Aprovação do PRR chega “na altura certa” para economia portuguesa, diz Leão

  • Lusa
  • 13 Julho 2021

PRR "ajudará Portugal não só a recuperar desta fase de crise na altura certa, mas também será um plano para construir um futuro melhor, mais verde e mais sustentável”, diz Leão.

A aprovação formal do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal, prevista para esta terça-feira, 13 de julho, no Conselho Ecofin, em Bruxelas, chega “na altura certa” para a economia portuguesa, comentou o ministro das Finanças à entrada para a reunião.

“Vamos estar no primeiro Ecofin da presidência eslovena. Depois de seis meses de trabalho intenso da presidência portuguesa da UE, vamos conseguir hoje aprovar finalmente os 12 primeiros planos de recuperação europeus, de diferentes 12 países, nos quais se inclui o plano português. Estes planos chegam na altura certa para as economias europeias e para a economia portuguesa”, declarou João Leão à chegada ao Conselho.

Apontando que o último ano foi sobretudo “de medidas de emergência e de apoio às empresas e às famílias para ajudar o emprego e o rendimento das famílias num momento de crise”, Leão sublinhou que agora é “a fase de viragem para a recuperação económica, quer em Portugal, quer na Europa”.

“E é com muito orgulho que vamos aprovar os planos hoje. O plano português foi o primeiro a ter a luz verde da Comissão Europeia e a ser aprovado. Esse plano, que é um plano muito ambicioso, vai ajudar-nos a recuperar a economia portuguesa e a construir um futuro melhor”, disse.

Leão lembrou que o plano português “ajudará a transição verde e digital”, com 38% dos investimentos destinados a “ajudar a transição verde e combater as alterações climáticas, promovendo a eficiência energética e promovendo também a descarbonização da indústria e melhorando o ambiente”, e 22% consagrados a “melhorar em termos digitais a administração pública e as empresas, com investimentos muito significativos nas escolas e em centros profissionais”.

“É um plano que ajudará Portugal não só a recuperar desta fase de crise na altura certa, mas também será um plano para construir um futuro melhor, mais verde e mais sustentável”, concluiu.

Igualmente à entrada para a reunião de ministros das Finanças da UE, o comissário europeu da Economia comentou que este “é um dia muito importante”, pois a aprovação dos primeiros 12 PRR marca “o verdadeiro arranque do pacote de recuperação” acordado pelos 27 em 2020 para superar a profunda crise provocada pela pandemia da covid-19.

Apontando que os 12 Estados-membros que verão hoje os seus planos formalmente aprovados receberão os primeiros desembolsos – relativos ao pré-financiamento – “nas próximas semanas”, também Paolo Gentiloni considera que o pacote de recuperação chega ao terreno na altura certa.

“Creio que é muito importante que esta aprovação formal final destes planos ocorra no exato momento em que a retoma já está em curso. Isto irá aumentar a confiança nos mercados, nos países, e permitirá que os investimentos e as reformas arranquem”, declarou o comissário italiano.

Na última reunião presencial em Bruxelas antes das férias de verão, e a primeira sob presidência eslovena, os ministros das Finanças dos 27 irão dar ‘luz verde’ – a chamada “decisão de execução do Conselho” – às recomendações favoráveis da Comissão relativamente aos primeiros 12 planos cuja avaliação pelo executivo comunitário foi concluída ainda em junho, designadamente de Portugal, Alemanha, Áustria, Bélgica, Eslováquia, Espanha, Dinamarca, França, Grécia, Itália, Letónia e Luxemburgo.

Após a adoção dos planos pelo Conselho, resta a Comissão Europeia celebrar com os Estados-membros os acordos de financiamento – que regulam a transferência das subvenções – e os acordos de empréstimos, o que deverá suceder nos próximos dias, para que comecem a ser libertados os primeiros fundos, ao abrigo do pré-financiamento de 13% (do montante total de cada PRR) previsto no regulamento, o que deverá então suceder ainda este mês ou no início de agosto.

