Procura na emissão era esperada. Casalinho vê redução de custos com a dívida
"Nível de procura encontra-se alinhado com as operações de características idênticas", diz a presidente do IGCP. Taxa vai baixar custos do país com a dívida.
Depois de um leilão a dez anos com juros negativos, Portugal financiou-se a mais de 30 anos numa operação que atraiu uma procura recorde mas que, diz Cristina Casalinho, já era aguardada. A emissão sindicada de dívida foi um sucesso também pelo custo. A taxa ficou-se pelos 1%, um nível que vem ajudar a baixar o custo médio da dívida portuguesa, diz a presidente do IGCP.
Esta operação realizada através de um sindicato bancário, que permitiu acelerar o programa de financiamento português para 2021, aconteceu mais tarde do que o habitual, já depois de o país ter realizado um leilão de Obrigações do Tesouro. E foi também de menor valor do que o que tem sido hábito.
A diferença nesta operação residiu “em três aspetos: montante menor [três mil milhões contra os habituais quatro mil milhões], operação realizada em fevereiro ao contrário de janeiro como tradicionalmente, e maturidade de 30 anos que compara com dez anos, habitualmente”, começa por dizer Cristina Casalinho, em resposta a questões colocadas pelo ECO.
O montante solicitado foi menor, sendo que a procura foi recorde. Chegou aos 40 mil milhões de euros, mas nada que não fosse expectável à luz do contexto de juros muito baixos na Europa. “O nível de procura encontra-se alinhado com as operações de características idênticas” realizadas por outros países. Em todas as operações do género, a procura ficou em torno das 10 vezes acima do solicitado.
O apetite dos investidores traduziu-se numa taxa atrativa para o Estado, algo com que Casalinho já estava a contar. “As simulações do IGCP apontavam para uma taxa de emissão de 1%”, nível que acabou por se confirmar.
É uma taxa baixa que vai traduzir-se em poupanças “na medida em que o custo médio da dívida pública portuguesa (stock total) em 2020 terá sido de cerca de 2,2%“, diz Cristina Casalinho.
Esta ideia já tinha sido, de resto, avançada por João Leão. “A emissão, com prazo 30 anos (abril de 2052) e um custo de 1,022%, contribui positivamente para um alongamento da maturidade média e para a diminuição do custo médio da dívida total”, disse o ministro das Finanças, acrescentando que irá gerar uma “poupança significativa para o país e para os contribuintes”.
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