Horta Osório: Lloyds esteve “à beira de morrer”
O banqueiro vai mudar-se para a Suíça nos próximos dias, para assumir a posição de chairman do Credit Suisse no dia 1 de maio.
De Londres para Zurique, do Lloyds para o Credit Suisse, de um banco que esteve à beira do fim para outro que, recentemente, registou perdas de cerca de quatro mil milhões de euros por causa de investimentos no fundo Archego Capital Management. Em entrevista ao Financial Times (acesso pago em inglês), o banqueiro português revela que o banco inglês esteve “à beira morrer”, recorda o ‘burnout’ que o afastou da liderança durante meses e antecipa os objetivos no novo cargo de chairman do banco suíço.
A dias de se mudar de malas e bagagens para Zurique, depois de 15 anos em Londres, Horta Osório revela que quando foi nomeado para a administração do Banco de Inglaterra, se sentiu verdadeiramente adotado por Londres e pelo Reino Unido.
O banqueiro tomou posse no início de 2011, vindo o Santander UK, e transformou um banco que era um passivo para os contribuintes ingleses num ativo, e o Estado inglês recuperou a totalidade dos fundos que lá investiu. Em 2009, o Estado tomou 43% do capital do banco, depois de meter cerca de vinte mil milhões de libras no capital. E qual foi o momento mais importante dos anos no Lloyds Bank? Hort Osório responde ao diretor adjunto do Financial Times: A última operação de reprivatização do banco. “Foi um momento inesquecível” quando recebeu uma chamada no dia 17 de maio de 2017, ao final da tarde, em que lhe comunicaram que o Estado tinha vendido as últimas ações que tinha da instituição.
Horta Osório não revela muitos detalhes, mas adianta que o Lloyd’s esteve perto de “morrer” — a expressão é mesmo do banqueiro neste “Lunch with the FT” — por causa do risco de não conseguir reembolsar uma linha de financiamento de curto prazo de 200 mil milhões de libras sem o apoio do Estado. Foi nesse momento que colapsou. “Não se pode partilhar este tipo de coisas, porque se o fizer, a confiança no banco evapora-se e morre”.
Foi no verão do ano passado, que Horta Osório anunciou que ia deixar de ser CEO do Lloyds Bank, mudando-se para o Credit Suisse, mas, desta vez, sem funções executivas, embora com muitos outros poderes. O português vai sentar-se na cadeira de chairman do banco suíço a 1 de maio, ou seja, já na próxima semana, um dia depois da assembleia geral de acionistas que vai aprovar a sua nomeação.
“Estou muito motivado para continuar a desenvolver os muitos pontos fortes do grupo, em estreita colaboração com o Conselho de Administração e a equipa de gestão. Este é um momento de grandes oportunidades para o Grupo Credit Suisse, para os seus colaboradores, clientes e acionistas“, disse em dezembro do ano passado Horta Osório, em comunicado.
Neste encontro com o Financial Times, Horta Osório escusou-se a fazer comentários sobre o caso que agora afeta o Credit Suisse, mas garante que não tem o mesmo nível de preocupações que tinha quando em 2011 chegou ao Lloyd’s Bank. O banqueiro salienta as diferenças, um “franchise” muito forte, ao contrário do Lloyd’s há dez anos, e uma presença na Ásia e no mercado da gestão de fortunas.
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