Tesouro já esgotou 70% da dívida a emitir este ano. Faltam 10 mil milhões
Portugal já emitiu este ano 19,4 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro. Tem ainda outros 10 mil milhões de euros para usar, além de uma nova linha de obrigações para o retalho por lançar.
Portugal está a emitir mais dívida para responder à crise económica gerada pela pandemia de Covid-19. No Orçamento Suplementar, que considera já este efeito, o Governo autorizou o Tesouro a emitir até 29,3 mil milhões de euros em nova dívida na totalidade do ano. Deste montante “brutal”, o IGCP já arrecadou quase dois terços.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP voltou esta quarta-feira ao mercado de dívida para uma venda sindicada de obrigações do Tesouro (OT) a 15 anos. Portugal emitiu quatro mil milhões de euros e, devido à forte procura (mais de 10 vezes superior à oferta), conseguiu uma taxa de juro em 0,928%.
O ministro das Finanças, João Leão, atribuiu o juro à “melhoria significativa das condições de financiamento do Estado, refletindo a confiança dos mercados na retoma da economia portuguesa e no desempenho das contas públicas”, tal como a presidente do IGCP, Cristina Casalinho, que sublinhou a “forte e diversificada procura” dos investidores.
“Esta é a terceira venda sindicada realizada pela República Portuguesa em 2020 e, com esta emissão, a República completou 69,1% da meta brutal de emissões, de 29,3 mil milhões de euros, a serem executadas através de leilões e vendas sindicadas em 2020″, anunciou a presidente do IGCP, Cristina Casalinho em comunicado.
O Tesouro costuma fazer uma grande venda sindicada de OT no início de cada ano. Por causa da pandemia, já fez três este ano: além da realizada esta quarta-feira, colocou 5 mil milhões a sete anos em abril e 4 mil milhões a dez anos em janeiro. Através destas operações, Portugal colocou 13 mil milhões de euros em OT no mercado com a ajuda de sindicatos bancários, aos quais acrescem 6.421 milhões de euros em títulos emitidos em leilões.
Linha de OTRV ainda à espera de ser lançada
O maior recurso ao endividamento deve-se às necessidades geradas pelo Covid-19, que o Governo antecipa que leve o défice até 6,3% este ano e a dívida pública para o máximo histórico 134,4%.
Em termos nominais, esse agravamento já se está a fazer sentir. A dívida pública, na ótica de Maastricht (a que interessa a Bruxelas), subiu 2.333 milhões de euros para os 264.379 milhões de euros, em maio. Os dados também conhecidos esta quarta-feira mostram que o stock do endividamento público subiu para o valor mais elevado de sempre.
A tendência de agravamento não deverá alterar-se proximamente até porque o país está a aproveitar o Programa de Compras de Emergência Pandémica (PEPP, na sigla em inglês) do Banco Central Europeu (BCE). A instituição liderada por Christine Lagarde vai comprar 1,35 biliões de euros em dívida pública e privada até, pelo menos, meados de 2021.
A bazuca do BCE para combater o impacto do vírus na economia do euro ficou com mais de 4 mil milhões de euros em dívida portuguesa durante a pandemia. A estas compras realizadas entre março e maio, acrescem quase 2 mil milhões em obrigações do Tesouro que o BCE comprou desde o arranque do ano.
Além de aproveitar as regras mais flexíveis do programa de emergência do BCE, Casalinho deverá ainda procurar financiamento junto das famílias. No Orçamento Suplementar, Governo antecipava o lançamento de uma nova linha de Obrigações do Tesouro Rendimento Variável (OTRV), num montante de 1.500 milhões de euros. Esta ainda não foi lançada.
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