Mais internados, mais em UCI. E mortalidade da Covid-19 agrava-se
Apesar do número de óbitos estar longe do pico de janeiro, só na última semana morreram tantas pessoas por Covid-19 como em todo o mês de maio (51). Internamentos superam os 800.
A pandemia continua a acelerar em Portugal, ainda que o risco de transmissão por Covid-19 esteja mais lento. A pressão no SNS está a aumentar, com os internamentos a superarem os 800 e as unidades de cuidados intensivos a mais de dois terços (72%) do valor definido como crítico. E se até meio de junho, os óbitos estavam em mínimos, o número de mortes, em termos semanais, está a subir, apesar de ainda estar bastante longe do “pico” de janeiro.
Desde 31 de maio e até esta segunda-feira, Portugal contabilizou 83.447 novas infeções, em termos acumulados, num total de mais de 930 mil casos identificados desde o início da pandemia. A pandemia continua a agravar-se ainda que o ritmo de transmissão esteja “mais baixo do que na semana passada, parecendo verificar-se alguma diminuição da velocidade de crescimento”, tal como apontou a ministra de Estado e da Presidência, no último Conselho de Ministros.
O número de novas infeções está a subir há, pelo menos, 11 semanas consecutivas, sendo que na quarta-feira passada Portugal voltou a ultrapassar a fasquia das quatro mil infeções diárias, tal como estimado no início deste mês pela ministra da Saúde. Apesar de ainda ser cedo para tirar conclusões definitivas, face a este agravamento Marta Temido admitiu que a região de Lisboa poderá já estar no pico da pandemia.
Em termos nacionais, só na última semana (entre 12 a 18 de julho), Portugal registou 22.711 novos casos por Covid-19, o que dá, em média, aproximadamente 3.244 casos por dia. Contas feitas, é quase o triplo do somatório de casos de infeção registado um mês antes, isto é, na semana entre 14 a 20 de junho, quando foram detetados 7.603 casos de infeção nesse período (cerca de 570 por dia, em média).
Se compararmos com a semana anterior (de 5 a 11 de julho), tinham sido registadas 18.886 novas infeções nesse período (cerca de 2.698 casos por dia). Ou seja, na última semana houve, em média, mais 546 casos por dia. Já na semana de 28 de junho a 4 de julho, foram registados 14.541 novos casos acumulados (uma média de 2.077 por dia), enquanto na semana de 21 a 27 de junho houve 9.497 novos casos (em média 1.357 por dia).
Apesar de a vacinação estar a correr a bom ritmo e de se terem acelerado os esforços devido à rápida disseminação da variante Delta, este aumento de casos está já a refletir alguma pressão sobre os sistemas de Saúde. E se no início do mês, as autoridades de saúde já chamavam à atenção para a capacidade das unidades de cuidados intensivos (UCI) a pressão está a aumentar, estando já em “72% (semana passada 56%) do valor crítico definido de 245 camas ocupadas”, lia-se no último relatório de monitorização das Linhas Vermelhas”.
Assim, os números de internamentos e UCI já superam as projeções antecipadas pela ministra da Saúde para este mês, que estimava que o número de internamento subisse “para lá de 800” e nas unidades de cuidados intensivos (UCI) “para lá de 150″ em meados de julho. Só nas últimas 24 horas, estavam 851 pessoas internadas e 181 em UCI, de acordo com o relatório da DGS.
Com base nos relatórios divulgados pela DGS é possível constatar que o número de internamentos está a subir há, pelo menos, seis semanas consecutivas. Só na última semana, entre 12 e 18 de julho, houve em, média, 763 pessoas internadas em enfermaria geral. Se comparamos com a semana anterior, entre 5 a 11 de julho, trata-se de um aumento de 22,8% (cerca de 142 pessoas), isto é, uma média semanal de 621 internados.
Mas a diferença é ainda mais significa se compararmos com o mês anterior. A título de exemplo, na semana entre 14 a 20 de junho, houve, em média, 369 pessoas internadas. Isto significa que no espaço de um mês e quando comparado com a última semana (763), o número de pessoas internadas mais do que duplicou.
Quanto ao número de pessoas em UCI, é possível constatar que este indicador está também a aumentar. Só nos últimos sete dias, (entre 12 e 18 de julho), houve, em média, 170 pessoas internadas nestas unidades, contra os 139 registados na semana anterior (entre 5 e 11 de julho).
Assim, se compararmos o número de pessoas internadas em UCI com o balanço da primeira semana de junho (entre 31 de maio e 6 de julho), o valor mais do que triplicou. Nesse período estavam apenas 52 pessoas internadas. OU seja, no espaço de um mês e meio há mais 118 pessoas internadas em UCI.
Quanto ao número de óbitos, a tendência também é crescente, ainda que bastante longe dos valores registados no “pico” da terceira vaga em janeiro deste ano. Só na última semana (entre 12 e 18 de julho), Portugal registou 51 óbitos acumulados, ou seja, mais sete do que os registados na semana anterior (de 5 a 11 de julho) e o mesmo número do que os registados em todo o mês de maio, o menor número de óbitos desde o início da pandemia, já que o recorde até então era em agosto, período em que faleceram 87 pessoas vítimas da doença.
Além disso, é também possível constatar que no espaço de um mês, o número de óbitos semanal quase triplicou. Entre 14 a 20 de junho, morreram 18 pessoas pela doença, o que compara com os 51 óbitos registados na última semana. Entre 31 de maio e até esta segunda-feira, morreram 190 pessoas em Portugal vítimas da Covid-19. No total, há já mais de 17 mil mortes associadas à doença.
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