Com vírus a pressionar contas públicas, Tesouro prevê emitir 4.750 milhões em dívida de curto prazo até setembro
Atualização do programa de financiamento do país revela que ainda há margem de 13,4 mil milhões de euros para emissões de obrigações do Tesouro até ao final do ano.
Portugal prevê emitir até 4.750 milhões de euros em bilhetes do Tesouro (BT) no terceiro trimestre do ano, segundo a atualização do programa de financiamento do país divulgado esta sexta-feira pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP. Devido à pandemia, há um reforço da margem que o Tesouro tem para se endividar.
“O financiamento líquido através da emissão de Bilhetes de Tesouro (BT) registará um incremento de 3,2 mil milhões de euros, que compara com uma variação liquida projetada inicialmente de 1,3 mil milhões de euros”, explicou a agência liderada por Cristina Casalinho, em comunicado, sobre o total do ano, que foi ajustado no Orçamento Suplementar às necessidades adicionais geradas pelo vírus.
Até setembro, há três leilões marcados. Vão começar a 15 de julho, com uma colocação de 1.500 milhões a 1.750 milhões a seis e 12 meses, semelhante ao que está previsto para dia 16 de setembro. A 19 de agosto, o IGCP vai recorrer às linhas de títulos a 3 e 11 meses para emitir entre 1.000 e 1.250 milhões de euros.
Mas a dívida de curto prazo não é o instrumento principal do IGCP, mas sim as obrigações do Tesouro (OT). “No próximo trimestre, o IGCP prevê emissões de OT através da combinação de sindicatos e leilões, sendo esperadas colocações de 1.250 a 1.500 milhões de euros por leilão“, explica.
Como é habitual, as datas dos leilões destes títulos não são conhecidos em antecipação, mas poderão ser realizados à segunda ou quarta quartas-feiras de cada mês após anúncio do montante indicativo e linhas de OT a reabrir até três dias úteis antes da respetiva data de leilão.
Na totalidade do ano, “as emissões de OT, líquidas de trocas, atingirão 29,3 mil milhões de euros, o que significa um acréscimo de 12,6 mil milhões de euros face à estimativa original”, refere a agência, acrescentando que ainda tem uma margem de 13,4 mil milhões de euros disponíveis. “Até ao final de maio, o IGCP já tinha emitido 15,4 mil milhões de OT (o que representa mais de 50% das emissões previstas para o ano)“.
O montante das necessidades de financiamento líquidas do Estado, no ano de 2020, situa-se agora em 20,3 mil milhões de euros, representando um aumento de 10,7 mil milhões de euros face à projeção inicial.
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