Portugal em 63.º lugar em classificação de países na resposta à pandemia
O estudo do instituto australiano Lowy coloca a Nova Zelândia em primeiro lugar (com uma 'nota' de 94,4 valores em 100), o Vietname em segundo e Taiwan em terceiro.
Portugal ocupa o 63.º lugar numa classificação da resposta à pandemia da Covid-19 em 98 países, de acordo com um estudo publicado esta quinta-feira pelo instituto australiano Lowy.
O estudo, que coloca a Nova Zelândia em primeiro lugar (com uma ‘nota’ de 94,4 valores em 100), o Vietname em segundo e Taiwan em terceiro, dá a Portugal uma avaliação de 38,9 valores, imediatamente abaixo de países como Canadá e Israel. Depois de Portugal surgem países como Bélgica (35,6), França (34,9), Rússia (32) e Espanha (31,2 valores).
Os Estados Unidos (17,3 valores), Irão (15,9 valores), Colômbia (7,7 valores), México (6,5 valores) e Brasil (4,3 valores) são os países com piores respostas à pandemia, indicou o mesmo estudo. O estudo não incluiu a China por considerar não ter dados suficientes, de acordo com o instituto.
Um think thank sobre temas globais, com destaque para questões de política externa, defesa, assistência ao desenvolvimento e jornalismo, entre outros, o instituto Lowy analisou os dados nos 98 países nas 36 semanas seguintes à confirmação do 100.º caso da Covid-19.
Os dados, atualizados até 9 de janeiro, centraram-se em números de casos e mortes confirmadas, tanto em valores absolutos como por milhão de habitantes, o número de testes e o número de casos confirmados por testes realizados. Uma elevada taxa de mortalidade quando comparada com o número de testes realizados, por exemplo, foi ponderada negativamente para o estudo. Foi depois calculada uma média destes indicadores e transformada numa ‘nota’ de zero a 100 valores.
Os dados mostraram importantes variações regionais, com Ásia e Pacífico a ser a zona do globo que quase sempre respondeu melhor à pandemia. A Europa registou inicialmente progressos significativos, mas no final do período em análise foi a região com pior desempenho.
Noutro âmbito, o estudo mostrou que países com regimes totalitários tiveram uma melhor resposta à pandemia na fase inicial, mas o desempenho caiu pouco tempo depois, com democracias e regimes autoritários a convergir na fase final da análise.
Os autores do estudo olharam para várias características dos países para ver se aspetos como o tamanho da população ou o desenvolvimento económico tiveram impacto na resposta à pandemia. “No início da pandemia, houve pouca diferença percetível no desempenho do país independentemente do tamanho da população. No entanto, as experiências entre populações grandes, médias e pequenas divergiram acentuadamente menos de um mês depois do 100.º caso”, referiu.
Países mais pequenos, com populações de menos de dez milhões de pessoas, “superaram consistentemente os congéneres maiores” ao longo do ano, ainda que essa diferença se tenha desacentuado na reta final do período estudado. No que toca à capacidade económica, o estudo considerou não ser “de estranhar que os países com rendimentos per capita mais elevados disponham de mais recursos para combater a pandemia”, tendo por isso, em média, um desempenho melhor que os em desenvolvimento.
“Mas surpreende que muitos países em desenvolvimento tenham conseguido lidar com o surto inicial da pandemia e que as economias avançadas, no seu conjunto, tenham perdido a liderança até ao final de 2020, com infeções a reaparecerem em muitos locais que tinham alcançado um sucesso aparente na supressão das primeiras vagas da pandemia”, indicou.
Os países ricos, devido ao impacto das viagens internacionais na transmissão do vírus, acabaram rapidamente “sobrecarregados”, enquanto os em desenvolvimento “tiveram mais tempo de vantagem, e muitas vezes um maior sentido de urgência, para implementar medidas preventivas após a dimensão e a gravidade da crise global terem sido conhecidas”.
Medidas de ‘baixa tecnologia’ como lockdowns (confinamentos), notou o estudo, “podem ter criado condições de igualdade entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento na gestão da Covid-19”.
Agora, porém, já no processo de vacinação, os autores sublinharam que os países mais ricos podem ter “uma vantagem decisiva nos esforços de recuperação de crises, deixando os países mais pobres a lutarem contra a pandemia por mais tempo”.
(Notícia atualizada às 11h50 com correção da posição ocupada por Portugal)
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