“Recuperação vai ser lenta. Vamos piorar antes de melhorar”, avisa Costa Silva
António Costa Silva avisou esta terça-feira que a recuperação económica em Portugal será "lenta", alertando que a situação ainda vai piorar antes de melhorar.
Na apresentação dos contributos da consulta pública à Visão Estratégica, António Costa Silva avisou que a recuperação económica em Portugal será “lenta”, alertando que a situação “ainda vai piorar antes de melhorar”. E deixou um recado para os “ultraliberais”: “Não é o mercado que nos vai salvar da pandemia, é o Estado“.
“A recuperação vai ser lenta”, começou por dizer, prevendo que “vamos piorar antes de melhorar”, ou seja, “vamos entrar em decrescimento antes do crescimento“. Este aviso foi feito na apresentação do que mudou na Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 que se realiza esta terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian.
“Vamos ter empresas que não vão aguentar esta pandemia, mas temos de preservar a capacidade produtiva“, avisou, assinalando que as “empresas é que geram prosperidade, riqueza e transformam a economia”. Há “excelentes empresas no país” e “muitas ideias” no país que é preciso aproveitar. Porém, Costa Silva argumentou que é necessária uma “combinação virtuosa entre Estado e empresas”, afastando a ideia de “Estado mínimo” ou de “privatizações cegas”.
“Ainda bem que esse modelo não vingou”, confessou, criticando as “ideias ultraliberais” e dizendo que esta pandemia mostrou que é preciso investir nos serviços públicos e na modernização da administração pública. Até porque, na opinião do professor do Instituto Superior Técnico, a realidade da crise pandémica está a mostrar que “os mercados autorregulados não funcionam necessariamente para o bem público“.
Ainda assim, o conselheiro do primeiro-ministro não se inibe de criticar a administração pública, apontando que esta está demasiado orientada para pareceres e pouco para a resolução de problemas. Além disso, deixou um apelo novamente para que haja um “reporte transparente para onde vai o dinheiro público” que virá da União Europeia para a recuperação económica, dando atenção “à análise e monitorização desses próprios projetos”.
Na sua apresentação, Costa Silva referiu as adendas que fez ao documento original e sintetizou os contributos que recebeu. Contudo, “as propostas mais específicas” ficaram “à consideração dos decisores políticos” uma vez que a Visão Estratégica define o rumo, mas escolhas terão de ser feitas pelo Governo no Plano de Recuperação e Resiliência. No seu discurso, Costa Silva aproveitou para elogiar António Costa: “Temos um primeiro-ministro muito persistente, com uma visão clara sobre o futuro“, disse, referindo que “este vírus traz para o campo da governação a questão da incerteza” e que é preciso dar atenção “à relação de confiança entre as instituições e os cidadãos”.
“Este debate muito participado é por si só inspirador, mostra o interesse e a posição de muitos cidadãos e instituições na busca de um rumo para o país que possa fazer face à enorme crise económica, social e sanitária gerada pela pandemia Covid-19”, escreve Costa Silva, defendendo que a “política não pode ser feita só de rejeição e de antagonismos exacerbados”. Mas a conclusão é positiva: “A análise do debate público mostra que existe, globalmente, um consenso sobre os grandes projetos elencados no documento da Visão Estratégica“.
(Notícia atualizada às 11h27 com mais informação)
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