Exportações de bens afundaram 10,2% em 2020, a primeira queda desde 2009
A pandemia afetou o comércio internacional e Portugal não foi exceção: as exportações de bens caíram 10,2% em 2020, pela primeira vez desde 2009, e as importações 15,2%.
As exportadoras portuguesas não escaparam ao impacto da crise pandémica. O Instituto Nacional de Estatística (INE) revela esta terça-feira que as exportações de bens encolheram 10,2% em 2020, registando a primeira queda desde a anterior crise (2009). Mas a queda da atividade económica também levou a uma quebra de 15,2% das importações de bens. O resultado é um défice comercial de bens significativamente mais baixo do que em 2019.
“No conjunto do ano de 2020 as exportações e as importações de bens diminuíram 10,2% e 15,2%, respetivamente (+3,5% e +6,0% em 2019, pela mesma ordem), tendo o défice da balança comercial de bens diminuído 6.024 milhões de euros para 14.051 milhões de euros“, revela o gabinete de estatísticas, assinalando que “desde 2009 que as exportações de bens não apresentavam uma variação homóloga negativa“.
De notar que esta estatística das exportações não desconta o efeito da inflação, isto é, a variação do preço também influencia o valor e não só a quantidade transacionada. Este efeito ajuda a explicar parte da descida das exportações e das importações por causa da descida significativa da cotação do petróleo bruto nos mercados internacionais. Excluindo os combustíveis, as exportações caíram 8,9% e as importações 12,6%.
Estas quedas do comércio internacional de bens são as primeiras desde 2009, mas ficam, ainda assim, abaixo das quebras percentuais registadas durante a crise financeira mundial. Em 2009, as exportações — que na altura eram quase metade do valor pré-pandemia — afundaram 18,4% e as importações baixaram 20%.
Após 10 anos de crescimento consecutivos, as exportações de bens foram atingidas pela pandemia e também não sobreviveram ao impacto, apesar de a quebra ter ficado abaixo de algumas previsões mais negativas. As vendas de bens ao exterior desceram 6.130 milhões de euros num só ano para um total de 53.772,5 milhões de euros, atingindo um mínimo de 2016 (50.038,8 milhões de euros).
Já as importações de bens encolheram 12.154,1 milhões de euros num só ano para um total de 67.823 milhões de euros, também um mínimo de 2016 (61.424 milhões de euros). O resultado da queda das importações (em valor absoluto) ser o dobro da das exportações foi o acréscimo da taxa de cobertura em 4,4 pontos percentuais para os 79,3% em 2020.
A expectativa das empresas exportadoras é que as exportações de bens recuperem 4,9% em 2021, o que ainda assim não será suficiente para compensar a queda do ano passado. Longe disso: o valor das exportações de bens continuará cerca de 10% abaixo do total de 2019.
Queda das exportações intensificou-se em dezembro
Os dados mensais do comércio internacional de bens mostram que a queda homóloga das exportações intensificou-se em dezembro para 7,8% (0,2% em novembro). Em sentido contrário, as importações atenuaram a queda de 11,9% em novembro para 6,9% em dezembro.
Em dezembro, continuaram a destacar-se “os decréscimos nas exportações e nas importações de Combustíveis e lubrificantes (-45,1% e -32,0%, respetivamente) e de Material de transporte (-20,8% e -16,3%, pela mesma ordem)”, de acordo com o INE.
Este desempenho levou a que neste mês em particular a queda do défice da balança comercial face ao mesmo mês de 2019 fosse ténue (-59 milhões de euros).
No quarto trimestre de 2020, as trocas comerciais tiveram uma performance homóloga pior do que no terceiro trimestre com as exportações a cair 3,2%, acima da queda de 0,8% registada entre julho e setembro.
(Notícia atualizada às 11h38 com mais informação)
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