Powell não vê caso para subida dos juros, mas Wall Street desconfia
Jerome Powell garantiu que é "altamente improvável" que seja necessário subir os juros este ano. Mas os investidores não estão convencidos: as yields da dívida dos EUA a 10 anos estão a disparar.
O presidente da Fed não vê necessidade de aumentar os juros nos próximos meses, numa altura em que os investidores estão receosos com a possibilidade de subida da inflação no segundo semestre.
Discursando num antecipado evento do The Wall Street Journal, Jerome Powell tentou acalmar os mercados, nomeadamente o obrigacionista. Alterar a política de juros baixos é “altamente improvável” este ano, disse, referindo que, para tal, teriam de estar satisfeitos dois fatores:
- “Condições no mercado laboral consistentes” com o que a Fed acredita ser “máximo emprego” (taxa de desemprego nos 4%, por exemplo);
- “Inflação sustentadamente a 2% e a caminho de estar moderadamente acima” desse nível.
Apesar de a economia norte-americana ter começado a “recuperar em maio”, Powell lembrou que o progresso “desacelerou muito” com os novos picos da pandemia. “Hoje ainda estamos muito longe dos nossos objetivos de máximo emprego e inflação média de 2%”, assegurou.
Reconhecendo que “há boas razões para esperar uma aceleração da criação de emprego nos próximos meses”, Jerome Powell disse, no entanto, que persistem “riscos”. Há menos dez milhões de norte-americanos empregados comparativamente com os níveis pré-pandemia, salientou.
À medida que a população vai sendo vacinada, o presidente da Fed admitiu um cenário de subida da inflação, perante o aumento esperado do consumo privado. No entanto, calculou que o fenómeno não vá ser persistente e acabe por diminuir gradualmente no tempo.
“Antecipamos que, à medida que a economia reabre — e, esperamos, que recupere –, veremos a inflação subir por efeitos base”, admitiu. “A questão é saber quão grandes serão esses efeitos”, rematou. E acrescentou: “Consideramos que é improvável que as expectativas de baixa inflação bastante enraizadas mudem subitamente. É mais provável que sejam efeitos one time“, reiterou.
As palavras de Powell estão a puxar pelos juros da dívida soberana. As yields das obrigações dos EUA a 10 anos sobem 6,6 pontos base, para 1,536%, em máximos de janeiro do ano passado. Nas bolsas, o S&P 500 perde 0,85%, o industrial Dow Jones recua 0,95% e o tecnológico Nasdaq desvaloriza 1,89%.
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