Maria Luís Albuquerque ataca Governo de Costa antes de ir ao inquérito ao Novo Banco

  • ECO
  • 28 Março 2021

Ex-ministra das Finanças de Passos Coelho atira-se ao milagre da consolidação orçamental. “Maré voltou a baixar e apanhou-nos outra vez a nadar sem calções”, disse Maria Luís Albuquerque.

Maria Luís Albuquerque prepara-se para ir esta semana ao Parlamento para ser ouvida no âmbito da comissão de inquérito ao Novo Banco. Mas, antes disso, a antiga ministra das Finanças do Governo de Passos Coelho fez uma aparição pública num evento do think tank do PSD de Setúbal onde deixou críticas à estratégia de consolidação do Governo de António Costa e cujos resultados estão agora à vista na falta de capacidade de resposta à pandemia.

“Não existiu uma consolidação orçamental saudável”, apontou Maria Luís Albuquerque num debate organizado pelo Orange Lab, think tank da distrital de Setúbal dos sociais-democratas, que teve lugar na passada quinta-feira. Antes, aponta a ex-ministra, “tivemos contas públicas com melhor aspeto, mas isso, na verdade, não representou uma situação mais consolidada, mais sustentável, ou mais resiliente da nossa economia“.

Segundo a antiga governante, é daqui que “decorre a incapacidade financeira do Estado de responder de forma mais robusta a um desafio que tem a dimensão que tem a [pandemia] Covid, e nos impede de dar o apoio às empresas e às famílias e que vemos vários outros parceiros europeus a conseguir fazer nesta altura.”

Maria Luís Albuquerque citou o investidor americano Warren Buffet, que disse no passado que “é quando a maré baixa é que se vê quem está a nadar sem calções”. “Aconteceu-nos a mesma coisa: a maré baixou, e nós estávamos outra vez a nadar sem calções”, atirou a ex-ministra das Finanças.

A ex-governante também abordou o Plano de Recuperação e Resiliência e disse que “sem um mecanismo de controlo europeu, há um risco significativo de desperdício dos fundos e ajudas europeias”. “Se não conseguirmos ultrapassar a crise sanitária tão rápido como gostaríamos que acontecesse, se a recessão for mais profunda do que aquilo que já estamos a temer, pode não haver condições políticas ao nível europeu para fazer um controlo com rigor”, disse.

A crítica surge antes de a antiga ministra de Passos Coelho ir à comissão de inquérito ao Novo Banco. Maria Luís Albuquerque tutelava a pasta das Finanças quando o BES foi alvo de uma medida de resolução e o seu nome já foi mencionado nas últimas audições. Antigos responsáveis do BES disseram que foi após uma reunião com a então ministra das Finanças que ficaram a saber (ao contrário do que tinha dito o governador do Banco de Portugal) que o banco não poderia recorrer à linha da troika para a recapitalização da banca.

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Casas mais caras, mas menos negócios. Imobiliário em 5 números

Evolução dos preços, número e valor das transações e ainda uma análise por regiões. Saiba quais foram os cinco principais números que marcaram o imobiliário em 2020.

2020 foi um ano de pandemia, mas o setor imobiliário foi dos que mais mostrou resistência. A crise teve impacto no mercado, claramente, mas os resultados (positivos) não foram muito diferentes dos anos anteriores. Venderam-se e compraram-se menos casas, é certo, mas os preços continuaram em alta. Aliás, acabaram mesmo por subir. Os números do ano passado já são conhecidos e o ECO reuniu os cinco principais.

Preços subiram 8,4% em 2020

8,4% foi a evolução dos preços das casas no ano passado. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que as habitações ficaram 8,4% mais caras em 2020, mesmo num ano que foi marcado pela pandemia. Ainda assim, esta evolução mostra uma desaceleração, já que em 2019 a subida dos preços tinha sido de 9,6% e em 2018 de 10,3%. Exemplo: uma subida de 8,4% numa casa de 100.000 euros representa um aumento de 8.400 euros.

Mas porque é que, mesmo em ano de pandemia, os preços não baixaram? O ECO preparou um trabalho para responder a essa pergunta, onde concluiu que a escassez da oferta, as baixas taxas de juro e as mudanças familiares foram os principais motivos. Leia aqui.

Foram transacionadas 171.800 habitações

Apesar de os preços terem subido, venderam-se e compraram-se menos casas em território nacional. Os dados do INE indicam que foram transacionadas 171.800 habitações em 2020, menos 5,3% do que em 2019. Foi a primeira vez desde 2012 que o número de habitações transacionadas caiu. Deste total, 145.181 foram casas já existentes e 26.619 nova construção. Norte e Centro lideraram em termos de localizações.

Transações totalizaram 26,2 mil milhões de euros

As 171.800 casas transacionadas em 2020 representaram 26,2 mil milhões de euros, um valor que subiu 2,4% face a 2019, refere o INE. O valor das transações de casas novas aumentou 9,3% para 5,4 mil milhões de euros, enquanto o das casas existentes subiu 0,7% para 20,8 mil milhões de euros. A Área Metropolitana de Lisboa teve um peso de 45,4% no valor total transacionado.

