Oposição da administração da Mutualista Montepio não consegue lista única às eleições
De momento, perfilam-se quatro listas para as eleições de dezembro da Mutualista. Oposição não se conseguiu entender numa lista única.
A oposição à atual administração da Associação Mutualista Montepio Geral não se conseguiu entender numa lista única às próximas eleições para os órgãos sociais, que ocorrerão no final deste ano, pelo que deverá haver quatro listas à liderança da mutualista.
O Público noticiou esta quarta-feira que, ao fim de meses de negociações de bastidores, os vários grupos que contestam a liderança da Associação Mutualista Montepio Geral, atualmente liderada por Virgílio Lima (que substituiu Tomás Correia em 2019), não chegaram a acordo para concorrerem juntos às próximas eleições.
Em comunicado divulgado na quarta-feira ao fim da noite, Eugénio Rosa, Manuel Ferreira, Carlos Areal e Viriato Silva disseram que fizeram “todos os esforços”, mas que não foi possível fazer “uma lista de unidade que integrasse representantes de um grupo de quadros do Montepio e da ex-lista B que concorreu às eleições realizadas em 2018”.
Estes quatro associados explicam que não houve entendimento com os quadros do Montepio porque estes queriam ter maioria dos membros do Conselho de Administração (quatro em sete) e também não houve entendimento com as pessoas ligadas à lista B das eleições de 2018 (cuja figura de proa era Fernando Ribeiro Mendes), uma vez que estas queriam ter a “larga maioria” dos lugares do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal”, apesar de nas eleições de 2018 só terem tido 20,1% dos votos.
“Face ao desequilíbrio que resultaria de aceitação de qualquer uma destas propostas, somos forçados a iniciar a constituição de uma lista que continua a ser da unidade – incluindo várias correntes de opinião – que defenda os verdadeiros valores do mutualismo, que vise a recuperação do Montepio e a defesa dos interesses e dos direitos dos associados e dos trabalhadores do Montepio (que são também associados), mas que vivem neste momento, novamente, sob a ameaça potencial de centenas de despedimentos”, afirmam os quatro associados.
Eugénio Rosa, Manuel Ferreira, Carlos Areal e Viriato Silva continuam a considerar urgente substituir a atual administração, que consideram ainda ligada a Tomás Correia, para que “o Montepio recupere a confiança dos associados e garanta as suas poupanças”.
Assim, de momento, perfilam-se quatro listas para as eleições de dezembro da mutualista.
Uma lista ligada ao atual Conselho de Administração (mas sem o administrador Luís Almeida, segundo o jornal Público); uma lista composta por quadros do banco (com destaque para Pedro Alves, presidente do Montepio Crédito), a lista de Ribeiro Mendes e Miguel Coelho (quadro do Montepio), que já concorreu em 2018, e cujo candidato à presidência deverá ser o professor universitário Pedro Corte Real, segundo o Público; e, por fim, a lista que integra Eugénio Rosa, Manuel Ferreira, Carlos Areal e Viriato Silva (que também já concorreu em 2018), mais ligada ao PCP mas que indica que desta vez terá pessoas de outras tendências políticas.
Apesar de as eleições serem apenas em dezembro, até final deste mês de junho os candidatos ao Conselho de Administração e ao Conselho Fiscal da mutualista já têm de ser dados a conhecer à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), para o regulador avaliar os nomes (desde logo a idoneidade) e fazer o seu registo. Até meados de setembro terão de ser entregues as listas completas.
A Associação Mutualista Montepio Geral tem quase 600 mil associados.
As eleições de dezembro vão eleger o Conselho de Administração, o Conselho Fiscal, a Mesa da Assembleia-Geral e a Assembleia de Representantes (o novo órgão social da mutualista, ao abrigo dos novos estatutos, que substitui o Conselho Geral).
Na semana passada, terminou a assembleia-geral da Associação Mutualista Montepio Geral, que decorreu ao longo de quatro sessões e aprovou as contas individuais de 2020, os novos estatutos e o novo regulamento eleitoral.
Em 2020, a Associação Mutualista Montepio Geral (contas individuais) teve prejuízos de quase 18 milhões de euros, melhor do que os 408,789 milhões de euros negativos de 2019.
Estas contas tiveram reservas da auditora PWC, que considera que o valor registado em ativos por impostos diferidos (de 867,6 milhões de euros, que permitem melhorar os resultados) não são recuperáveis. Já o relatório do grupo de trabalho dos ativos diferidos, também divulgado no relatório e contas, diverge da PWC ao concluir da recuperabilidade desses ativos.
Contudo, ainda falta ser realizada este ano a assembleia-geral que analisará as contas consolidadas da mutualista de 2020, que ainda não foram divulgadas. As contas consolidadas integram as empresas detidas pela associação mutualista, caso do banco Montepio (que em 2020 teve prejuízos de 80,7 milhões de euros) e as seguradoras.
Ainda sobre o Montepio, o economista Eugénio Rosa publicou na semana passada um estudo em que critica o número de administradores e salários dos administradores do banco Montepio, comparando com a Caixa Geral de Depósitos (de dimensão bem maior), recordando ainda que tal acontece quando o banco Montepio está a levar a cabo um programa de saída de centenas de trabalhadores.
Eugénio Rosa critica ainda as despesas relacionadas com os carros usados pelo Conselho de Administração, considerando inadequada a aquisição em sistema de ‘leasing’ de viaturas de preço a rondar 80/100 mil euros, gastos que diz serem uma “imoralidade” face a um banco que tem apresentado prejuízos e despedido pessoas.
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