Administrador cessante da TAP realça reestruturação financeira que encabeçou
Raffael Quintas recordou que “a posição financeira da TAP era bastante frágil" quando assumiu “a área financeira" da empresa, numa missiva enviada aos colaboradores.
O administrador financeiro da TAP, Raffael Quintas, que renunciou esta sexta-feira a todos os cargos, realçou a reestruturação financeira que diz ter acontecido na companhia durante o seu mandato, numa mensagem enviada aos colaboradores.
Na missiva, a que a Lusa teve acesso, o gestor, que foi nomeado pela anterior gestão, recordou que “a posição financeira da TAP era bastante frágil” quando assumiu “a área financeira, com uma situação de tesouraria significativamente menor do que seria o recomendado para o setor aéreo, agravado pelo fato de o vencimento médio das dívidas da TAP ser inferior a dois anos”.
“Além disso, a TAP não possuía crédito com a banca e tinha dificuldades em financiar-se no mercado internacional”, salientou.
Por isso, “a equipa financeira colocou em prática um plano de ação para reestruturar o balanço e melhorar de forma significativa a liquidez da TAP”, disse Raffael Quintas, destacando a “abertura de linhas de crédito com bancos internacionais que nunca tinham financiado a TAP”.
O gestor relembrou ainda a “captação de 575 milhões de euros através de duas emissões de obrigações no mercado de capitais, sem garantia e com prazos bastante alargados”, que marcou “a estreia da TAP no mercado de capitais, despertando o interesse dos maiores fundos de investimento do mundo”.
Com estas medidas, garantiu, “a TAP terminou o ano de 2019 com a maior caixa de sua história e, mais importante, conseguiu alongar o prazo médio da sua dívida, de apenas dois anos para mais de cinco anos, já que boa parte dos recursos levantados foi utilizada para pagar dívidas de curtíssimo prazo que impunham uma pressão enorme à tesouraria da empresa”.
“Não tenho a menor dúvida de que os eventos acima foram de fundamental importância para conseguirmos sobreviver à maior crise da história da aviação”, escreveu Raffael Quintas.
“Antes da reestruturação do balanço, tínhamos que amortizar mais de 300 milhões de euros em dívida nos anos de 2020 e 2021. Após o refinanciamento, esse valor desceu para menos de 100 milhões de euros (após pré-pagamento da dívida com a banca portuguesa em fevereiro de 2020)”, de acordo com a mensagem.
Raffael Quintas disse ainda que “a área de planeamento financeiro da TAP foi reestruturada para atuar de modo muito mais estratégico, implementando um conjunto de mecanismos de intensificação de ‘controle’ e suporte às áreas de negócio e gestão da empresa”.
O gestor destacou “a reestruturação da TAP ME Brasil fazendo com que, após anos de prejuízos, esta empresa tenha apresentado, pela primeira vez desde a sua aquisição em 2005, resultados positivos em 2019” e a “redução do CASK (custo por assento km) em 2019 em -9%, representando uma economia para a empresa de mais de 300 milhões de euros em custos operacionais”.
“Quem atinge estas metas uma vez, poderá alcançá-las sempre, em equipa, com compromisso e competência. É na colaboração e no coletivo que está a base da saída da crise e da retoma e viabilidade da empresa”, salientou.
“Por isso tenho a firme esperança de que, a par da erradicação da pandemia e da retoma da aviação e da economia, a TAP retome, igualmente, o caminho da eficiência e da sustentabilidade, com a segurança e a paixão de sempre”, rematou Raffael Quintas.
Raffael Quintas foi nomeado pelos anteriores acionistas da TAP, onde ocupava ainda o cargo de administrador financeiro (CFO – Chief Financial Officer).
Assim, “Raffael Guarita Quintas Alves apresentou a sua renúncia ao cargo de vogal do Conselho de Administração da TAP, com efeitos na presente data”, indicou a transportadora, acrescentando que o gestor renunciou igualmente “aos demais cargos por si assumidos na estrutura administrativa das restantes entidades que compõem o grupo TAP”.
No dia 8 de janeiro, o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), que tinha estado reunido com a TAP, deu conta do “anúncio da saída de mais um elemento da Comissão Executiva”. Fonte do sindicato confirmou depois à Lusa que o administrador em causa era Raffael Quintas.
“Muito alertou o Sitava que este senhor administrador colocado pelos anteriores acionistas, por razões meramente éticas, há muito que devia ter sido substituído”, lê-se na mesma nota.
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