Estes 12 primeiros PRR aprovados pelo executivo comunitário já cumpriram todo o trajeto de escrutínio também ao nível do Conselho – Comité Económico e Financeiro, conselheiros financeiros e Comité de Representantes Permanentes –, não tendo nenhum deles levantado objeções de maior, pelo que é dada como certa a sua adoção no Ecofin de hoje, segundo diversas fontes europeias.

Até ao final de julho, provavelmente dia 26, deverá ter lugar ainda um Ecofin extraordinário por videoconferência para a adoção de um segundo pacote de PRR – à partida apenas quatro planos, já aprovados por Bruxelas mas ainda em análise ao nível do Conselho, de Croácia, Chipre, Lituânia e Eslovénia –, pelo que os restantes nove não serão adotados antes de setembro, sendo que alguns Estados-membros ainda nem entregaram os respetivos planos a Bruxelas, casos de Holanda e Bulgária, que foram a eleições.

O PRR português, que prevê projetos de 16,6 mil milhões de euros – dos quais 13,9 mil milhões de euros dizem respeito a subvenções a fundo perdido –, foi o primeiro a receber o aval da Comissão Europeia, em 16 de junho passado, e, com a sua adoção pelo Conselho, Portugal terá direito a receber desde já mais de 2 mil milhões de euros do pré-financiamento de 13% do montante global do plano.

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Ex-presidentes da Relação de Lisboa suspensos de funções

  • ECO
  • 13 Julho 2021

Chegou a estar em cima da mesa a aposentação compulsiva para Vaz das Neves, mas o CSM optou pela suspensão por sete meses. Orlando Nascimento fica suspenso por quatro meses,

Os ex-presidentes do Tribunal da Relação de Lisboa, que são suspeitos de terem estado envolvidos na distribuição fraudulenta de processos e na cedência abusiva do salão nobre deste tribunal para julgamentos arbitrais, foram suspensos pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM).

De acordo com o Público (acesso condicionado), no caso do Luís Vaz das Neves chegou a estar em cima da mesa a aposentação compulsiva, mas acabou por ser decretada apenas a suspensão de funções por cerca de sete meses, durante os quais não receberá qualquer salário.

Relativamente ao seu sucessor, Orlando Nascimento, que até agora não foi constituído arguido em nenhum processo-crime mas cuja atuação em matéria de distribuição de processos está também a ser investigada pelo Ministério Público, o CSM decidiu aplicar a suspensão de funções por quatro meses.

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Energia leva PSI-20 a contrariar ganhos da Europa

Grupo EDP e Galp Energia pesam no desempenho da bolsa nacional, que contraria a tendência positiva sentida nas principais praças europeias.

Depois de atingir máximos de um mês, a bolsa nacional volta às quedas. A praça lisboeta não acompanha assim os ganhos sentidos na generalidade das congéneres europeias, num dia em que as cotadas do setor da energia penalizam o desempenho do principal índice de referência nacional.

O PSI-20 cai 0,33% para os 5.202,18 pontos, no arranque da sessão. Entre as 18 cotadas do índice de referência nacional, a maioria encontra-se a negociar em “terreno” negativo.

Já pela Europa, o dia arranca positivo, com o índice pan-europeu Stoxx 600 a somar 0,1% no arranque. Já o espanhol Ibex 35 valoriza 0,1% na abertura, bem como o francês CAC 40, o britânico FTSE 100 sobe 0,3% e o alemão Dax negoceia na linha d’água.

Por cá, o destaque vai para o grupo EDP, que segue com perdas depois de ter registado valorizações expressivas na última sessão. A EDP Renováveis cai 1,41% para os 21,02 euros, enquanto a casa-mãe EDP perde 0,73% para os 4,734 euros.

A pesar no índice de referência nacional encontra-se também a Galp Energia, que recua 0,52% para os 8,832 euros, depois de ter revelado, esta segunda-feira, que a produção de petróleo caiu 3% no último trimestre, embora as vendas de produtos petrolíferos tenham subido com o desconfinamento no país.

Nota também para o BCP, que perde 0,45% para os 0,1317 euros, e para a Altri, que cai 0,09% para os 5,335 euros. Isto no dia em que a GreenVolt, empresa liderada por Manso Neto, detida pela Altri, definiu o preço a que irá vender as suas ações no aumento de capital que levará à entrada em bolsa, nos 4,25 euros, cada. É o valor mais baixo do intervalo de preços definido.

