“Acordo com a TAP vai ter de ser anulado e renegociado”, diz acionista da Groundforce
Conselho Fiscal e auditora Deloitte consideraram venda de equipamentos da Groundforce à TAP inválida por retirar toda a capacidade de operação da empresa, explicou Alfredo Casimiro ao ECO.
A Groundforce pediu à TAP a anulação do contrato de venda de equipamentos, que permitiu desbloquear dinheiro para os salários em atraso em março. O acionista privado Alfredo Casimiro confirmou ao ECO que marcou um conselho de administração para esta quarta-feira após ter recebido um parecer negativo do conselho fiscal da empresa sobre o acordo.
“O acordo é inválido. O conselho fiscal e os auditores da empresa — a Deloitte — consideraram o acordo inválido porque o mesmo retirava toda a capacidade de operação da empresa e, como foi considerado inválido, somos obrigados por lei a reverter opções que tínhamos tomado”, explica Casimiro (que detém 50,1% da Groundforce através da Pasogal, sendo os restantes 49,9% detidos pela TAP).
Após avanços e recuos nas negociações entre as duas empresas, foi fechado um contrato de venda de todos os ativos da Groundforce à TAP por sete milhões de euros. Estes equipamentos passaram a ser alugados à empresa de handling para manter a atividade, por 461.762 euros mensais (mais IVA). O primeiro pagamento deveria ser feito dia 30 de abril.
“O acordo vai ter de ser anulado e renegociado”, garante Casimiro, confirmando a notícia avançada esta terça-feira pela TVI. “Os sete milhões de euros têm de ser devolvidos. Obviamente que a empresa não está capitalizada para os devolver já, mas tem condições para pedir um plano de pagamentos“.
O conselho de administração da Groundforce vai reunir-se ainda esta quarta-feira sobre este processo de anulação do contrato. Questionada pelo ECO sobre o assunto, a TAP respondeu apenas que “está a acompanhar a situação da Groundforce em sede própria e estão a ser analisados os possíveis cenários”.
A companhia aérea recusou fazer mais comentários, nomeadamente sobre a alternativa avançada pela TVI de uma eventual insolvência. Já o dono da Pasogal rejeitou saber do que se trata. “Não sei o que são insolvências controladas e acho que o Ministério da Habitação e das Infraestruturas não está a perceber o que pode acontecer a 2.400 trabalhadores”, afirmou.
Contactado pelo ECO, o Governo não quis fazer comentários. O cenário de insolvência tem sido visto como último recurso. Em entrevista à RTP 3, na semana passada, o secretário de Estado Adjunto e das Comunicações Hugo Mendes disse apenas: “Vamos esperar que não tenhamos de chegar a uma situação em que o cenário de insolvência se possa colocar, mas o que podemos dizer é que a TAP não está em condições de ajudar mais a Groundforce”.
Para evitar uma eventual situação de insolvência, o acionista privado admite reforçar o capital da empresa. “Estou preparado para ir a um aumento de capital na Groundforce e, caso a TAP não vá, estou em condições de tomar 100% da companhia“, garante Casimiro ao ECO.
Tal como a TAP, a Groundforce está já a reagir à retoma da aviação e, apesar de admitir as dificuldades que a empresa ainda vive, Casimiro está otimista. “A empresa precisa de uma injeção de capital para poder ultrapassar este tema da Covid-19, mas tem todas as condições para fazer o seu caminho normal. Estamos numa situação difícil, mas acreditamos que vamos sobreviver”.
(Notícia atualizada às 18h10 com resposta da TAP)
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