83.599 casas transacionadas no Norte e Centro do país

Numa análise às casas vendidas/compradas por regiões, o Norte (28,7%) e o Centro (20%) concentraram 48,7% do número total de transações, sendo “o peso relativo conjunto mais elevado desde 2014”, refere o INE. Em números absolutos, transacionaram-se 49.253 casas no Norte (27.519 na Área Metropolitano do Porto) e 34.346 no Centro.

Por peso relativo, atrás aparece o Alentejo (6,9%, 11.847 transações) e a Madeira (1,8%, 3.168), que também viram as suas quotas aumentarem. Em contrapartida, a Área Metropolitana de Lisboa, “pelo segundo ano consecutivo, registou uma redução no seu peso relativo regional, fixando-se em 33,5%”, totalizado 57.471 transações. O Algarve também perdeu peso (7,6%, 13.071), assim como os Açores (1,5%, 2.644).

11,9 milhões de euros transacionados em Lisboa

Já no que toca aos 26,2 mil milhões de euros de valor total transacionado no ano passado, a Área Metropolitana de Lisboa destaca-se pela positiva, ao ter um peso de 45,4%, equivalente a 11.897.164 milhões de euros. Contudo, “este foi o terceiro ano consecutivo em que esta região registou uma redução do seu peso relativo no valor total das vendas de habitações”, diz o INE, recordando o peso de 48,2% que Lisboa tinha em 2017.

Das demais regiões, no Algarve observou-se igualmente uma diminuição do respetivo peso relativo (10,2%, 2.671.176 milhões), enquanto o Norte (24,3%, 6.358.873 milhões) e o Centro (13%, 3.400.581 milhões) representaram em conjunto 37,3% do valor total das habitações transacionadas, também perdendo peso. Tal como em 2019, o Alentejo subiu para 4,2% (1.101.184 milhões), acompanhado pela Região Autónoma da Madeira que cresceu para 1,8% (470.268 euros). A Região Autónoma dos Açores manteve a quota relativa de 1,1% (287.289 euros).

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História dos seguros em novo livro de apontamentos

  • ECO Seguros
  • 28 Março 2021

Luís Coelho do Nascimento relança a obra Breves Apontamentos sobre a História dos Seguros em Portugal e no Mundo. É uma versão atualizada da edição de 2015, útil e curiosa.

Num setor pouco alimentado por trabalhos académicos ou de divulgação surge uma reedição atualizada da obra Breves Apontamentos sobre a História dos Seguros em Portugal e no Mundo, publicado pela primeira vez em 2015. O livro em formato papel ou eletrónico tem como autor Luís Coelho do Nascimento, 60 anos e profissional de seguros desde os 23.

O livro é uma coleção de curtos apontamentos de fácil leitura, muitos curiosos, todos informativos com rigor. Divide-se em três grandes capítulos, começando com a história universal dos seguros sendo a primeira entrada referente ao conceito de dispersão de riscos já presente 5000 anos AC e terminando em 2020, DC, com a identificação dos grupos seguradores pan-europeus.

Num segundo capítulo é tratada a história dos seguros em Portugal com regresso a 1293, a D. Dinis e ao seu projeto do que hoje seria uma mutualista de mercadores, acabando na integração da NSeguros na Lusitânia no início do ano passado. Um terceiro capítulo compila informação numa cronologia das seguradoras em Portugal, desde a Companhia Permanente de Seguros em 1791 à aquisição da Tranquilidade pela Generali em 2019.

Luis Coelho do Nascimento, que criou um blog logo em 1988 e é TAR – Técnico Analista Risco, formado pela APS – Associação Portuguesa de Seguradoras, iniciou a sua carreira na seguradora suíça La Baloise, passando mais tarde pelas seguradoras Mundial Confiança e Lusitania. É hoje diretor geral da corretora Credimédia.

O livro custa 16 euros e pode ser comprado através dos sites da fnac.pt, Bertrand.pt, wook.pt, e lisboninermationalpress.com.

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Pandemia em Portugal: mais 10 mortes e 365 casos

Boletim diário da DGS dá conta de mais 365 casos e 10 óbitos nas últimas 24 horas.

Portugal registou mais 365 casos e 10 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas. O balanço da Direção-Geral de Saúde deste domingo faz com que o país some até ao momento 16.837 óbitos e 820.407 infeções desde o início da pandemia.

Os internamentos subiram (+15) face ao dia anterior, estando agora 633 doentes com Covid-19 nos hospitais, dos quais 142 estão em unidades de cuidados intensivos (-6 face ao dia anterior).

Por conseguinte, a maioria das 28.179 infeções que estão neste momento ativas estão a recuperar no domicílio, igualando o valor observado no dia 7 de outubro. Nas últimas 24 horas recuperaram mais 384 pessoas, indica ainda o boletim diário da DGS.

