Portugal tem poucos trabalhadores a ganharem menos do que média. Mas a média é baixa
Escalada do salário mínimo leva a uma aproximação do vencimento médio. Contexto põe Portugal como o segundo país da UE com menos pessoas a receberem aquém da média.
Portugal é o segundo país da União Europeia (UE) com a menor percentagem de trabalhadores a ganhar salários baixos, revelam dados do Eurostat relativos a 2018. No país, apenas 4% dos trabalhadores recebem dois terços ou menos do rendimento médio, o que se explica pelo facto de o salário mínimo estar a crescer a um ritmo mais acelerado que a média.
O salário mínimo nacional tem vindo a crescer no país, sendo que aumentou com o Governo de António Costa mais do dobro do que a remuneração média. Em cinco anos, a retribuição mínima garantida cresceu quase 26% para o valor em vigor atualmente (passando de 505 euros mensais em 2015 para 635 euros em 2020), enquanto a remuneração base média cresceu 11,5% nestes cinco anos, evoluindo de 913,9 euros, em 2015, para 1.019 euros, em setembro de 2020.
Em 2018, o ano em análise nestes dados, o salário mínimo nacional tinha dado um salto de 23 euros para 580 euros. De notar que, segundo os dados agregados pela Pordata, nesse ano, eram 22,1% os trabalhadores dos vários setores económicos em Portugal que auferiam o ordenado mínimo mensal.
A trajetória de subida da remuneração mínima garantida no país tem continuado nos últimos anos, sendo que para o próximo ano, está na calha mais um salto do salário mínimo nacional, sendo a proposta do Governo um aumento de 30 euros para 665 euros.
Esta evolução faz com que na comparação com os países da UE, no número de funcionários que recebem menos, atrás de Portugal fique apenas a Suécia — país onde os vencimentos são substancialmente superiores. Aí, os funcionários que recebem salários baixos, face à média nacional, representam 3,6% do total, segundo os dados do gabinete de estatísticas da UE.
No extremo oposto encontram-se os países bálticos, que ocupam o pódio dos Estados-membros com mais trabalhadores a receber pouco. Na Letónia, mais de um quinto, 23,5%, auferem salários baixos.
Já quando se olha para a UE, 15,3% de todos os trabalhadores do bloco recebiam salários baixos, em 2018, percentagem que compara com 16,4% em 2014, tendo assim registado uma queda. Quanto à caracterização destes trabalhadores, muitos são jovens, sendo que entre aqueles com menos de 30 anos, mais de um quarto (26,3%) recebiam menos do que a média.
Segundo os dados do Eurostat, é também possível perceber que quanto mais baixo o nível de educação de uma pessoa, maior a probabilidade de ganhar pouco. Cerca de 27,1% dos trabalhadores da UE com baixo nível de escolaridade recebiam salários baixos.
No que diz respeito ao setor com mais trabalhadores nesta situação, é no alojamento e restauração que mais pessoas (39% do total da área) recebiam menos. Seguem-se as atividades de serviços administrativos e de apoio, que incluem as pessoas empregadas por agências provisórias.
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