Futuro da refinaria da Galp de Matosinhos poderá passar pelo lítio
O Ministro do Ambiente quer que a refinaria da Galp faça parte da transição energética. O ECO/Capital Verde sabe que uma das opções pode passar pela refinação de lítio que arrancará nos próximos anos.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, reagiu esta segunda-feira ao anúncio do encerramento antecipado da refinaria de combustíveis da Galp em Matosinhos mostrando-se “muito preocupado e muito atento” ao futuro dos 400 a 500 trabalhadores da unidade industrial. “Caso os trabalhadores e a Galp o entendam — não têm de o entender –, o Ministério do Ambiente está completamente disponível para participar num destino justo para o futuro dos trabalhadores que vão ser afetados com esta decisão. Existem fundos de Bruxelas para isso”, anunciou.
E deixou um recado claro à petrolífera: “O Governo não pode deixar de exigir à Galp que tenha aqui um papel de grande justiça perante os trabalhadores”.
Quanto ao futuro da própria refinaria, o responsável quer que a mesma faça parte da transição energética, mas não concretizou que projetos poderão lá morar no futuro. O ECO/Capital Verde sabe que uma das opções pode passar pela refinação de lítio que vai arrancar nos próximos anos no norte do país.
“A porta está aberta para reunirmos com a Galp e com os trabalhadores. Da mesma forma que também está aberta a porta para que seja rentabilizado aquele grande ativo industrial que ali existe. O centro logístico que ali virá a ser construído não só aproveitará uma parcela dos trabalhadores como uma parcela do espaço. Pela localização que tem, pelo passado industrial que tem, pela proximidade ao porto de Leixões, estão ali um conjunto vasto de ativos e de terrenos que poderão ser muito importantes para a transição energética com outros projetos industriais diferentes da refinação do petróleo”, disse Matos Fernandes em declarações aos jornalistas.
Questionado sobre se o lítio seria uma boa hipótese para o futuro de Matosinhos, o ministro respondeu: “Há uma coisa que sei: Portugal vai ter uma refinaria de lítio, mas não posso estar aqui a discutir as intenções de empresas privadas”.
E rematou: “A preocupação com o destino profissional daquelas centenas de homens e mulheres é da maior importância”, disse o ministro, prometendo que não deixará “de olhar com mais atenção para este problema em concreto”, dado que foi presidente do Porto de Leixões e tem uma “relação” muito próxima com a região.
“O Fundo para a Transição Justa da UE tem como objetivo de acautelar o futuro destas pessoas. Em boa hora o Governo português, quando confrontado com um valor de 200 milhões de euros que se destinava apenas às centrais e às regiões do carvão, como Sines que encerra agora em janeiro, achou que devia alagar geograficamente o apoio, incluindo também as atividades de refinação“, sublinhou.
Será no final do primeiro semestre de 2021 que Portugal saberá então ao certo como será feita a afetação das respetivas verbas de 200 milhões do Fundo de Transição Justa a cada um dos locais e a cada um dos projetos: a requalificação da central a carvão de Sines da EDP e da refinaria da Galp, em Matosinhos.
Sobre a possibilidade de pegar nestes trabalhadores da refinação de combustíveis fósseis, a par dos das centrais a carvão, e requalificá-los para trabalharem nas energias renováveis, o ministro lembrou que estas “lançam outros desafios profissionais e já criaram 10.000 postos de trabalho em Portugal”.
Na abertura do Green Economy Forum 2020, do ECO/Capital Verde, o secretário de Estado da Energia, João Galamba, tinha já revelado que o Governo quer apostar na formação de profissionais para o setor energético do futuro, com salários mais elevados.
O Governo vai lançar um programa de formação profissional específico para a transição energética, tendo em conta os mega investimentos a realizar no setor energético do futuro que em vez do petróleo e gás importado será baseado em recursos renováveis endógenos e nas suas respetivas necessidades de formação.
“Estamos [o Ministério do Ambiente e da Ação Climática] já a trabalhar com o Ministério do Trabalho. Se as coisas forem bem feitas, pode haver boas notícias para os trabalhadores. Não estamos só a falar de volume de emprego, mas de potencial qualitativo e até de aumento de salários”, disse Galamba.
O ministro deixou claro esta segunda-feira que o encerramento da refinaria de Matosinhos é uma decisão de uma empresa privada e que não põe em causa o compromisso da Galp de continuar a investir em Portugal e em ser “uma empresa de energia, que vai sair cada vez mais do petróleo e gás e investir noutras fontes de energia renovável”, onde os biocombustíveis e os gases renováveis continuarão a ser alvo de investimento.
Sobre o futuro da unidade industrial de Leça da Palmeira, diz o governante, vai-se manter o centro de distribuição logística, a utilização do porto de Leixões, o abastecimento ao aeroporto, às bombas de gasolina da região norte. “Tudo isto vai continuar incólume com esta transformação”, garante.
(Notícia atualizada com mais informações)
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