Portugal é um dos “paraísos” em contexto Covid. Estes três gráficos mostram porquê
Portugal integra, a partir desta quinta-feira, a lista "verde" do corredor aéreo britânico. Com a situação epidemiológica lusitana controlada, a medida poderá ajudar a impulsionar a retoma do turismo.
Os britânicos têm “luz verde” para viajarem para Portugal sem grandes restrições, após vários meses em que só eram permitidas viagens essenciais e com regras apertadas. Numa altura em que a situação epidemiológica nacional é favorável e com a vacinação a ganhar ritmo, a procura por voos com destino a terras lusitanas, sobretudo para o Algarve, disparou.
Era grande a expectativa… e confirmou-se. O Governo britânico incluiu Portugal na “lista verde” de países considerados seguros para viajar e isentos de quarentena na chegada a Inglaterra. Assim, a partir desta segunda-feira e durante, pelo menos, três semanas (período em que a lista é revista), os viajantes precisam apenas de teste negativo para regressar ao Reino Unido e de repetir o teste dois dias depois, mas não ficam sujeitos a qualquer período de quarentena como acontece nas listas “laranja” e “vermelha”.
Portugal é dos poucos países da Europa a integrarem esta lista sem restrições, dado que a maioria vai ficar na lista “amarela”, o que implica restrições mais apertadas, como é o caso de Espanha, França e Grécia. Esta é, portanto, uma “boa notícia” para o turismo nacional, fortemente penalizado pela pandemia e muito dependente dos viajantes ingleses.
Ainda antes da pandemia, mais precisamente em 2019, 15% dos 24,6 milhões de turistas não residentes que Portugal recebeu eram provenientes do Reino Unido, apenas superados por Espanha, que representam 25,5% dos turistas estrangeiros que chegaram ao território nacional. Nesse ano, o número de turistas britânicos cresceu 7,6%, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Já em ano de pandemia, os números caíram a pique (quebra na ordem dos 78,5% face a período homólogo), mas o Reino Unido continuou a ser um dos principais mercados emissores de turistas para Portugal, com mais de dois milhões de turistas britânicos a pernoitarem em Portugal, o que representa 16,3% do total de dormidas.
Certo é que a integração de Portugal no corredor “verde” britânico, juntamente com controlada situação epidemiológica do país poderá ser o “rastilho” perfeito para a retoma do turismo. E a procura já se fez sentir, com um forte aumento das reservas, principalmente para o Algarve, que levou a um reforço da disponibilidade de bilhetes por parte de várias companhias áreas.
Esta situação reflete que Portugal está a ser encarado como um destino seguro para viajar. Se durante a terceira vaga da pandemia, mais concretamente em janeiro, o país esteve nas “bocas do mundo” pelas piores razões ao bater consecutivos recordes, agora a situação é bem mais convidativa.
Desde que arrancou o desconfinamento, a 15 de março e até à passada sexta-feira, Portugal contabilizou 26.866 novas infeções, em termos acumulados, num total de mais de 840 mil casos identificados desde o início da pandemia. Se compararmos com os valores registados no “pico” da terceira vaga a diferença é muito significativa. Só no mês de janeiro foram identificados 306.838 casos por Covid-19, ou seja, 11 vezes mais do que o número registado nos últimos dois meses.
Esta diminuição da incidência reflete-se também nos casos ativos em Portugal, isto é, nas pessoas que estão atualmente a lutarem contra a doença. Os dados referentes à passada sexta-feira, apontam que há neste momento 22.095 casos ativos no país, dos quais 126 nas últimas 24 horas, valor que contrastam com o recorde de 7.935 casos ativos atingido a 20 de janeiro.
A diferença é também muito sentida na taxa de mortalidade pela doença. Entre 15 de março e 14 de maio, morreram 305 pessoas em Portugal vítimas da Covid. Se compararmos com os 5.576 óbitos declarados em todo o mês de janeiro, trata-se de uma diminuição de 5.271 mortes registadas. No total, desde o início da pandemia já morram mais de 17 mil pessoas.
De notar que o crescente aumento do ritmo de vacinação em Portugal, bem como o facto da população com mais de 65 anos estar praticamente toda vacinada (mais de 80% das pessoas entre os 65 e os 79 anos já têm pelo menos uma dose da vacina) tem uma grande influência na situação epidemiológica do país já que 96% dos óbitos declarados em Portugal e associados à Covid foram registados nas faixas etárias acima dos 60 anos. Nesse sentido, o objetivo é ter toda a faixa etária com mais de 60 anos toda vacinada até ao final deste mês.
Estes bons resultados refletem-se também no número de hospitalizações e pessoas internadas em cuidados intensivos. Este domingo, estavam 245 pessoas internadas em enfermaria geral, das quais 76 em unidades de cuidados intensivos (UCI). Longe vão os tempos em que as ambulâncias faziam filas à porta dos hospitais. Nos primeiros dois meses do ano foram batidos sucessivos recordes neste âmbito, sendo que a 1 de fevereiro chegaram a estar 6.869 pessoas internadas por complicações associadas à Covid-19, um máximo de sempre. Quatro dias depois era batido novo recorde, com 904 internadas em UCI.
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