Boletim epidemiológico de 28 de março de 2021.DGS

Pelo segundo dia não houve alterações no índice de transmissibilidade (Rt) nacional, que se fixa nos 0,93, e no Rt do continente, que está em 0,92. Já a incidência de novos casos a 14 dias por cem mil habitantes fixa-se em 75,7 novos casos em todo todo o país, com o continente a observar um valor abaixo de 66,8 novas infeções por 100 mil habitantes.

A matriz de risco mostra assim que o país continua no verde, duas semanas depois do regresso às aulas presenciais das turmas do primeiro ciclo. Se a bússola do desconfinamento continuar nestes valores na próxima semana, fica aberto o caminho para que o Governo prossiga a sua estratégia de reabertura da economia, com o regresso do segundo e terceiro ciclo no dia 5 de abril.

Matriz de risco divulgada a 28 de março de 2021.DGS

(Notícia atualizada às 14h37)

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Vinte pessoas realojadas na Madeira devido ao temporal que assolou o arquipélago

  • Lusa
  • 28 Março 2021

O arquipélago registou em 24 horas cerca de 20.000 descargas elétricas, uma situação considerada "anormal".

Vinte pessoas foram realojadas temporariamente na Madeira devido ao temporal que assolou o arquipélago nas últimas 24 horas e provocou dois apagões gerais, indicou este domingo o Governo Regional, referindo que foram registadas 117 ocorrências.

O presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, explicou, em conferência de imprensa no Serviço Regional de Proteção Civil, que as 20 pessoas correspondem a seis agregados familiares, que vivem em habitações precárias na zona do Funchal.

“Foram realojadas na Pousada da Juventude”, disse, referindo que a situação vai agora ser analisada pelo Instituto de Habitação da Madeira e pela Câmara Municipal do Funchal.

O governante indicou que o temporal provocou um conjunto de inundações e “danos de algum vulto”, com incidência no concelho do Funchal, onde os serviços de proteção civil foram alertados para 93 ocorrências, mas também em Câmara de Lobos (13), na Ribeira Brava (13), Machico (13) e Santa Cruz (cinco).

O arquipélago registou em 24 horas cerca de 20.000 descargas elétricas, uma situação considerada “anormal”.

“Dois destes raios, muito fortes, atingiram às 20h40 [de sábado] a linha entre a [Central Térmica] Vitória [localizada no Funchal] e a Calheta [zona oeste], provocando a interrupção do abastecimento de eletricidade durante cerca de duas horas”, relatou Miguel Albuquerque.

Às 06h42 de hoje, um raio de igual potência atingiu também a linha entre a Central da Vitória e o Palheiro Ferreiro, nos arredores da capital madeirense, provocando nova interrupção geral no abastecimento de eletricidade, que, entretanto, já foi reposto.

“Um raio com esta carga é o equivalente ao abastecimento total da região”, disse Miguel Albuquerque.

Apesar das inundações e da queda de muros em vários pontos da ilha, não se registaram danos significativos nas principais estradas e, por outro lado, as ribeiras não transbordaram, com exceção de alguns pequenos cursos de água.

“Na saúde, toda a capacidade de resposta foi mobilizada e às 10h00, retomámos o programa de vacinação [contra a covid-19]”, sublinhou Miguel Albuquerque.

O governante renovou o apelo à população para evitar a circulação, sobretudo nas áreas montanhosas, devido à probabilidade da ocorrência de derrocadas.

Depois de ter estado sob aviso vermelho e laranja, o arquipélago da Madeira encontra-se agora sob aviso amarelo, até às 15:00, devido à previsão de aguaceiros fortes e trovoada.

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Uma imagem de computador por 70 milhões? Saiba o que são os NFT

Uma obra de arte digital da autoria de Beeple foi vendida por quase 70 milhões de dólares num leilão. Entenda como a tecnologia dos NFTs permite que alguém seja dono de um ficheiro de computador.

Quando uma imagem de computador é vendida por 69,3 milhões de dólares num leilão, é impossível não erguer o sobrolho. A obra em causa foi “Everydays – The First 5000 Days”, da autoria de Beeple, uma composição de imagens em formato JPEG que foi disponibilizada pela leiloeira Christie’s. A venda milionária fez de Beeple o terceiro artista vivo “mais caro” da história.

A operação só foi possível porque o ficheiro de computador estava associado a um NFT. De uma forma muito simples, é uma tecnologia que permite verificar a titularidade de um ficheiro digital, e que tem vindo a ganhar grande popularidade nas últimas semanas.

Até aqui, qualquer ficheiro, como uma imagem, podia ser copiado e colado vezes sem conta, gerando múltiplas cópias de um original desconhecido. Em contrapartida, um ficheiro associado a um NFT permite a qualquer pessoa saber qual é o ficheiro original. E, mais importante ainda, quem é o seu dono.

Pré-visualização de parte da obra de Beeple que foi vendida num leilão da Christie’s por quase 70 milhões de dólares.Beeple

Para ajudar a entender a questão, atente neste o exemplo: qualquer um de nós pode ir à internet ver e até descarregar uma imagem de Mona Lisa; mas é do conhecimento geral que a famosa obra de Leonardo da Vinci, La Gioconda, está exposta e faz parte da coleção do museu do Louvre, em Paris.

