Pandemia levou a queda na riqueza, mas já se vê regresso a níveis pré-crise
A pandemia teve um impacto na riqueza global no início do ano, mas com as medidas extraordinárias aplicadas pelos Governos o efeito acabou por ser amenizado.
A pandemia afetou os rendimentos dos cidadãos um pouco por todo o mundo. A riqueza global das famílias caiu 17,5 biliões de dólares entre janeiro e março, revela o relatório do Credit Suisse. Ainda assim, as estimativas apontam para que o montante disponível já ronda de novo os níveis pré-pandemia no segundo trimestre.
O impacto do surto do novo coronavírus foi significativo, mas o crescimento das fortunas em 2019 deixou o mundo numa “melhor posição para absorver as perdas decorrentes da Covid-19 durante 2020”, nota o Credit Suisse, em comunicado. Naquele que foi um ano “excecional para a criação de riqueza”, a riqueza global total aumentou 36,3 biliões de dólares para 399,2 biliões.
Com a pandemia, no primeiro trimestre do ano, a riqueza das famílias caiu 4,4%. Mas, a partir de março, ações tomadas pelos Governos e bancos centrais permitiram amenizar os impactos da pandemia. Em meados do ano, a riqueza familiar já tinha subido ligeiramente face a janeiro, voltando a aproximar-se de níveis pré-crise.
No entanto, a redução do produto interno bruto (PIB) e o aumento da dívida vão resultar em danos a longo prazo, pesando no crescimento da riqueza nos próximos anos, ressalva o relatório.
O relatório nota também que durante a pandemia se verificou um aumento na taxa de poupança, devido aos confinamentos e outras restrições de gastos, ao que se somam as moratórias, que contribuíram para a queda do consumo durante o segundo trimestre de 2020. Ainda assim, isto não deverá ter um impacto muito significativo sobre a riqueza, já que as limitações nos gastos não deverão persistir a longo prazo.
Quanto às diferenças entre os países, a região mais afetada foi a América Latina, onde as desvalorizações da moeda reforçaram a queda do PIB, resultando numa redução de 12,8% no total da riqueza. Já entre as maiores economias globais, o Reino Unido viu a maior erosão relativa da riqueza. A pandemia eliminou o crescimento esperado na América do Norte e levou a perdas em todas as outras regiões, com a exceção da China e da Índia.
De janeiro a junho perderam-se 56 mil milionários
Apesar da riqueza das famílias ter começado a recuperar, a riqueza por adulto caiu. Isto levou a uma queda na riqueza global média de 0,4%, sendo que se compararmos com o crescimento que seria esperado antes da pandemia, a queda é de 7,2 biliões de dólares, ou 1.391 dólares por adulto.
Quando se olha para o número de milionários, este recuou. Depois de ter disparado no ano passado, totalizando os 51,9 milhões, a pandemia abrandou o crescimento. No final do primeiro semestre do ano, existiam menos 56 mil milionários, um número que, ainda assim, corresponde a apenas 1% dos 5,7 milhões adicionados em 2019.
No que diz respeito aqueles com um património “ultra elevado”, avaliado em mais de 50 milhões de dólares, estes também cresceram em 2019, em 11%. Mas o grupo que está no topo da pirâmide acabou por perder cerca de 120 membros durante a primeira metade deste ano, adianta o relatório.
Mulheres, millenials e minorias sofreram maior impacto da pandemia
Nem todos foram afetados da mesma forma pela pandemia. As mulheres, os millenials e as minorias terão sido os grupos que mais sofreram os efeitos do surto, nomeadamente devido à posição no mercado de trabalho e por se encontrarem principalmente nos setores mais afetados pelo confinamento e pelas restrições.
No que diz respeito às mulheres trabalhadoras, estas “sofreram desproporcionalmente, em parte por causa da alta representação em empresas e setores como restaurantes, hotéis, serviços pessoais e retalho”, que foram dos mais afetados pela pandemia, sublinha o relatório.
Quanto aos denominados millenials, com idades entre os 20 e os 40 anos, viram-se em desvantagem por várias razões, sendo uma delas as consequências da crise de 2007-08, que deixou muitos desempregados. Para além disso, os jovens, muitas vezes em trabalhos precários, foram também dos mais afetados.
Já as minorias “sofreram mais do que a média em termos de choques económicos e de saúde durante a pandemia”, salienta o Credit Suisse. Tomando como exemplo os Estados Unidos, as taxas de infeção entre as minorias são mais altas, tendência que também se nota no nível de desemprego, mais alto do que outros grupos.
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