Irlanda admite primeiro acordo sobre taxação de multinacionais ainda em 2021
Ministro das Finanças da Irlanda frisa que só com um acordo global haverá concorrência legítima. Pascal Donohoe pensa que um acordo entre os EUA e outros países “irá alimentar o processo na OCDE".
O ministro das Finanças da Irlanda admite que um acordo entre os EUA e grandes economias europeias sobre um imposto mínimo para as multinacionais ocorra ainda em 2021, mas frisa que só com um acordo global haverá concorrência legítima.
Em entrevista à Lusa, Pascal Donohoe, em Lisboa para as reuniões do Eurogrupo e do Ecofin, frisa desde logo que fala sobre o assunto na qualidade de ministro das Finanças e não na de presidente do Eurogrupo, que “não desempenha um papel na tributação”, o que o impede de “falar em nome” dos 27 a esse respeito.
“Acredito que haverá um acordo muito provavelmente na segunda metade de 2021. E acredito que o acordo dará início ao processo de mudança em relação à forma como as grandes empresas são tributadas”, afirma sobre as negociações em curso entre os Estados Unidos e as principais economias da União Europeia (UE).
Pascal Donohoe, que tutela as Finanças de um país que tem dos impostos mais baixos para as empresas (12,5%), assegura que é para si “claro” que “é mesmo preciso mudar”, atendendo às “preocupações claras dos cidadãos em relação à forma como as empresas muito grandes são tributadas”. Mas, frisa, “isso terá de facto consequências” na Irlanda e em outros “países pequenos” que são “muito abertos”.
“Mas estaremos prontos para essa mudança. Embora tenhamos opiniões e interesses particulares que vamos defender nas negociações em curso, continuo a acreditar que é do nosso interesse que se chegue a um acordo e que traga alguma estabilidade a esta questão para os anos vindouros”, afirma.
Pascal Donohoe assegura que defende a “necessidade de uma concorrência fiscal legítima”, mas sublinha que “essa concorrência tem de ocorrer dentro de limites específicos” e adverte que deve ter-se em conta o que “isto pode significar para a competitividade da Europa”.
Um acordo entre os Estados Unidos e outros países, considera, “irá alimentar o processo na OCDE”, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
“E penso que é no seio da OCDE que será alcançado um acordo. Se olharmos para ele de um ponto de vista europeu, se a Europa vai fazer uma mudança no regime fiscal das empresas, vai querer fazê-lo, por exemplo, com as economias do G-7”, explica.
“O lugar em que esse acordo vai acontecer é a OCDE”, sublinha, admitindo que ele será “muito complicado” e “muito importante” e que “vai levar tempo a ser implementado”.
“Porque se a Europa vai mudar, vai querer ver outros países como a América, como outros parceiros do G7, mudarem ao mesmo tempo. Não é possível fazer esse tipo de mudança a nível bilateral”, insiste.
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