”, apontou Catarina Martins.
Questionada sobre a hipótese de ser António Costa Silva a suceder ao atual ministro das Finanças, Mário Centeno, a coordenadora do Bloco afirmou não ter nenhum comentário, salientando que essa é uma decisão que compete ao primeiro-ministro.
O CDS-PP rejeitou, igualmente, negociações com o conselheiro.”Para discutir o plano de recuperação económica do país, o CDS conta reunir com Costa e Siza, e não com Costa Silva. O primeiro-ministro pode escolher com quem é que os seus ministros se aconselham, mas em matéria de governação do país, o CDS deve falar com o Governo e não com quem o Governo fala”, refere o partido, em comunicado.
Os democratas-cristãos salientam que, há três meses, “o CDS sugeriu ao Governo a criação de um gabinete de crise para relançar social e economicamente o país, que integrasse representantes de vários setores fundamentais e todos os partidos com assento parlamentar”. “Apesar de tardiamente, vale sempre a pena recuperar esta boa ideia do CDS”, apontam.
(Notícia atualizada às 17h50)
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