Descarregar a imagem da Mona Lisa da internet não faz de ninguém o dono da Mona Lisa. Nem a imagem descarregada é a Mona Lisa. O quadro original está bem guardado. E, por mais cópias digitais que faça, isso não faz de si o detentor de várias Mona Lisa.

A diferença é que, nesta fase, os NFT só funcionam para ficheiros na internet, pelo que a promessa é a de revolucionar os horizontes da arte e da cultura digitais.

Esta tecnologia recorre à blockchain, uma espécie de livro de registos virtual, para assegurar que a propriedade do ficheiro é imutável, publicamente verificável e até transmissível. Por isso, chegou o momento de lhe explicar que a sigla “NFT” significa Non-Fungible Token.

Não se assuste, porque é fácil de perceber através de outro exemplo. O dinheiro é fungível. Cinco moedas de um euro na sua carteira podem ser trocadas por uma nota de cinco. Pode ainda trocar cada moeda de um euro por outra moeda de um euro, sem perder qualquer valor.

A lógica dos NFT é exatamente a oposta: cada NFT é único, singular, e o ficheiro que lhe está subjacente é detido por uma só pessoa, cujo “nome” fica registado na blockchain, o tal livro de registos.

Ao registar um NFT na blockchain, passa a ser dono desse NFT. Isso permite várias coisas, incluindo que o ponha à venda na internet, como fez o artista Beeple. Até aqui, tal não era possível de outra forma, por não existir uma forma de garantir a escassez de um “objeto” digital.

Como é que se cria um NFT? Em primeiro lugar, é preciso ter uma carteira virtual de Ethereum — que é, simultaneamente, uma criptomoeda (ether) e uma rede pública de computadores (assente na blockchain). O ato de criar um NFT é designado por “mint” e existem sites que permitem a qualquer pessoa fazer “mint” de um NFT.

O Mintable é uma espécie de OLX para NFT e parece ser um dos mais populares, por ter um serviço em que é a própria plataforma a suportar os custos da operação. De outra forma, fazer “mint” de um NFT pode custar-lhe cerca de 100 euros, ainda que o preço varie, pois é pago em ether, a referida criptomoeda, cujo valor está sempre a subir e a descer (quem beneficia dessa receita são as pessoas que sustentam a própria rede, uma vez que não há qualquer entidade central).

Depois de criar o seu NFT, pode pô-lo à venda. Mas isso não fará de si um milionário do dia para a noite. A lógica da tecnologia não é necessariamente a da venda, mas sim a da detenção. Só no caso de ser um artista muito conhecido, ou de conseguir atrair a atenção de muita gente, é que poderá ter alguma sorte.

Tudo isto traz algumas vantagens para os criadores de conteúdos, desde a arte até à música. Desde logo, porque a blockchain permite definir royalties que ficam associadas para sempre ao trabalho do artista. Caso a pessoa A venda um NFT à pessoa B, e caso a pessoa B o venda à pessoa C, a pessoa A recebe automaticamente uma comissão.

Mas o sistema não está isento de importantes desafios. Estas novas possibilidades são conseguidas à custa de muitos milhões de computadores permanentemente ligados, a consumirem uma quantidade significativa de energia. Só assim é possível o funcionamento da rede Ethereum da forma que está desenhada atualmente.

Isto acontece porque, basicamente, o método de registo na blockchain é o mesmo que é usado na popular criptomoeda bitcoin e implica que estes computadores resolvam complexas equações. Para se ter uma noção da dimensão, a bitcoin consome anualmente 2,5 vezes a energia usada em Portugal durante o mesmo período.

Feitas as contas, qualquer transação nestas blockchains, seja de bitcoins ou de NFT, acarretam uma pegada climática que pode ser desproporcional face ao benefício da tecnologia, numa altura em que o mundo enfrenta uma emergência climática. Face a esta preocupação, está já a ser preparada uma nova versão da rede Ethereum que adotará um modelo diferente e que se espera que reduza o consumo energético desta rede mundial.

Nota: Este conteúdo foi publicado pela primeira vez na edição de 25 de março da newsletter ECO Tecnologia, com o título “O que são NFT (e como entender este nosso mundo)”.

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Presidente francês admite novas medidas se atual confinamento não resultar

  • Lusa
  • 28 Março 2021

A imprensa francesa tem referido que o Governo poderia aprovar um confinamento total durante a próxima semana, mas o Presidente francês evitou dar pistas nesse sentido.

O Presidente de França, Emmanuel Macron, alertou este domingo para a possibilidade de serem aplicadas novas restrições para combater a pandemia caso a atual estratégia de confinamentos regionais não resulte.

Numa entrevista publicada no Le Journal du Dimanche, Macron referiu que ainda “nada está decidido”, querendo ver se as restrições postas em prática nos últimos dez dias foram suficientes para travar o aumento de contágios pelo novo coronavírus, antes de aprovar um terceiro confinamento total.

