Centeno: Processo BES/Novo Banco tem sido “penoso socialmente, politicamente e financeiramente”
"O Novo Banco era novo, mas herdeiro de velhos problemas e com muitos e complexos desafios pela sua frente. Não era um banco bom”, afirmou Centeno esta terça-feira no Parlamento.
Passam quase sete anos desde a resolução do BES e o governador do Banco de Portugal considera que todo o processo tem sido “penoso socialmente, politicamente e financeiramente” e uma “lição que todos temos que aprender”. Mário Centeno disse que convém lembrar que quando que quando “dizemos Novo Banco, queremos dizer legado do BES”.
“O Novo Banco era novo, mas herdeiro de velhos problemas e com muitos e complexos desafios pela sua frente. Não era um banco bom”, afirmou Centeno esta terça-feira na comissão de inquérito ao Novo Banco.
“Foi preciso fazer dele um bom banco. E a sua reestruturação termina este ano, atestada pela Comissão Europeia. Assim as instituições portuguesas o permitam“, acrescentou o governador, piscando o olho ao Parlamento, que tem colocado um travão à nova injeção do Fundo de Resolução que poderá ascender a 410 milhões de euros.
Para Centeno, um processo como esta seria sempre “difícil em qualquer latitude, em qualquer país, e em qualquer jurisdição financeira, política, bancária”. “Sete anos é muito tempo, de facto. E é isso, para mim, pessoalmente, neste momento como governador do Banco de Portugal, e nas funções anteriores que ocupei, aquilo que mais define este processo”, frisou.
O antigo ministro das Finanças recusou a metáfora da “fruta apodrecida” que havia sido usada esta segunda-feira pelo seu antecessor no Banco de Portugal, Carlos Costa, mas disse que o Novo Banco tinha bastante ativos problemáticos (mais tarde acabou por dizer que a “cesta tinha fruta melhor do que outra”). E encontrava-se subcapitalizado e, por isso, não foi uma surpresa que a primeira tentativa de venda do banco tenha falhado em 2015. “Que surpresa ninguém querer comprar um banco subcapitalizado e cheio de ativos problemáticos, por um valor superior ao que foi injetado no momento da resolução”, referiu o governador na sua intervenção inicial.
Quanto à venda de 2017, Mário Centeno disse que não teria sido possível vender o banco em 2017 sem um mecanismo de capital contingente, lembrando que a “melhor proposta” que estava em cima da mesa previa uma garantia de 7,8 mil milhões de euros para proteger um conjunto de ativos tóxicos. O Novo Banco acabou vendido ao fundo americano Lone Star com um acordo de capital contingente de 3,89 mil milhões de euros.
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Mário Centeno começou a audição a apontar as responsabilidades da resolução do BES, em 2014, “apenas e só às ações e omissões dos sucessivos conselhos de administração do BES”.
“Também aqui não houve azar. Se a sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade, o azar acontece quando a incompetência encontra o dolo e a prática de atos de gestão ruinosa”, notou.
(Notícia atualizada às 17h11)
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