Novo Banco com prejuízos de 555,3 milhões de euros no primeiro semestre
O banco liderado por António Ramalho chegou a meio do ano com prejuízos de 555,3 milhões de euros. Em 2019, no mesmo período, foram de 400 milhões de euros.
O Novo Banco fechou a primeira metade deste ano com prejuízos de 555,3 milhões de euros, mais do que os 400 milhões de euros de prejuízos registados no primeiro semestre de 2019, revelou o banco em comunicado enviado à CMVM. Perdas agravaram-se, sendo explicadas essencialmente pelos resultados negativos registados no Novo Banco legacy, levando o banco a antecipar que irá solicitar “um montante de 176 milhões de euros ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente“, o qual é transferido pelo Fundo de Resolução.
Os resultados do grupo foram impactados por quatro efeitos negativos, segundo o banco, maioritariamente relacionados com o “legado” do banco: em primeiro lugar, um impacto negativo de 260 milhões de euros por causa da “avaliação independente aos fundos de reestruturação”; em segundo lugar, 138,3 milhões de euros de “imparidade adicional” relacionada com os riscos de crédito decorrentes da crise pandémica; em terceiro lugar, 78,7 milhões relacionados com a cobertura de risco da taxa de juro da dívida pública; e ainda 26,9 milhões de euros de reforço da provisão para reestruturação.
“Ainda assim, de referir que os resultados da atividade apresentam melhorias quando comparados com os do período homólogo — aumento do resultado operacional core (+3,1%) em resultado do aumento da margem financeira (+3,2%) e da redução de custos operativos (-5,4%), e aumento do resultado operacional (+10,5%)”, assinala o Novo Banco, que cita o seu CEO, António Ramalho, a dizer que “a par do processo de reestruturação do banco nos últimos anos, é de realçar o contínuo apoio do Novo Banco às empresas e às famílias portuguesas”.
Legado com prejuízos de 493,7 milhões de euros
Quanto à atividade do legado, o Novo Banco registou um resultado negativo no valor de 493,7 milhões de euros no primeiro semestre devido à “reestruturação e desalavancagem do legacy“.
“No Novo Banco legacy o resultado foi negativo em -493,7 milhões de euros. As perdas decorrem da avaliação independente aos fundos de reestruturação (-260,6 milhões) e da provisão para reestruturação (26,9 milhões) que, no seu conjunto, representam 58% dos prejuízos apresentados pelo Novo Banco legacy”, diz o banco.
Os resultados foram penalizados também pela volatilidade dos mercados financeiros que se verificou durante o primeiro semestre. Nesse período, as operações financeiras registaram um prejuízo de 35,1 milhões de euros, o que foi “parcialmente” compensado com ganhos na venda de títulos de dívida pública.
Banco “bom” com 34 milhões de lucro
Tal como nos resultados anteriores, o banco distingue a atividade recorrente do “legacy“, ou seja, dos ativos tóxicos que herdou do BES. O resultado recorrente do Novo Banco no primeiro semestre foi positivo, no valor de 34 milhões de euros, o que segundo o banco demonstra a “capacidade de geração de receita do Grupo e de sustentabilidade futura, representando uma inversão sobre os resultados negativos do último trimestre (-75,1 milhões)”.
Pela negativa o destaque vai para as comissões que baixaram 9,4% (menos 16,1 milhões de euros) por causa do confinamento. “Neste período as comissões registaram uma diminuição generalizada a nível de produtos, condicionadas por um menor nível de transações e pelo atual contexto da atividade bancária em Portugal, negativamente afetada pela pandemia Covid-19″, explica a instituição liderada por António Ramalho.
O Novo Banco nota que no primeiro semestre houve um reforço dos depósitos dos clientes que cresceram 3,5%, ou mais 972 milhões de euros. De notar também o aumento do crédito a clientes que cresceu 5,2%, ou mais 1.246 milhões de euros. “O banco terminou o semestre adequadamente capitalizado e com sólidos níveis de liquidez, estando bem posicionado para continuar a apoiar os clientes de retalho e empresas“, garante.
Novo Banco aprovou 38 mil moratórias
De acordo com os resultados do primeiro semestre, o Novo Banco aprovou moratórias para 38 mil clientes até ao final de junho, no valor de 6,8 mil milhões de euros. “Cerca de 67% do montante foram operações atribuídas a empresas, 30% a operações de moratória do crédito à habitação e o remanescente para operações de crédito ao consumo e outras”, esclarece o banco.
No caso das empresas, o banco também atingiu os mil milhões de euros nas linhas de crédito que têm garantia de Estado.
(Notícia atualizada às 18h04 com mais informação)
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