“Nos próximos dias vamos ver a eficácia das medidas e, se necessário, tomaremos as que façam falta”, afirmou.

A imprensa francesa tem referido que o Governo poderia aprovar um confinamento total durante a próxima semana, mas o Presidente francês evitou dar pistas nesse sentido.

Emmanuel Macron salientou que o encerramento das escolas, que até agora tem sido encarado como último recurso face às suas consequências sociais e económicas, “não deve ser um tabu”.

Além disso, o governante defendeu a sua decisão de não aprovar um confinamento total em janeiro, como outros países europeus fizeram, já que essa decisão não impediu um aumento do número de casos nas últimas semanas: “Vejam a Alemanha e a Itália hoje”.

A pandemia de covid-19 agravou-se nas últimas semanas em França, que durante vários dias registou acima dos 40 mil contágios diários.

A situação nos hospitais é especialmente grave em diversas regiões francesas, com o número de doentes em cuidados intensivos a um nível semelhante ao da segunda vaga em Paris, em novembro, ou à primeira no norte do país.

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📹 Como funciona a “bússola” do desconfinamento? Perguntou ao Google, nós respondemos

O plano de desconfinamento já começou. Para orientar a reabertura gradual do país, o Governo criou uma espécie de “bússola” do desconfinamento. Saiba como funciona.

Há uma “bússola” que orienta o desconfinamento. Também há quem lhe chame “semáforo”. Mas o Governo prefere o nome “matriz de risco”. O sistema de cores permite saber se o desconfinamento está a correr bem ou se é preciso parar, ou até andar para trás e voltar a fechar o país. Saiba como funciona:

http://videos.sapo.pt/kZi1MLKkboCOtE34Ahcn

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Banca diz que fim das moratórias não é “fator geral de preocupação”

  • Lusa
  • 28 Março 2021

Presidente da Associação Portuguesa de Bancos diz que é importante qualquer família sem condições para retomar os seus pagamentos entre em contacto com o banco para encontrar uma solução.

3.700 milhões de euros em moratórias de crédito concedidas no âmbito da covid-19 que terminam na quarta-feira, mas a Associação Portuguesa de Bancos (APB) afirma que isso não constitui “um fator geral de preocupação”.

“De acordo com o que alguns bancos têm vindo a afirmar publicamente, as moratórias que se vencem no final deste mês não constituirão um fator geral de preocupação“, disse a APB em resposta por escrito a questões da agência Lusa acerca de possíveis incumprimentos.

A associação que representa o setor bancário nacional afirma que “os bancos continuarão, findo o período de vigência das moratórias, dentro do quadro legal e regulatório que lhes é aplicável, a acompanhar e a avaliar a situação particular de cada cliente e a promover soluções que permitam, sempre que possível, o cumprimento pontual dos contratos por parte destes“.

“No caso de qualquer família que antecipe neste momento que, quando terminar a moratória, não terá condições para retomar os seus pagamentos, é importante que entre logo em contacto com o seu banco para encontrar uma solução que evite que entre em incumprimento“, disse a APB em resposta à Lusa.

De acordo com dados do Banco de Portugal (BdP) divulgados na quarta-feira, no final de janeiro 3.700 milhões de euros de créditos à habitação estavam em moratória privada da APB, cujo prazo para adesão e fim do período de vigência termina no dia 31 de março.

Para o crédito não hipotecário, como créditos pessoais e ao consumo, o pagamento inicia-se em julho.

No caso da moratória pública, a partir de 01 de abril, quinta-feira, começam a ter de ser pagos os juros dos empréstimos, com o capital a ter de começar a ser pago depois de 30 de setembro.

No entanto, nas moratórias públicas estão previstas duas exceções: para as empresas de setores em dificuldades e para particulares (incluindo crédito hipotecário), cujo prazo de vigência vai até ao final de setembro.

Os aderentes a moratórias até final de março têm direito a um prazo de vigência de nove meses, caso não tenham aderido a nenhuma moratória.

Face à “expressividade” da medida na resposta à crise causada pela pandemia de covid-19, superior à maioria dos restantes países europeus, a APB “tem vindo, a par do Banco de Portugal, a defender que o desenrolar das moratórias e a sua extinção devem ser adequadamente planeados, evitando efeitos de precipício“.

No entender da associação presidida por Fernando Faria de Oliveira, a solução “deverá passar pela consagração de medidas de apoio às empresas dos setores de atividade mais afetados pela pandemia que, sendo viáveis, possam ainda não estar, findas as moratórias, em condições de gerar fluxos de tesouraria compatíveis com as suas obrigações creditícias”.

“Essa nova fase de apoios deverá assentar numa maior partilha do esforço entre setor bancário e Estado”, assumindo o erário “um papel central na recapitalização e recapacitação do tecido empresarial nacional, ao abrigo da flexibilidade admitida pelo quadro temporário de Auxílios de Estado” da Comissão Europeia, bem como dos fundos a receber de Bruxelas.

