Vodafone admite rever investimentos no mercado português por causa do 5G
O grupo Vodafone não ficou satisfeito com as regras do 5G e já pausou a instalação de um centro de excelência em Portugal, admitindo rever outros investimentos neste mercado.
O presidente executivo do grupo Vodafone afirmou que, se os governos pretendem uma “comunidade de investidores saudável”, então tem de haver “equilíbrio” e admitiu que vai rever os investimentos no mercado português, no âmbito do leilão 5G.
Na conferência com analistas sobre os resultados do primeiro semestre do grupo Vodafone, após ter sido questionado pelo Citigroup sobre o leilão em Portugal, Nick Read disse que pôs “em pausa” o projeto de um centro de excelência para Portugal, e teceu críticas às regras do leilão de quinta geração (5G).
“Os governos precisam de perceber que, se desejam uma comunidade de investidores saudável”, então tem de haver “um equilíbrio”, afirmou o presidente executivo do grupo Vodafone.
“Vamos continuar a litigar” contra aquilo que a Vodafone considera ser auxílios estatais, no âmbito do leilão do 5G. E enquanto fazemos isso, teremos de considerar o investimento que estamos a fazer” no mercado português, acrescentou.
Segundo o gestor, “Portugal é um bom exemplo onde a estrutura do leilão de espetro não estava a permitir uma estrutura de indústria saudável”, sem qualquer “teste de mercado, sem evidência de qualquer falha de mercado”, salientando que “estavam a ser dadas condições vantajosas aos novos entrantes, tanto em termos de baixo preço do espetro, como da não obrigação real de desenvolvimento” da rede, podendo aceder ao roaming nacional.
Vodafone “pausa” instalação de centro no país
“Dissemos: onde está o incentivo para aqueles que estão realmente a investir nos mercados? E tínhamos planeado colocar um centro de excelência com 400 FTE [postos de trabalho] em Portugal e colocámos em pausa”, continuou.
“Não vamos apoiar governantes que trabalhem dessa forma contra operadores existentes, especialmente quando estávamos lá para a crise” resultante da pandemia de Covid-19, garantiu Nick Read.
Tínhamos planeado colocar um centro de excelência com 400 FTE [postos de trabalho] em Portugal e colocámos em pausa.
Entretanto, “o regulador e o Governo mudaram as condições, melhoraram as condições“, porque agora “o novo entrante vai pagar o preço e terá de implementar rede”, disse.
“Mas na minha opinião, na opinião da minha equipa, [as regras do leilão] não foram longe o suficiente. Continuamos a acreditar que se trata de um auxílio estatal e continuamos a acreditar que viola a legislação europeia das telecomunicações”, por isso a Vodafone vai continuar a litigar.
Defendendo a necessidade de ser criada uma “estrutura de mercado saudável”, Read explicou que ser saudável significa que os acionistas precisam de obter o retorno adequado”.
Por isso, o grupo Vodafone irá aplicar capital onde vir os governos “a apoiar esse princípio”, o que pode ser interpretada como uma mensagem para o executivo português.
Nick Read disse que o grupo tem estado “ativamente envolvido com a Comissão Europeia” sobre o setor, recordando que teve encontros recentes com os comissários europeus Breton e Vestager.
“Teremos uma nova reunião do setor dentro de algumas semanas sobre o que torna uma estrutura da indústria saudável e o que precisamos que seja facilitado […], eles [Bruxelas] estão a ouvir porque entendem a importância crítica da conectividade se quiserem uma sociedade digital”, referiu.
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