“Este Orçamento corre riscos maiores” por causa das autárquicas, diz Rui Rio
O líder do PSD remete a responsabilidade de uma eventual crise política com o chumbo do OE para o PS, Bloco e PCP. Diz estar preparado para ir a eleições legislativas caso se concretize esse cenário.
Rui Rio ainda se lembra do que António Costa disse no verão passado: “No dia em que a sua subsistência depender do PSD, este Governo acabou”, disse o primeiro-ministro a propósito do Orçamento do ano passado. Após o Bloco e o PCP terem dito que votam contra a proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) se não houver alterações, o líder social-democrata diz que “nem que o PSD tivesse essa disponibilidade” de viabilizar o OE a crise seria evitada. Perante este panorama, Rio diz que “este orçamento corre riscos maiores por força do resultado autárquico”.
O presidente do PSD até começou por dizer que numa “situação de normalidade até podia fazer algum sentido” os social-democratas viabilizarem um Orçamento socialista, mas relembrou logo de seguida as palavras de Costa em que este excluía o maior partido da oposição de qualquer entendimento. Acresce que Rio já vê um voto contra à vista: “Um documento construído para agradar à esquerda… É difícil que agrade ao centro“, afirmou, remetendo um anúncio formal para mais tarde. Após uma leitura mais profunda da proposta, Rio vai decidir o voto “em completa liberdade” dado que “não conta para nada”.
Quem conta e quem fica com a “responsabilidade”, acrescentou em declarações transmitidas pela RTP3 esta quarta-feira, é a esquerda: “Quem abre a crise é o PS, PCP ou BE, não somos nós“, afirmou, lembrando aos bloquistas e aos comunistas que partilham a responsabilidade com os socialistas. “A última coisa que é aconselhável ao país neste momento é uma crise política“, considera o líder social-democrata, garantindo que se fosse Presidente da República ou primeiro-ministro “tudo faria para evitar essa crise política”.
Porém, está preparado para a crise política e eleições. Questionado sobre se está em condições de disputar legislativas numa altura em que o partido vai marcar eleições diretas, Rio não hesitou a dizer “claro”. “Depois de sair destas autárquicas, é ainda mais fácil“, acrescentou, dando a entender que o resultado fortaleceu a sua posição, principalmente por causa da vitória em Lisboa e em Coimbra. É também às autárquicas que atribuiu a turbulência à esquerda na negociação deste OE.
Apesar de ter dito que não está “convencido” de que vá haver uma crise política, Rui Rio começa já a preparar-se para essa eventualidade. A direção do partido propôs esta quarta-feira que as eleições diretas se realizem a 4 de dezembro, em vez de mais cedo e o presidente do PSD argumenta que é melhor só marcar a data após o voto do OE no Parlamento. “Entendo que o PSD, e particularmente o seu Conselho Nacional, deviam ponderar muito bem se devem efetivamente marcar as eleições diretas ou o Congresso para estas datas ou se o Conselho não deve antes, não marcar as eleições e adiar para um novo Conselho a reunir depois da votação do Orçamento do Estado”, disse. Rio deixou claro que, no eventual caso de uma crise política por causa do OE, avançava para candidato a primeiro-ministro.
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