Na sexta-feira, o governador do BdP considerou que Portugal não pode adotar medidas sobre as moratórias de forma isolada do contexto europeu, afirmando não ver razões para que tal acontecesse.

Sublinhando que as moratórias bancárias “têm um enquadramento europeu muito claro”, Mário Centeno precisou que Portugal não age sozinho neste domínio e não pode tomar este tipo de medidas “isoladamente”.

“As moratórias têm um enquadramento europeu muito claro, Portugal não age sozinho nesse domínio e, portanto, todas as moratórias que foram implementadas foram sob as diretrizes da Entidade Europeia Bancária que é quem regulamenta estas medidas. Não as podemos tomar isoladamente”, sob pena de ter “um efeito de ricochete nos clientes bancários muito mais negativo” do que a moratória pudesse vir a ter caso se entendesse que o seu fim traria problemas, defendeu.

Segundo o BdP, no total, cerca de 33,2% do valor de empréstimos às empresas e 16,1% do total de empréstimos aos particulares estavam sob moratória no final de janeiro, num montante de 24 e 20 mil milhões de euros, respetivamente.

No final de janeiro tinham empréstimos em moratória 54 mil sociedades não financeiras (22,4% do total de empresas devedoras) e 408 mil particulares (8,8% do total de devedores).

As empresas de alojamento e restauração eram as que mais se destacavam, com 57% do montante dos seus empréstimos abrangidos por esta medida.

Considerando apenas os setores classificados como “mais vulneráveis” à pandemia (definidos no Decreto-Lei 22-C/2021 de 22 de março de 2021 e de que são exemplo o alojamento, a restauração ou a cultura), o BdP reporta estarem em suspensão de pagamento um total de 8,4 mil milhões de euros, representativos de 34,4% do total de empréstimos das sociedades não financeiras em moratória.

Relativamente aos cinco maiores bancos portugueses, no final de 2020 o Santander tinha 8.600 milhões de euros em moratórias, o Millennium BCP 8.568 milhões, o Novo Banco 6.900 milhões e o BPI 5.620 milhões.

Referente a janeiro deste ano, a Caixa Geral de Depósitos apresentava 5.992 milhões de euros abrangidos por moratórias.

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Esta máquina de café tira a bica sem que lhe toque

A Nestlé vai lançar uma máquina de café para o escritório que pode ser controlada com o telemóvel e não necessita de qualquer toque. Uma ideia inovadora para a era pós-pandemia.

Imagem ilustrativa da nova máquina de café da Nestlé.Nestlé via Bloomberg

A Nestlé vai lançar no mercado uma nova máquina que serve cafés sem que haja qualquer contacto físico com o utilizador. O grupo por detrás das marcas Nespresso e Nescafe acredita que este tipo de equipamentos trará mais segurança aos utilizadores num período pós-pandemia e de regresso — mesmo que parcial — dos trabalhadores aos escritórios.

O produto empresarial será disponibilizado “globalmente”, noticia a Bloomberg (acesso condicionado), a começar pela Rússia e pela China “já nas próximas semanas”. As novas máquinas da Nestlé podem ser controladas através de uma aplicação para o smartphone, que interage com o equipamento após leitura de um QR Code (tipo código de barras) com a câmara do telemóvel.

Apesar da aposta inovadora, a Nestlé também está focada no segmento doméstico do negócio, pois acredita que as empresas passarão a ter menos trabalhadores em espaços físicos. No ano passado, mesmo em pandemia, o café impulsionou as vendas da companhia, tendo as vendas crescido 5% em 2020. Representaram fatia de leão dos 24 mil milhões de dólares gerados no segmento de bebidas.

Mesmo assim, a empresa perspetiva um crescimento entre 4% e 5% do valor do mercado global de café, à medida que reabrem alguns escritórios e a população retome os velhos hábitos de consumo.

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Patrões, sindicatos e Deco defendem prolongamento das moratórias bancárias

  • Lusa
  • 28 Março 2021

Agentes económicos defendem que o "balão de oxigénio" de famílias e empresas deve ser prolongado face ao impacto da crise provocada pela pandemia.

Associações empresariais, sindicatos e a associação de defesa dos consumidores Deco defendem o alargamento do prazo para acesso às moratórias bancárias e o prolongamento das mesmas, avisando que têm sido o “balão de oxigénio” de famílias e empresas.

“Decorrido um ano desde o início da pandemia, o tecido empresarial enfrenta agora aquele que será o pior momento em termos de fragilidade económica e financeira acumulada, com o enorme risco que tal representa. Por isso, a AEP [Associação Empresarial de Portugal] considera que o período [de novas adesões às moratórias] deve ser prolongado, atendendo à premência da liquidez dos agentes económicos”, afirmou o presidente daquela associação em declarações à agência Lusa.

Salientando que “a falta de liquidez, agravada pela crise pandémica, constitui um constrangimento muito sério para as empresas”, Luís Miguel Ribeiro alerta para o previsível aumento do “nível de incidência do crédito malparado se não houver o prolongamento da medida”.

