EUA lançam debate sobre a máscara após vacinação. Uns rejeitam, outros abraçam medida
Nos EUA, os vacinados podem dispensar a máscara na maioria das atividades. Mundo fora, alguns países rejeitam a ideia, outros abraçam-na. Na União Europeia ainda há muito debate pela frente.
O Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos da América (EUA) atualizou as suas normas quanto às pessoas totalmente vacinadas. Num vislumbre daquilo que será o regresso à normalidade, os norte-americanos totalmente vacinados já podem andar sem máscara na maior parte das situações. Alguns países seguem a receita americana, outros debatem-na e muitos rejeitam tirar as máscaras.
Nos Estados Unidos a vida pré-pandemia começou a regressar aos poucos, quando ainda no final de abril o CDC atualizou as suas normas referindo que para os vacinados quase todas as atividades ao ar livre são seguras. Agora foi ainda mais longe: até mesmo em interiores os norte-americanos poderão andar sem máscara. No entanto, continua a ser recomendado que as pessoas vacinadas usem máscara nos transportes (aviões, autocarros ou comboios), bem como nos aeroportos e estações ferroviárias.
Ainda assim, uma vida cada vez mais próxima daquela que conhecíamos antes da Covid-19. Mas não são os únicos. Também em Israel (que é um dos países com a vacinação mais rápida do mundo) a obrigatoriedade do uso de máscara foi suspensa, apesar de ainda ser recomendado aos israelitas que a utilizem em locais públicos fechados e em grandes ajuntamentos. Neste país as pessoas já andam mais livremente, inclusive indo a bares e a concertos.
EUA e Israel são dos países com a vacinação mais rápida do mundo, mas não são os únicos. A eles juntam-se países e territórios como Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Gibraltar e até a Hungria. Em Gibraltar já não é necessário usar máscara na rua e, no Reino Unido, nunca foi obrigatório. No entanto, o governo de Boris Johnson já apontou o verão como data para o levantamento das restrições, inclusive o distanciamento social.
Nos Emirados a experiência traumática da última vaga não permite que levantem as restrições tão cedo, mas esperam que seja em breve. Isto porque, Dubai tinha-se aberto ao mundo como “destino sem restrições” o que correu mal e levou a um surto em janeiro com as medidas a serem impostas novamente. Agora, com a vacinação em “velocidade cruzeiro” e a vontade de voltar à normalidade, a Autoridade Nacional de Gestão de Desastres e Crises de Emergência emitiu um comunicado onde diz estar a ponderar “medidas rigorosas” para “restringir o movimento de indivíduos não vacinados”, entre as quais a restrição de entrada em certos locais ou serviços.
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Na União Europeia ainda há muito debate pela frente
São vários os países que começam a aligeirar as restrições para os vacinados, mas foi essencialmente com o levantamento das restrições nos EUA que o debate em relação ao uso de máscara se acendeu novamente e na União Europeia há abordagens muito diferentes, a começar pela da Hungria — país da União Europeia com maior taxa de vacinação (usando vacinas ainda não autorizadas pela Agência Europeia do Medicamento). Os húngaros imunizados têm um “cartão de imunidade” que lhes dá acesso a variadas atividades e estabelecimentos. E, em breve, poderão “deitar fora a máscara”, segundo disse o virologista Miklós Rusvai ao canal de televisão RTL Klub.
Em Portugal o secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, recusa a dispensa do uso de máscara e sublinhou que, após vacinação, “o que há de robustez em termos científicos é que há uma imunogenicidade, por assim dizer, contra doença grave”. No entanto, o país não tem ainda “definição quanto a esse processo”.
França parece seguir as pisadas de Portugal, apesar do ministro da Saúde francês, Olivier Véran ter posto essa hipótese em cima da mesa, atirando a decisão para o verão, quando houver mais gente vacinada. Em Itália um dos secretários de Estado da Saúde, Pierpaolo Sileri, também deixou em aberto a decisão, esperando que primeiro estivessem vacinados, pelo menos, 30 milhões de italianos.
Ao mesmo tempo, em Espanha, esta segunda-feira, o diretor do Centro de Alertas e Emergências Sanitárias, Fernando Simón, admitiu que é “muito possível” que se possa facilitar a utilização das máscaras ao ar livre daqui a “não muitos dias”. Contudo, o responsável adiantou que a decisão vai depender da evolução da pandemia, nomeadamente da taxa de incidência acumulada a 14 dias, bem como do número de pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos.
Já na Alemanha as máscaras continuam a fazer parte do dia-a-dia dos alemães. Todavia, há outras regalias para aqueles que estão totalmente imunes (vacinados ou recuperados), como por exemplo: não estão sujeitos ao recolher obrigatório, encontros com outras pessoas também imunes, dispensa de apresentar teste negativo em lojas ou de ficar e quarentena depois de uma viagem (exceto zonas com novas variantes, como a Índia).
Está “cada um por si”, visto que a União Europeia não emitiu nenhuma orientação conjunta. No entanto, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças já disse, em abril, que as regras de distanciamento social e os requisitos de máscara podem ser flexibilizados para aqueles que são vacinados. Mas não é algo com o qual toda a comunidade científica concorde, especialmente no que diz respeito aos países com uma menor taxa de vacinação.
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