Empresas portuguesas têm vindo a aumentar a sua dimensão
As empresas portuguesas continuam a ser maioritariamente pequenas no contexto internacional, mas aumentaram de dimensão desde a crise financeira.
Numa altura em que se antecipa uma nova vaga de fusões, os economistas do Banco de Portugal foram estudar a evolução da dimensão média das empresas portuguesas e concluíram que tem crescido desde a última crise. Esse crescimento deveu-se “essencialmente” ao aumento do número de trabalhadores das empresas que já existiam, segundo as conclusões divulgadas esta sexta-feira.
A análise feita pelos economistas Paulo Guimarães e Marta Silva concluiu que entre os anos 80 e o final do século passado, a dimensão das empresas portugueses diminuiu. Porém, desde 2012, um período marcado pela crise das dívidas soberanas e a intervenção da troika em Portugal, que a dimensão tem subido gradualmente.
“Refira-se que apenas uma pequena parcela deste aumento pode ser atribuído a efeitos de recomposição, ou seja, a alterações na composição de fatores como a estrutura setorial ou etária das empresas ao longo do tempo”, explicam os economistas do banco central. O número de pessoas ao serviço é o indicador utilizado como medida de dimensão da empresa.
O aumento da dimensão média das empresas portuguesas foi transversal a todas as classes de dimensão, isto é, todas as empresas, sejam micro, médio ou grandes, viram a sua dimensão aumentar. “O gráfico mostra que de 2010 a 2018 se assistiu a uma diminuição da quota de emprego das microempresas ao passo que durante este período a percentagem de emprego das grandes empresas aumentou“, notam os economistas.
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Foi no comércio e nos serviços em geral que as empresas aumentaram o seu tamanho, o que poderá estar relacionado com o boom turístico que Portugal viveu até à chegada da pandemia em 2020. Já as empresas da construção viram a sua dimensão cair significativamente, o que poderá ser explicado por este ter sido o setor mais afetado pela crise anterior. As empresas da indústria transformadora ficaram com uma dimensão semelhante à que já tinham.
Este foi um dos temas em destaque do boletim económico de março do Banco de Portugal onde os economistas dizem que não se estudou as causas subjacentes a esta evolução. “O tópico merece ser estudado no futuro para perceber a relevância que as alterações de intensidade capitalística, condições financeiras, de solvabilidade e de produtividade poderão ter na explicação da inversão da tendência observada de evolução da dimensão média“, referiam nessa altura.
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