Também para a Deco, “permitir novas adesões e por mais tempo poderá ser uma medida positiva para algumas famílias confrontadas com a diminuição drástica dos seus rendimentos e para aquelas que ainda não os recuperaram”.

“Para muitas famílias as moratórias têm vindo a constituir um importante ‘balão de oxigénio’ e serão determinantes para evitar situações de incumprimento, nomeadamente se no final do período da moratória a família tiver conseguido recuperar o seu rendimento”, salientou à Lusa a coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira (GPF) daquela associação, Natália Nunes.

A UGT – União Geral de Trabalhadores avisou já, por sua vez, num comunicado emitido na passada terça-feira, que irá lutar pelo alargamento dos prazos de acesso às moratórias dos créditos à habitação, considerando este apoio determinante para trabalhadores que viram os rendimentos do trabalho reduzidos como consequência da crise pandémica.

“Apesar de o regime de alargamento dos prazos das moratórias públicas ter sido alargado até ao final de setembro de 2021, a verdade é que algumas moratórias privadas, que implicam a negociação direta com a banca, já venceram ou estão prestes a vencer e muitas famílias começam a ser chamadas a pagar as respetivas prestações, sem que para isso tenham condições por terem visto os seus rendimentos reduzidos”, sustenta a central sindical.

Para a UGT, é “inadmissível” a desigualdade de tratamento dada pelo Governo na questão das moratórias, quando se trata das empresas: “Se para as empresas há prolongamento, redução, isenção das moratórias de capital e juros, porque é que o executivo não age de igual forma com os trabalhadores? Se as empresas são afetadas por problemas de tesouraria, claramente milhares de trabalhadores, ao não terem rendimentos incorrem no risco de perder a sua habitação própria permanente”, questiona.

O período para particulares e empresas aderirem ao regime das moratórias bancárias – que permitem o adiamento temporário do pagamento das prestações de um empréstimo mediante o prolongamento, pelo mesmo período, do respetivo prazo – termina no final do corrente mês de março.

Para quem já está a beneficiar de moratórias (disponibilizadas desde em março de 2020), no caso da moratória pública os juros começam a ser pagos a partir de abril e o capital em outubro, com exceção das empresas de setores mais impactados pela pandemia e dos particulares, que beneficiam de moratória total crédito e juros até final de setembro.

Já no caso da moratória privada – criada pela Associação Portuguesa de Bancos (APB) como complemento à moratória do Estado, abrangendo apenas particulares e contemplando também créditos pessoais e automóvel – o pagamento do crédito hipotecário (juros e capital) começa já em abril, enquanto o dos créditos não hipotecários é retomado em julho.

Ouvido pela agência Lusa, o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) disse que “algumas empresas conseguiram aguentar durante o último ano sem recorrer a moratórias, porque ainda lhes foi possível combinar meios próprios e alguns apoios ao emprego ou à atividade”.

“Todavia, as empresas esgotaram as suas reservas e os apoios, para além dos habituais atrasos, começam a escassear”, salientou João Vieira Lopes.

“Muitas empresas só conseguirão retomar atividade de uma forma efetiva se recorrerem a crédito em condições compatíveis com a atual conjuntura, nomeadamente em termos dos seus rácios financeiros que serão, com toda a certeza, maus”, sustenta.

Para o dirigente empresarial, “o fim do prazo para acesso a moratórias é preocupante”, sobretudo porque “não há muitas alternativas no momento presente”: “As empresas ou acreditam que conseguem recuperar e para isso vão precisar de liquidez, ou encerram portas nos próximos meses, cenário muito provável para 20% ou 30% do tecido empresarial do comércio e muitos serviços”, afirma.

Defendendo que a “consolidação e restruturação das dívidas, com aumento de maturidade, também devem ser encaradas”, Vieira Lopes considera ainda “fundamental encontrar alternativas para este financiamento”, admitindo “que uma parcela desse crédito possa ser convertida em subsídio a fundo perdido”.

Segundo alerta a Deco, “o fim do prazo da moratória, seja ela pública ou privada, poderá ser um grande problema, sobretudo para as famílias que não conseguem recuperar os seus rendimentos antes do fim das moratórias”.

De acordo com a associação, as famílias com dificuldades financeiras que pediram ajuda à instituição no ano passado “têm em média cinco créditos: um crédito à habitação, dois créditos pessoais e dois cartões de crédito”.

“Muitas vezes, o crédito à habitação já está a beneficiar da moratória legal ou pode vir a aceder à mesma até 31 de março. Contudo, os dois cartões de crédito e os créditos pessoais nunca beneficiaram de uma moratória legal, ou, tendo beneficiado de uma moratória privada, esta já terminou ou está na iminência de terminar”, destaca Natália Nunes.

Também para a CGTP – Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, “a questão da resposta aos problemas imediatos com que centenas de milhares de famílias estão confrontadas tem de passar pelo alargamento das moratórias, sem quaisquer encargos acrescidos”.

