Artista Mishima Kimiyo em Lisboa para “provocar” sociedade consumista

A exposição de uma das mais importantes artistas contemporâneas japonesas está na Galeria Sokyo."Breakable Print Matter" diz o seu público em relação aos seus trabalhos que podem ser vistos em Lisboa.

A fotografia escolhida para o artigo diz muito sobre a obra e a própria Mishima Kimiyo. Em japonês escreveu “Frágil” numa peça de cerâmica. Ou seja, o sarcasmo e sentido de humor que expressa através das suas obras, numa permanente ansiedade em relação à abundância de informação e ao consumismo de uma sociedade onde tudo é rapidamente descartado.

Começou na pintura, mas no início dos anos 1960 aventura-se nas colagens com materiais impressos como jornais e revistas, entre eles páginas da LIFE, colecionada pelo marido. Uma forma de comunicar com a sociedade, com os materiais reais do seu dia-a-dia a serem usados nas obras de arte numa clara ligação às suas vivências.

Mishima Kimiyo aprendeu a técnica da serigrafia e nos anos 70 começou a trabalhar com cerâmica, aplicando os materiais impressos numa fina camada de barro através da serigrafia. Trabalhos tridimensionais tão realistas que quase parece lixo real, o que faz com que o seu público lhes chame “Breakable print matter”.

O momento em que começou a prestar atenção ao chamado lixo diário, coincide com o período de grande crescimento económico do Japão, que tal como os Estados Unidos se torna numa sociedade de consumo. A cerâmica — central na sua obra, pela sua durabilidade — foi um dos fatores que atraiu a artista, por não mudar, por não ser reciclada, assumindo uma missão de criar objetos permanentes, que nos recordam que esses produtos não vão desaparecer.

A exposição individual que acaba de inaugurar na Galeria Sokyo, em Lisboa, inclui obras de diferentes fases da sua carreira, desde 1969 até trabalhos recentes.

 

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