Boris Johnson aponta 15 de outubro como data limite para acordo pós-Brexit
"Deve registar-se um acordo com os nossos amigos europeus até ao Conselho Europeu de 15 de outubro, para que entre em vigor até ao final do ano”, diz Boris Johnson.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, considera que 15 de outubro é a data limite para a conclusão de um acordo pós-Brexit com a União Europeia (UE), antes do início em Londres esta semana da oitava ronda de negociações.
De acordo com Downing Street, o chefe do Governo conservador deverá anunciar hoje “a fase final das negociações com a UE”, fazendo aumentar a pressão antes do reinício das negociações agendadas para esta semana, além de reafirmar que o Reino Unido não transigirá na sua independência.
O Reino Unido deixou formalmente a UE em 31 de janeiro, cerca de quatro anos após o histórico referendo que assinalou o fim de 50 anos de integração na União Europeia.
No entanto, permanece submetido à regulamentação europeia até ao final de 2020, tentando as duas partes concluir um acordo de comércio livre.
“A UE é muito clara em termos do calendário. Eu também. Deve registar-se um acordo com os nossos amigos europeus até ao Conselho Europeu de 15 de outubro, para que entre em vigor até ao final do ano”, no final do período de transição pós-Brexit, será a mensagem de Boris Johnson, segundo o seu gabinete.
“Não tem sentido pensar em prolongar este prazo”, considera. “Se não conseguirmos um acordo até lá, não vejo a possibilidade de um acordo de comércio livre entre nós”.
“Teríamos um acordo comercial com a UE semelhante ao registado com a Austrália”, amplamente menos vasto, e que na sua perspetiva representaria “uma boa saída para o Reino Unido”, que prepara as suas infraestruturas alfandegárias e portuária para semelhante cenário.
“Teríamos a liberdade de concluir acordos comerciais com todos os países do mundo. E iremos prosperar”, acrescentou, mas “deve ser sempre promovido um acordo (…). Continuaremos a trabalhar duramente em setembro para o alcançar”.
As negociações estão bloqueadas designadamente nas pescas e nas condições equitativas de concorrência.
“Mesmo neste estado tardio, caso a UE esteja preparada para repensar a sua posição (…) ficarei satisfeito”, concluiu Boris Johnson, advertindo que a Reino Unido não fará compromissos “nos fundamentos do que significa ser um país independente”.
O chamado ‘período de transição’, contemplado no Acordo de Saída negociado entre as partes e consumado em janeiro passado, termina em 31 de dezembro, mas, por questões processuais e jurídicas, as partes devem chegar a um acordo sobre as relações futuras, designadamente a nível comercial, o mais tardar até final de outubro, cenário que se afigura cada vez menos provável à luz da evolução das negociações e das recriminações de parte a parte.
Na ausência de acordo antes de 31 de dezembro, diversas empresas de transporte de carga britânicas com atividade nos portos e o fornecimento de bens essenciais para o Reino Unido poderão ser “severamente atingidos” a partir de 01 de janeiro de 2021.
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