Milionários em Portugal deverão enriquecer 3% ao ano após a pandemia
Longe dos mercados financeiros, os mais ricos em Portugal têm nos últimos anos encaixado menos dinheiro do que a média internacional. Mas é pela mesma razão que agora serão dos menos afetados.
A riqueza do mundo está a ser fortemente afetada pela pandemia de Covid-19 e os milionários poderão perder ainda mais dinheiro do que na última crise financeira. Os mais ricos em Portugal não vai escapar, mas serão dos menos afetados. É que o afastamento dos mercados financeiros que tem limitado o enriquecimento nos últimos anos é o mesmo que agora os protege.
“O investidor português médio adota uma estratégia de alocação dos seus ativos que é mais conservadora do que a adotada por investidores noutros mercados”, explica Carlos Barradas, managing director & senior partner da BCG Lisboa.
“Se isso o tem privado de obter retornos mais elevados durante a década que passou — de sustentado crescimento económico e valorização dos mercados bolsistas – neste momento de maior crise tem também um efeito suavizador das perdas. É por isso que as fortunas pessoais não deverão ser tão afetadas nos próximos anos“.
O relatório Global Wealth 2020: The Future of Wealth Management — a CEO Agenda, da consultora indica que a riqueza em Portugal poderá crescer anualmente entre 3% (no pior cenário) e 4% (no melhor) até 2024, após o embate inicial da pandemia. O ritmo de crescimento mais elevado estaria em linha com os níveis médios entre 1999 e 2019. “A longo prazo, esta característica de grande aversão ao risco tem impedido o crescimento das fortunas portuguesas de acompanhar o registado a nível médio globalmente”, refere Barradas.
A família Amorim é a mais rica em Portugal com uma fortuna avaliada em mais de quatro mil milhões de euros e dona de ativos como a Galp Energia ou a Corticeira Amorim. Segundo os dados da BCG, apenas 12% da riqueza estão distribuídos por fortunas de mais de 100 milhões de euros, enquanto a maioria (51%) tem menos de 250 mil euros.
A nível global, as estimativas de crescimento apontam para um aumento médio de 4,5% ao ano nos próximos quatro anos, atingindo o crescimento de 2019 (9,6%) já em 2021. Num cenário mais pessimista, que aponta para crescimentos na ordem dos 1,4%, apenas em 2023 se deve recuperar os níveis registados no ano passado.
Este crescimento médio implica uma recuperação face ao tombo gerado pela pandemia, que poderá situar-se entre seis e 16 biliões de dólares. Mas a consultora alerta que ainda há muitos fatores de incerteza.
“Consideramos que esta crise é substancialmente diferente da de 2008, tornando difícil antecipar o real impacto que terá na economia, porque a rapidez de retoma depende em grande parte de medidas de saúde pública e das intervenções dos Governos e bancos centrais, além da evolução da doença e do seu tratamento”, acrescenta o managing director and senior partner da BCG Lisboa.
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