Fim do teletrabalho? Há vários profissionais que preferiam demitir-se
O regresso ao escritório e o fim do teletrabalho não está a agradar aos profissionais que abraçaram o trabalho remoto e que querem modelos de trabalho semelhantes ao que tiveram durante a pandemia.
Com a pandemia da Covid-19 a mostrar, finalmente, sinais de tréguas, em parte graças ao processo de vacinação, alguns empregadores começam a convidar os colaboradores a regressar ao escritório. Para quem abraçou o trabalho remoto e deseja manter um modelo semelhante mesmo após a pandemia, a notícia não está a ser bem recebida. E, muitos, pelo menos nos Estados Unidos, admitem demitir-se caso não lhes sejam dadas outras opções.
Um inquérito realizado em maio deste ano a mil adultos americanos mostrou que 39% considerariam demitir-se caso os seus empregadores não fossem flexíveis em relação ao trabalho à distância. E entre os millennials (nascidos entre 1980 e 1994) e a geração Z (1995-2010), a percentagem aumenta para 49%, de acordo com os dados da Morning Consult, citados pela agência Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).
Enquanto empresas como a Google ou a Ford Motor prometeram uma maior flexibilidade, muitos líderes também têm vindo a elogiar a importância de estar no escritório, alertando para o que consideram os perigos do trabalho à distância, como a diminuição do espírito de equipa ou de colaboração ou o risco de se perder a cultura empresarial.
A justificação daqueles que defendem o fim teletrabalho contrasta, no entanto, com a opinião dos profissionais entrevistados pela Bloomberg. Portia Twidt, compliance specialist, decidiu despedir-se do seu trabalho depois de ter sido pressionada a voltar ao escritório. A gota de água foi quando recebeu o convite para uma reunião presencial de 360 segundos. A profissional compareceu à reunião na empresa, que em poucos minutos terminou. Nessa altura, Portia Twidt também decidiu que o seu trabalho naquela empresa estava terminado.
"Alguns líderes sentem que não estamos a trabalhar se não nos puderem ver.”
“Alguns líderes sentem que não estamos a trabalhar se não nos puderem ver”, diz. “É uma jogada de poder”, continua, salientando que este é um comportamento comum sobretudo nas gerações menos familiarizadas com o trabalho remoto, ansiosas por recuperar o controlo.
Também Jimme Hendrix, programador, deixou o seu emprego em dezembro, depois de a empresa para a qual trabalhava apresentar os seus planos para trazer os colaboradores de volta ao escritório. “Durante a Covid comecei realmente a ver o quanto gosto de trabalhar a partir de casa”, conta. Um dos principais benefícios é o maior controlo sobre o seu próprio tempo, diz o programador, salientando que deixou de fazer duas horas de viagem diárias para chegar ao escritório, começou a deslocar-se mais de bicicleta e está mesmo a pensar vender o carro.
Para Sara Sutton, CEO do FlexJobs, “o trabalho remoto e híbrido veio para ficar”. Um inquérito realizado por esta empresa mostrou que mais de um terço dos inquiridos afirmaram poupar, pelo menos, cinco mil dólares por ano por trabalharem à distância. A redução dos custos e do tempo perdido nas viagens de casa para o trabalho foram as principais vantagens apontadas.
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