Decisão de descontinuar refinação em Matosinhos é “complexa e difícil”
Refinaria de Matosinhos vai manter a sua atividade enquanto infraestrutura logística. O encerramento foi, nas últimas décadas, equacionado em algumas ocasiões.
A Galp disse esta segunda-feira aos trabalhadores que a decisão de descontinuar a refinação em Matosinhos é “complexa e difícil” e ocorreu “depois de muita ponderação”, mas torna-se “inevitável em face da ausência de resiliência e sustentabilidade” do atual contexto.
“É uma decisão complexa e difícil que ocorre depois de muita ponderação, mas torna-se inevitável em face da ausência de resiliência e sustentabilidade perante o contexto em que estamos inseridos”, refere a Galp numa nota interna aos trabalhadores, a que a agência Lusa teve acesso.
Segundo a empresa, ao longo dos últimos meses foram desenvolvidos vários estudos e testadas alternativas para o desenvolvimento e a adaptação do aparelho refinador aos desafios regulatórios, incluindo fiscais e parafiscais, de mercado e tecnológicos que emergem do atual contexto.
“Analisadas as diversas opções e ponderados os impactos supervenientes, foi decidido concentrar a atividade de refinação na Refinaria de Sines, dando início ao processo de descontinuação das operações de produção da Refinaria de Matosinhos, mas mantendo a sua atividade enquanto infraestrutura logística”, indica.
“Prosseguiremos com o estudo de utilizações alternativas para a estrutura industrial de Matosinhos assim como concluiremos a avaliação do desenvolvimento de projetos de adaptação de unidades da Refinaria de Sines com vista a aumentar a sua preparação e competitividade futura, incluindo a integração de produção de biocombustíveis avançados”, refere.
Segundo a Galp, a decisão de encerrar a refinaria de Matosinhos foi, nas últimas décadas, equacionada em algumas ocasiões.
“No âmbito do plano de implementação daremos naturalmente prioridade a promover as soluções mais adequadas para as pessoas”, refere.
“Continuaremos a trabalhar em conjunto para encontrar outros caminhos, com realismo e com a consciência de que há trabalho pela frente, mantendo-se o propósito de continuarmos a desenvolver uma empresa líder internacional no setor da energia”, conclui.
A Galp anunciou esta segunda-feira, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano.
Em comunicado também enviado esta segunda-feira, o Governo considera que a decisão da Galp de descontinuar a refinação em Matosinhos “levanta preocupações” em relação ao destino dos trabalhadores, mas lembra que as medidas anunciadas se inserem num processo que visa a descarbonização do setor energético.
O Ministério do Ambiente e da Ação Climática manifesta-se disponível para se reunir com a Galp e com as estruturas representativas dos trabalhadores, “exigindo da empresa todo o empenho e sensibilidade social para procurar soluções para o futuro próximo”.
Na semana passada, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (Site-Norte) já tinha alertado para a “incerteza” quanto ao futuro da refinaria de Matosinhos da Galp, após a suspensão da produção de combustíveis e a desativação da monobóia. O sindicato exige “a retoma plena da atividade da fábrica de combustíveis, pois os avultados investimentos que aí foram realizados são o garante do emprego, da criação de riqueza e do desenvolvimento da economia regional e do país”.
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