Web Summit: Bruxelas vê Portugal na “pole position da transição energética”
Para Frans Timmermans, “Portugal é uma das forças motrizes do Pacto Ecológico Europeu”, referindo os “ativos incríveis” de que o país dispõe para levar a cabo a transformação energética.
O vice-presidente executivo da Comissão Europeia encarregado do Pacto Verde Europeu, Frans Timmermans, colocou Portugal no grupo de topo dos países europeus envolvidos no processo de transição energética e no desenvolvimento da tecnologia de hidrogénio.
“Portugal é uma das forças motrizes do Pacto Verde Europeu, tem uma população ávida e conhecedora de tecnologia e dispõe de todas as condições para estar na ‘pole position’ da transição energética, pois tem sol, vento e mar, que são os recursos naturais mais importantes para o desenvolvimento das energias verdes”, declarou o dirigente europeu, numa intervenção na abertura Web Summit dedicada ao tema “O futuro da União Europeia é verde”, elogiando o “empenho geral” da sociedade portuguesa.
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Sublinhando o “encorajador” plano de recuperação de Portugal para a crise provocada pela pandemia de Covid-19, Frans Timmermans salientou o contributo que Portugal pode dar no setor do hidrogénio, uma das apostas do plano do Governo, numa entrevista conduzida por por Mariana Barbosa, editora do ECO.
“Portugal, juntamente com Holanda e Alemanha, já tem uma experiência de alguns anos no hidrogénio, onde todos querem agora estar, e está muito interessado em avançar com os projetos do hidrogénio, sendo um ‘player’ destacado no desenvolvimento desta tecnologia”, frisou, deixando um alerta para o projeto: “É preciso concentrar em planos transfronteiriços para criar uma rede de energia europeia sustentável, neste caso com o hidrogénio”.
De acordo com o responsável do Pacto Verde Europeu, a pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 veio confrontar as pessoas com a sua “vulnerabilidade coletiva” e reforçou a necessidade de combinar o atual desafio com a resposta à crise ambiental, num desafio de proporções inéditas para a solidariedade europeia.
“A transição verde só vai funcionar se for também uma transição social. Se as pessoas pensarem que é algo apenas para ricos ou para jovens, não funciona. A tecnologia é algo complicada, mas deve tornar a vida das pessoas mais simples. Todos têm de fazer a sua parte e ninguém vai ficar para trás”, explicou.
Timmermans centrou a aposta europeia em três pilares: a renovação habitacional de milhões de edifícios nos estados-membros, a evolução para meios de transporte mais sustentáveis e uma reforma agrícola orientada para a digitalização e com integração de inovações tecnológicas.
O vice-presidente executivo da Comissão Europeia para o Pacto Ecológico Europeu disse, durante uma curta entrevista no âmbito da conferência tecnológica Web Summit, que “ninguém pode ficar para trás” com a transição verde.
No primeiro dia da Web Summit – que, este ano, devido à pandemia, acontece em formato exclusivamente virtual –, o holandês Frans Timmermans repetiu a ideia umas três vezes, ao longo da conversa com a jornalista portuguesa do ECO: “Ninguém pode ficar para trás”.
Sublinhando que “os investimentos têm de ser orientados para o futuro”, o comissário insistiu que a transição verde “não pode ser só para os ricos ou só para os jovens” e que “é decisivo” abarcar toda a gente.
Frans Timmermans reconheceu que é natural que a Covid-19 preocupe os cidadãos europeus, mas recordou que a pandemia “não fez desaparecer as alterações climáticas”, cujos efeitos continuam a ameaçar a biodiversidade e a humanidade.
Por outro lado, destacou, a pandemia levou as pessoas a perceberem que “há algo de errado na forma como nos relacionamos com o ambiente” e que é necessário encontrar um reequilíbrio e “viver de forma mais saudável”.
Mesmo nas cidades, as pessoas perceberam rapidamente, durante o confinamento, como é importante ter ar puro e espaços verdes, notou.
A pandemia levou os europeus a confrontarem-se com a sua “vulnerabilidade coletiva”, reflete. E, apesar de não o terem feito logo, desde o início, perceberam agora que são “mais fortes quando agem juntos, enquanto europeus”. A propósito da Web Summit, Frans Timmermans destacou o contributo da inovação para a transição verde. “A tecnologia é complicada, mas é suposto facilitar-nos a vida”, disse.
Redução de emissões, novas políticas energéticas, mudanças nos transportes, veículos elétricos, painéis solares, reforma da Política Agrícola Comum – as metas são muitas e diversificadas, mas todas precisam de tecnologia para acontecerem.
“A digitalização vai desempenhar um papel muito importante, mas tem de ser combinada com o ambiente”, frisou.
O líder europeu vê em Portugal um exemplo “encorajador” do ponto de vista ambiental e energético.
“Portugal é uma das forças motrizes do Pacto Ecológico Europeu”, assinalou, referindo os “ativos incríveis” de que o país dispõe para levar a cabo a transformação.
“A única coisa que lhe falta é centralidade [geográfica] e, por isso, tem de apostar em conectar-se ao resto do mundo”, realça.
Os recursos naturais (sol, vento, mar) “colocam Portugal na ‘pole position’ [primeira posição] para a transição energética”, assevera, mencionando o caso concreto do hidrogénio, “uma enorme oportunidade [para Portugal], porque já tem alguma experiência” no assunto.
Considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo, a Web Summit arrancou hoje e decorre até 04 de dezembro, pela primeira vez totalmente online, esperando “um público estimado de 100 mil” pessoas.
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