Empresários defendem aposta na requalificação de gestores e trabalhadores
Os empresários chamam à atenção para a "excessiva dependência" do tecido empresarial em pequenas e médias empresas. Defendem a requalificação dos gestores e trabalhadores das empresas.
Portugal tem uma “excessiva dependência” do tecido empresarial baseado em pequenas e microempresas (PME), pelo que os empresários consideram ser necessária uma mudança. Defendem a aposta da internacionalização das marcas, mas também na requalificação dos gestores e dos muitos trabalhadores.
Um dos entraves à reindustrialização das empresas é, segundo Sara do Ó, o facto de haver em Portugal uma “excessiva dependência” do tecido empresarial português “focado em PME”, destacando que 99% das empresas no país são PME, sendo “que 94% são microempresas”, que “têm menos de 10 trabalhadores” e enfrentam grandes dificuldades para gerir os seus negócios.
“A maior parte destas empresas têm capitais próprios negativos, portanto como é que se fala de reindustrialização ainda mais neste fase onde as empresas estão em efeito dominó, quando estão com problemas gravíssimos de cash-flow e liquidez?“, questionou a CEO do grupo YOUR, na conferência “Fábrica 2030”, organizada pelo ECO .
Ainda assim, apesar deste clima de “incerteza”, a CEO do grupo YOUR sublinha que há “vocação”, bem como “uma vontade imensa” por parte dos empresários de continuar a empreender, “mas há uma grande necessidade de consistência” e não apenas “de políticas”, defende, alertando que “a pandemia é temporária, mas a recuperação económica não”. A “certeza de ter um caminho” e a “esperança da aplicação dos fundos comunitários”, são, por isso, a seu ver, o que motiva os empresários nesta altura. Ainda assim, Sara do Ó avisa que é necessário que haja “ajuda na gestão” destas verbas e que estas sejam “canalizadas para formação aos gestores” bem como aos “pequenos empresários”.
Também o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), considera que Portugal tem empresários que “têm capacidade de se reinventar” e resistir à pandemia. Mas tal como Sara do Ó, Luís Miguel Ribeiro defende uma aposta na formação nomeadamente, no que toca a “qualificar e requalificar os colaboradores das empresas”, mas também dos gestores. [Os empresários] têm cada vez mais a noção de que precisamos de ter um processo de aprendizagem contínuo, porque os desafios que hoje temos exigem cada vez mais preparação de todos nós”. Ao mesmo tempo, o responsável lembrou que é necessário criar uma estrutura empresarial que seja capaz de interagir e “partilhar sinergias”.
Por outro lado, o presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) considera que é fundamental que as marcas portuguesas ganhem maior “visibilidade global”. “É isso que acho que falta realmente no setor da moda, é podermos ter realmente alguns players importantes que possam definir estratégias de moda”, de modo a que “Portugal seja visto de uma vez por todas”, não só como “um país produtor de produtos de exceção e qualidade“, disse Luís Onofre.
Segundo o designer “há um sentimento de descrença nas politicas europeias”, pelo que insta a Europa que “acredite na indústria europeia”. Neste contexto, Luís Onofre defende “um apoio à internacionalização”. “Devemos criar, com os mecanismos que temos, condições para que as marcas portuguesas consigam aterrar no terreno de uma força que não seja forçada, mas ao mesmo tempo, com uma força e intensidade que os portugueses têm”, explicou.
Dado o contexto atual, Miguel Cardoso Pinto considera que “a resiliência é fundamental para sobrevivência no curto-prazo” das empresas. Diz que o contexto obriga a “uma certa bipolaridade às organizações”, não só para serem capazes de sobreviver, mas também “serem capazes de criar um ponto vista próprio sobre o que será o futuro”. Para o presidente da presidente da EY Parthenon, as empresas vão precisar de “reinventar os negócios” passando pela “inovação, transformação digital e pela criação de competências”, já que “o que vamos ter à frente vai ser muito diferente” do momento atual.
Quanto ao Banco de Fomento, a expectativa dos empresários é grande, esperando que esta instituição tenha a capacidade de pensar “fora da caixa”, “avaliar o terreno” e que integrem “pessoas com capacidade de ir ao detalhe”, para analisar as maiores fragilidades das empresas. : “Espero que o Banco de Fomento venha colmatar essa necessidade de assumir risco”, defendeu Luís Onofre.
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