Fed aperta regras éticas para investimentos de dirigentes e quadros superiores
A imposição de um conjunto de restrições aos investimentos que os dirigentes da Reserva Federal podem fazer surge na sequência de transações polémicas de dois presidentes, que entretanto se demitiram.
A Reserva Federal (Fed) impôs um novo e alargado conjunto de restrições aos investimentos que os seus dirigentes podem fazer, em resposta a transações polémicas recentes que já forçaram duas demissões.
Na quinta-feira, o banco central dos EUA anunciou que os seus dirigentes e quadros superiores seriam proibidos de investir em títulos individuais, tanto ações como obrigações.
Têm ainda de avisar com 45 dias de antecedência, e esperar pela aprovação, qualquer transação que tencionem fazer. E têm de manter o título em que investiram durante pelo menos um ano.
Estes dirigentes e quadros superiores vão ter de vender todos ações e obrigações que agora possuam, bem como qualquer categoria de títulos, incluindo obrigações municipais, que a Fed está a comprar, como parte do seu programa de estímulos económicos.
As novas regras também vão exigir que os membros da Fed visados revelem publicamente todas as transações financeiras dentro de 30 dias, além de impedirem transações durante períodos de “‘stress’ acrescido no mercado financeiro”. A Fed adiantou que ainda não decidiu como definir estes períodos.
Em comunicado, o banco central norte-americano informou que vai incorporar estas restrições nas suas políticas escritas “nos próximos meses”. Os dirigentes da Fed sugeriram que poderiam ter de aumentar o departamento jurídico para as aplicar.
“Estas novas e duras regras elevam o nível da exigência para garantir ao público que servimos que todos os nossos dirigentes seniores se mantêm focados na missão pública da Reserva Federal”, disse o presidente da instituição, Jerome Powell, no texto distribuído.
Powell, que está sob consideração da Presidência Biden para um segundo mandato de quatro anos no cargo, tem estado debaixo de críticas, depois de ter sido divulgado que dois então presidentes de bancos do Sistema da Reserva Federal tinham feito transações em bolsa na primavera passada.
Um, Robert Kaplan, que dirigia o banco da Fed em Dallas, transacionou títulos no montante mínimo de um milhão de dólares em 22 ‘papéis’ no ano passado, incluindo Apple, Facebook e Chevron.
O outro, Eric Rosengren, presidente do banco da Fed em Boston, investiu em fundos de obrigações garantidas por hipotecas imobiliárias do mesmo tipo das que a Fed estava a comprar, no seu esforço de manter as taxas de juro baixas.
Kaplan e Rosengren anunciaram as respetivas demissões pouco depois de esta informação ter sido tornada pública.
O mandato de Powell acaba em fevereiro, mas é esperado que a Casa Branca anuncie uma decisão durante o outono.
O próprio Powell também já recebeu críticas pelos seus investimentos. Antigo sócio do Carlyle Group, uma firma de investimento, Powell possui obrigações municipais.
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