Rangel volta a ganhar a Rio no Conselho Nacional. Eleições diretas a 27 de novembro
Rio Rio queria eleições diretas depois das legislativas, mas depois tentou comprimir calendário e mudar universo eleitoral. Perdeu as duas propostas no Conselho Nacional. Diretas a 27 de novembro.
Paulo Rangel volta a ganhar no Conselho Nacional do PSD, e em toda a linha, contra Rui Rio. As eleições diretas do partido são antecipadas para 27 de novembro e o universo eleitoral com competência para votar mantém-se como está, isto é, só com quotas em dia. Rio, depois de andar a dizer que queria eleições internas depois das legislativas, queria antecipar diretas para 20 de novembro e ainda tentou mudar as regras eleitorais a meio do processo. Os conselheiros do PSD votaram de forma expressiva contra estas duas propostas.
A expectativa sobre o Conselho Nacional do PSD era grande, antecipava-se um confronto direto e ao vivo entre o atual presidente, Rui Rio, e o eurodedeputado e candidato à liderança, Paulo Rangel. No último Conselho Nacional, ainda antes da decisão do Presidente da República de dissolver a Assembleia da República e de marcar eleições para 30 de janeiro, o PSD tinha marcado as suas diretas para 4 de dezembro.
Com a decisão anunciada de Marcelo, Rio tentou virar o jogo. Em entrevista à TVI, disse primeiro que esperava uma reflexão dos conselheiros nacionais para o adiamento das eleições internas e logo a seguir, na mesma entrevista, revelou que estaria disponível para tentar comprimir os prazos. O objetivo, explicou, era não deixar António Costa ‘à solta’ tanto tempo. Mas os conselheiros nacionais do PSD foram claros, pela segunda vez, na reprovação das propostas do atual líder, o que é o sinal para as eleições diretas que aí vêm. Se o universo eleitoral do PSD fosse o Conselho Nacional, Paulo Rangel já seria o líder do partido. As propostas do eurodeputado passaram com 76 votos a a favor, 28 votos contra e 18 abstenções.
Primeiro, as datas. Rio começou por propor eleições diretas a 20 de novembro e Congresso a 10, 11 e 12 de dezembro. Rangel — que tinha como proposta antecipar o Congresso para 17,18 e 19 de dezembro — aproveitou para antecipar as datas das internas, propondo diretas a 27 de novembro e Congresso a 3, 4 e 5 de dezembro. Sentaram-se à mesa dos dois candidatos e conseguiram chegar a acordo nas datas do congresso (17, 18 e 19 de dezembro), mas mantiveram-se as divergências na data das diretas. Venceu a proposta de Rangel para realizar as eleições a 27 de novembro.
Surpreendente foi a jogada de Rio em relação ao universo eleitoral. Rio, o líder que foi sempre rígido sobre a exigência de pagamento de quotas por parte dos militantes, que chegou a fazer uma limpeza dos cadernos eleitorais por causa das quotas quando era secretário-geral (e Marcelo presidente do partido), que se. bateu sempre contra as manipulações no pagamento de quotas na 25ª hora, queria mudar as regras a meio do jogo e isto só tem uma explicação: O atual líder sabe já que a votação pende para Rangel e por isso tentou mudar o universo eleitoral, na esperança de que isso lhe permitisse recuperar alguma capacidade eleitoral.
Os conselheiros nacionais do PSD reprovaram a proposta de mudança. “Propus que todos os militantes ativos votem. Não são todos os que estão nos cadernos, mas todos os que têm a quota atrasada um ou dois anos. Mais do que isso, não. Só se pagarem. Assim, passamos de um universo de 20 mil/30 mil para um universo de 70 mil militantes. Para quem estava preocupado com legitimidade, aqui tem. Quem tem medo de eleições? Eu não tenho”. disse Rio aos jornalistas, a meio do Conselho Nacional, tentando forçar a mudança. Mas não ficou sem resposta de Rangel. “Quando falamos no universo eleitoral e de saber quem deve votar e quem não deve votar, não devemos mudar as regras a meio do jogo”. E até o presidente do Conselho de Jurisdição Nacional, Paulo Colaço, defendeu a posição de Paulo Rangel, anunciando que aquele órgão “entende que essa norma não pode ser violada e, portanto, a questão da votação sem pagamento por causa das quotas, não pode colher da parte da jurisdição.”
Neste Conselho Nacional, que fez lembrar outros de outras noites longas do PSD, apareceu Alberto João Jardim, colado a Rui Rio e a tentar levar as diretas para depois das legislativas, e até uma terceira via, que os apoiantes de Rangel consideram ser uma espécie de ‘cavalo de tróia’ de Rio. Nuno Miguel Henriques afirma que é uma alternativa a Rio e a Rangel, mas foi crítico do eurodeputado. Para já, consegue uma coisa: Passa a ser possível uma terceira volta nas diretas de 27 novembro se nao houver uma vitória com mais de 50% dos votos.
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