“Por outro lado, exigem-se respostas que assegurem o emprego e as retribuições por inteiro dos trabalhadores, pois esta é a forma mais eficaz de garantir que as empresas (as que recorreram às moratórias e as restantes) consigam retomar a sua atividade e o volume de vendas que lhes permita fazer face aos diferentes encargos que têm”, disse à Lusa a secretária-geral da intersindical, Isabel Camarinha.

O presidente da AEP considera ser fundamental “o reforço e prolongamento das medidas de apoio à economia pelo menos enquanto perdurarem os efeitos da pandemia, sob pena de uma escalada de insolvências de empresas que são viáveis, mas que atravessam agora uma situação muito difícil”.

Entre as medidas a prolongar, Luís Miguel Ribeiro destaca as moratórias de crédito, cuja manutenção diz ser “crucial para as empresas, sem necessidade de reclassificação desses créditos pela banca como ‘créditos reestruturados, pelas limitações que tal situação implicaria”.

“Defendemos também a necessidade do alargamento muito significativo da maturidade dos empréstimos bancários contraídos em contexto covid-19, na medida em que as empresas não têm possibilidade de gerar ‘cash-flows’ para procederem aos reembolsos ao ritmo a que estavam previstos, salvaguardando que tal prolongamento não vai implicar penalizações para a empresa”, acrescenta.

“Com tudo isto – adverte – pretende evitar-se que à crise económica e social se junte uma crise financeira, que ninguém deseja”.

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“Erro humano” pode ter encalhado navio no Canal do Suez

  • Lusa
  • 28 Março 2021

O Ever Given, um navio porta-contentores com mais de 220.000 toneladas e 400 metros de comprimento, está encalhado na parte sul do canal e pode ter resultado de erro humano.

Um “erro humano” pode ter causado a imobilização do navio porta-contentores Ever Given no Canal do Suez, bloqueando desde terça-feira a rota de navegação mais movimentada do mundo, afirmou o chefe da autoridade egípcia do canal.

O Ever Given, um navio porta-contentores com mais de 220.000 toneladas e 400 metros de comprimento, está encalhado na parte sul do canal, a poucos quilómetros da cidade de Suez, desde terça-feira, e está a bloquear a rota estratégica, por onde passa cerca de 10% do comércio marítimo internacional.

Os ventos fortes, combinados com uma tempestade de areia, foram inicialmente avançados como fatores principais na explicação do incidente, mas o chefe da Autoridade do Canal de Suez, almirante Osama Rabie, sublinhou hoje que as condições meteorológicas não serão a única razão. “Outros erros, humanos ou técnicos, poderão ter entrado em jogo”, afirmou o almirante numa conferência de imprensa em Suez.

Cerca de 300 navios estão parados em ambas as extremidades do canal, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo, segundo Osama Rabie.

A noite hoje é auspiciosa para tentar desencalhar o navio, devido à lua cheia e maré cheia, segundo disse o capitão de um dos rebocadores envolvidos na operação, em declarações à agência de notícias EFE.

Mohamed Hafez, capitão do “Batal 2”, está otimista quanto à possibilidade de esta noite os rebocadores poderem desobstruir o Ever Given, cuja proa foi já movida cerca de 17 metros na direção norte, para onde navegava quando atingiu uma das margens e encalhou na areia e nas rochas.

Mohamed Qasem, assistente de Hafez, também a bordo do “Batal 2”, disse à EFE que tem “90% de expectativas” de que o Ever Given “se mova hoje”, até porque a maior parte da areia e lama à volta da proa do navio foi já removida por dragas. Os navios rebocadores irão agora utilizar grandes cordas de aço para puxar o navio.

O Ever Given não está, no entanto, “apenas encalhado na areia à superfície, também ficou preso no banco”, explicou um especialista, Plamen Natzkoff, da VesselsValue, uma consultora na área da navegação, em declarações à AFP.

Uma grande maré alta esperada no “domingo à noite” pode vir a “ser uma grande ajuda”, disse Natzkoff.

O bloqueio está a causar grandes atrasos nas entregas de petróleo e outros produtos, com um efeito de arrastamento nos preços do ouro negro, que subiram na sexta-feira.

Osama Rabie estimou na conferência de imprensa deste sábado que o Egito está a perder entre 12 e 14 milhões de dólares por cada dia de encerramento do canal.

Onze cargueiros romenos que transportam gado vivo estão à espera do desbloqueamento do Canal de Suez e uma organização não-governamental (ONG) está preocupada com o destino de 130.000 ovelhas. “Os representantes dos transportadores foram contactados e receberam a garantia de que há comida e água suficientes a bordo dos navios para os próximos dias”, informou hoje a agência romena de Saúde Veterinária (ANSVSA). Para a Animals International, no entanto, as ovelhas estão em perigo de vida.

“A situação é crítica e corre o risco de se tornar uma tragédia marítima sem precedentes, envolvendo animais vivos”, avisou o principal responsável da ONG na Europa, Gabriel Paun, numa declaração enviada à AFP.

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