Ferro diz que Marcelo teve “comportamento exemplar” para com a geringonça
O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, considera que Marcelo Rebelo de Sousa teve um "comportamento exemplar" para com a geringonça. Se não for reeleito, será uma "aventura".
Eduardo Ferro Rodrigues, ex-líder do PS e atual presidente da Assembleia da República, considera que não existe “nenhum problema” em ter um Presidente da República de direita. Seria uma “aventura” caso Marcelo Rebelo de Sousa não fosse reeleito, diz. Em entrevista ao podcast do PS “Política Com Palavra” divulgada esta quinta-feira, o socialista considera que o atual Presidente da República teve um “comportamento exemplar” para com a geringonça.
Para o atual presidente da Assembleia da República, cargo que ocupa desde 2016, o Presidente da República “teve um comportamento exemplar para com a coligação informal, também chamada de geringonça“. Apoiante declarado de Marcelo, Ferro Rodrigues considera que “seria uma aventura que não continuasse como Presidente da República neste contexto”.
Confiante de que a atitude de colaboração de Marcelo vai continuar no segundo mandato — no qual os Presidentes costumam ser mais interventivos e duros –, o ex-líder do PS desvaloriza o facto de este vir do PSD: “Não tem nenhuma espécie de problema”. “Nestas eleições presidenciais não há problema de esquerda contra direita, há um problema de conseguirmos ter alguém na Presidência da República que em cooperação com o Governo, faça avançar o país e sair desta fase tremenda”, argumenta Ferro.
Apesar de apreciar a colaboração, o presidente da AR também reconhece que “é óbvio que o Presidente da República não pode ter uma posição apenas de seguidismo em relação ao Governo“. “Quando tem uma posição crítica em relação ao Governo, ou a este ou aquele ministro, deve transmitir, e sei que transmite sempre primeiro ao primeiro-ministro, e só depois publicamente”, nota.
Maior preocupação tem em relação à abstenção, admitindo que “será difícil que haja uma votação muito grande”. “O que me parece muito fraco, e devia ser muito mais forte, é o apelo geral para a votação e mobilização para as presidenciais e aí, a Comissão Nacional de Eleições devia ter um papel muito ativo, um papel de promoção das eleições bastante mais forte do que tem tido até agora”, critica, referindo também que os partidos sem candidato próprio também têm “a obrigação cívica e democrática de promover a ida às urnas no dia 24 de janeiro”.
Ferro afasta crise política e Governo de direita dependente do Chega
Ferro recusa-se a criticar Marcelo por ter dado posse (através do representante da República nos Açores) a um Governo do PSD com o apoio parlamentar do Chega. Caso isso se coloque a nível nacional, tal não “depende” de Belém, mas sim dos portugueses. “Confio que isso [uma maioria de direita dependente do Chega] não vá acontecer“, antecipa, até porque afasta o cenário de uma crise política e de antecipação das eleições legislativas.
“Um Governo que é minoritário e que depende de votações na Assembleia da República pode sempre ter um acidente de percurso e haver uma demissão. Mas isso não gera necessariamente e imediatamente eleições antecipadas“, argumenta Ferro Rodrigues, antecipando que não haverá crise política por iniciativa do Presidente da República se Marcelo continuar.
Ferro Rodrigues antecipa que “só poderá haver uma crise política se entretanto a situação económica e social se degradar muito e as sondagens mudarem muito em relação àquilo que são neste momento“. Caso contrário, “ninguém quererá uma crise política, porque pode-se ir buscar lã e sair tosquiado”, assinala, pedindo aos partidos para pensarem “sobretudo” no interesse nacional neste momento “tão grave”.
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