Receitas turísticas devem cair 57% em 2020 para 8 mil milhões de euros
As receitas do transporte aéreo de passageiros deverão apresentar uma quebra na ordem dos 60% em 2020, segundo a Confederação do Turismo de Portugal.
A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) estimou esta segunda-feira que as receitas turísticas devem situar-se nos 8.000 milhões de euros em 2020, menos 57% face a 2019, devido à pandemia de covid-19.
As receitas do transporte aéreo de passageiros deverão apresentar uma quebra na ordem dos 60%, atingindo cerca de dois milhões euros, assinala em comunicado a CTP, adiantando que se prevê assim um “impacto negativo” da ordem dos 10 mil milhões de euros no saldo das contas externas de Portugal.
Este impacto coloca em causa “o equilíbrio das contas externas obtido nos últimos anos com a contribuição decisiva do turismo”, sublinha a CTP. A CTP estima ainda uma quebra de dormidas na ordem dos 65% a 70% no ano passado, com os proveitos totais da hotelaria, alojamento local, turismo no espaço rural e turismo habitação a registarem uma quebra na ordem dos 3.000 milhões de euros.
No comunicado refere ainda que o movimento de passageiros nos aeroportos nacionais sofrerá “uma quebra idêntica” em termos de percentagem e no que respeita aos passageiros de cruzeiros marítimos as quebras serão superiores a 80%. Quanto à atividade do rent-a-car ligeiros de passageiros esta deverá também diminuir entre 65% a 70%, sendo que na componente turística a quebra será na ordem dos 80%.
Citado no comunicado, o presidente da CTP, Francisco Calheiros, considera que “apesar do processo de vacinação, já em curso em Portugal e nos principais mercados emissores da União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos, entre outros, e da imunidade dos já infetados”, Portugal vai “ter de viver com o vírus ainda em 2021, pelo menos”.
Alerta para a importância de serem criadas as condições para “acelerar o início da retoma do turismo e da economia”, através do “estabelecimento de padrões internacionais comuns para as viagens que em conjunto com as medidas sanitárias nos destinos devolvam a confiança aos turistas”.
“É crucial manter a oferta turística para poder captar a maior quota possível da retoma do turismo internacional. Acreditamos que o destino Portugal mantém toda a sua capacidade de atração e que poderá inclusive ser beneficiado em termos de preferência dos turistas no contexto dessa retoma”, salientou o responsável.
De acordo com a CTP, o turismo foi “o motor da recuperação económica de Portugal no período pós resgate financeiro de Portugal em 2011 e o impacto nas exportações foi decisivo para o superavit das contas externas até 2019”. E prossegue: “Em 2020 o turismo, na expectativa de mais um ano de crescimento em resultado da afirmação do destino Portugal nos mercados mundiais, foi confrontado com o impacto da pandemia de covid-19”.
“De um cenário inicial de uma crise de três meses com retoma da atividade a partir do princípio do verão, passou-se à realidade de uma crise que dura há mais de nove meses e que está longe de chegar ao fim”, lembra.
A CTP lembra ainda que “assumiu desde a primeira hora ser parte da solução, é esse o seu espírito e determinação”. E realça que “tem vindo a dialogar” com os seus associados e com o Governo no sentido de “contribuir para encontrar soluções” para fazer face às adversidades com que o turismo “tem sido confrontado”.
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