Só Guterres e Cláudia Azevedo representam Portugal em Davos
Governo português não vai estar presente no encontro virtual de Davos que arranca esta segunda-feira. As empresas que costumam marcar presença estão a avaliar a participação no encontro em Singapura.
O Governo português, apesar de assumir a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, é o grande ausente do Fórum Económico Mundial de Davos, que arranca esta segunda-feira em modo totalmente digital. A presença portuguesa será assegurada por António Guterres, na qualidade de secretário-geral das Nações Unidas, e por Cláudia Azevedo, CEO da Sonae SGPS.
Cláudia Azevedo vai ser oradora, terça-feira, de um painel sobre a reorientação dos conselhos de administração das empresas para o longo prazo. A filha de Belmiro de Azevedo vai ajudar a refletir sobre “a pressão que acionistas e stakeholders exercem para que os conselhos de administração apresentem resultados financeiros de forma responsável e focada no ambiente e saúde da empresa a longo prazo”.
Que passos concretos podem dar os líderes empresariais para criar um mundo empresarial mais focado nos stakeholder? Esta é uma das perguntas a que Cláudia Azevedo vai tentar responder em conjunto com Jean Raby, presidente executivo do Natixis; André Hoffmann, chairman do Massellaz; Masayuki Hyodo, presidente e CEO da Sumitomo Corporation; Paul Bulcke, chairman da Nestlé e Adam Robbins, responsável pelas iniciativas futuras de investimento do Fórum Económico Mundial.
A reunião anual do Fórum de Davos, presencial, foi adiada para maio e o cenário não serão os tradicionais Alpes Suíços, mas sim Singapura. Empresas que tradicionalmente marcam presença neste get together entre os principais líderes internacionais, empresários e diferentes entidades estão ainda a avaliar a participação no país asiático. É o caso da Galp, EDP e Jerónimo Martins que, por diferentes razões, não vão estar presentes na reunião virtual desta semana, confirmou o ECO.
Mas além da ausência das empresas também o Governo português não marca presença. O ECO contactou o gabinete do primeiro-ministro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Ministério da Economia e o Ministério das Finanças e nenhum tem na agenda uma participação no Fórum de Davos. Uma opção que contrasta com a participação do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, a ministra espanhola dos Negócios Estrangeiros, Arancha González e Teresa Ribera, ministra da Transição Ecológica, que têm todos lugar em painéis do evento. Uma participação que iguala, por exemplo, a de responsáveis do Governo brasileiro.
O encontro desta semana tem como tópico central “um ano crítico para restaurar a confiança”, que é dividido em três subtemas: “Covid-19, clima e cooperação”. De acordo com a edição de 2021 do “Global Risks Report” do Fórum Económico Mundial, publicado na terça-feira, as epidemias e o aumento da pobreza são as variáveis que mais ameaçam a estabilidade mundial, assim como os possíveis desastres meteorológicos nos próximos dois anos.
Num horizonte de três a cinco anos, os riscos mais citados são económicos: a explosão de bolhas financeiras alimentadas nos últimos anos pela generosidade dos bancos centrais, falhas de infraestruturas tecnológicas globais e preocupações com a estabilidade de preços no futuro.
O encontro será ainda marcado pela segunda intervenção do Presidente chinês, Xi Jinping, que, apesar da pandemia conseguiu um crescimento de 2,3%. Foi a única grande economia que terminou o ano com um resultado positivo depois de praticamente conter a epidemia de Covid-19 no país.
A edição de 2020 foi dominada por Donald Trump, mas Joe Biden, que acabou de tomar posse, não vai participar. Mas outros líderes de países europeus estarão presente, como Alemanha, França, Itália e Espanha, assim como alguns Estados emergentes, como Argentina, Costa Rica, Colômbia, África do Sul, Gana e Ruanda.
A União Europeia (UE) estará representada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. Também participarão na cimeira virtual o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, e seu homólogo indiano, Narendra Modi, assim como os presidentes da Coreia do Sul, Moon Jae-in, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e do rei Abdallah da Jordânia.
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