Especialistas pedem medidas em Lisboa
Peritos defendem que Lisboa tem de recuar no desconfinamento para travar a mobilidade de pessoas, evitando situações de maior contacto. Região concentra 60% do total de internados com Covid-19.
Lisboa já ultrapassou o limite dos 240 casos por 100 mil habitantes e a tendência é para continuar a crescer. Vários especialistas defendem que Lisboa tem de recuar no desconfinamento para travar a mobilidade de pessoas, evitando situações de maior contacto.
Segundo disse ao Diário de Notícias o professor Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a estratégia de testagem já não está a funcionar e está-se a perder o controlo. “Na prática já estamos numa quarta onda pandémica, porque a fase que estamos a viver já está com uma amplitude e um comprimento semelhante à onda de março do ano passado, que se estendeu até maio.”
Já o pneumologista Carlos Robalo Cordeiro, do gabinete de crise da Ordem dos Médicos, não fala numa quarta vaga, mas admite que há o risco de acontecer. “Estamos a viver o mesmo risco que corremos no ano passado nesta altura, em que Lisboa foi também um foco de aumento de casos”, declarou ao DN.
Por isso, ambos pedem mais ação em Lisboa que é o maior impulsionador dos números de novos casos no país. “Na minha opinião, um passo atrás pode e deve ser dado em Lisboa, sob pena de não o fazermos e estarmos a adiar uma decisão difícil. Acho que é possível contornar esta situação se existir a coragem, como existiu no caso de Sesimbra [município estava apenas em alerta mas pediu ao Governo para não avançar no desconfinamento], de dar um passo atrás. A Câmara de Lisboa, a DGS e o Ministério têm de chegar à conclusão que a incidência está a evoluir e que, para a semana, só piorará se não fizermos nada. Já estamos acima de 240 e poderíamos regressar à fase de 19 de abril para tentar consertar a situação”, disse ao Público (acesso condicionado) Carlos Antunes.
Por outro lado, alguns especialistas como a pneumologista Raquel Duarte e Duarte Vital Brito, membro da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), preferem aguardar por uma reavaliação antes de defenderem medidas mais apertadas para Lisboa. “São decisões também políticas e não meramente do foro da saúde pública”, afirmou Vital Brito ao Público.
Os dados revelam que é em Lisboa e Vale do Tejo que se concentra a maioria dos novos casos de Covid-19. Por exemplo, no boletim de terça-feira as autoridades de saúde davam conta de 973 novos casos, 629 na região de Lisboa e Vale do Tejo. E é também nessa região que, noticia o Público, estão mais de 60% dos internados com a doença. Na segunda-feira estavam 346 pessoas internadas com Covid-19, 215 das quais em Lisboa e Vale do Tejo.
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