A contrabalançar estas perdas, no PSI-20, encontra-se a Pharol, que soma 1,51% para os 0,1078 euros no arranque desta sessão, e a Novabase, que acelera 1,53% para os 4,64 euros.

Fora do principal índice português, nota para as ações do Benfica, que sobem 4,67% para os 3,14 euros. Isto depois de terem valorizado cerca de 4% na sessão anterior, num dia em que a negociação esteve temporariamente suspensa, com o regulador a pedir a divulgação de informações sobre a estrutura acionista da SAD encarnada.

(Notícia atualizada às 8h28)

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Luís Filipe Vieira tentou vender o Benfica aos chineses da Alibaba

  • ECO
  • 13 Julho 2021

Na processo para a venda de 25% do capital da Benfica SAD, o grupo chinês Alibaba terá sido o primeiro investidor estrangeiro com quem foram estabelecidos contactos.

Luís Filipe Vieira terá montado uma operação para tentar vender o Benfica “nas costas de toda a gente”, segundo revelam escutas ao dirigente desportivo citadas pelo Correio da Manhã (acesso pago). Nestes esforços, Viera terá tentado vender 25% do capital social da Benfica SAD ao grupo chinês Alibaba, ligado ao comércio online.

O grupo de Jack Ma terá sido o primeiro investidor estrangeiro com quem foram estabelecidos contactos para a venda, sendo que estes terão sido sempre feitos com pessoas próximas de José António dos Santos, empresário conhecido como “Rei dos Frangos”. O negócio com o grupo chinês não chegou a avançar e surgiram mais dois candidatos interessados, ambos norte-americanos, sendo que a venda estava prevista avançar com John Textor.

Chegou mesmo a ser feito um contrato de promessa de compra e venda de ações com John Textor, que prevê o pagamento de 50 milhões de euros por 25% do capital, negócio no qual Vieira receberia 6,48 milhões de euros. Durante o processo, segundo o Ministério Público, “Luís Filipe Vieira contribuiu para esse negócio, não só mantendo a sua confidencialidade face aos sócios do Benfica, como aliciando outros acionistas a transmitirem a sua posição a José António dos Santos”.

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Hoje nas notícias: Benfica, Tribunal da Relação e Covid

  • ECO
  • 13 Julho 2021

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Luís Filipe Vieira tentou vender uma participação no Benfica ao grupo chinês Alibaba, os antigos presidentes do Tribunal da Relação de Lisboa viram as funções suspensas, numa altura em que são suspeitos de estarem envolvidos na distribuição fraudulenta de processos, e as receitas das concessionárias de autoestradas afundaram com a pandemia. Há ainda um estudo que mostra que os doentes com cancro que são infetados com SARS CoV-2 produzem anticorpos contra o vírus.

Luís Filipe Vieira tentou vender o Benfica à Alibaba

Luís Filipe Vieira terá montado uma operação para tentar vender o Benfica “nas costas de toda a gente”, segundo revelam escutas ao dirigente desportivo. Nestes esforços, Viera terá tentado vender 25% do capital social da Benfica SAD ao grupo chinês Alibaba, ligado ao comércio online. O negócio não chegou a avançar e surgiram mais dois candidatos interessados, ambos norte-americanos, sendo que a venda estava prevista avançar com John Textor.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Ex-presidentes do Tribunal da Relação de Lisboa suspensos de funções

Os ex-presidentes do Tribunal da Relação de Lisboa que são suspeitos de terem estado envolvidos na distribuição fraudulenta de processos e na cedência abusiva do salão nobre deste tribunal para julgamentos arbitrais foram suspensos pelo Conselho Superior da Magistratura. Luís Vaz das Neves enfrenta uma suspensão de funções de sete meses, sem salário, e Orlando Nascimento de quatro meses.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Doentes com cancro e infetados com SARS CoV-2 produzem anticorpos contra o vírus

Cerca de 58% dos doentes oncológicos “conseguiram criar anticorpos e defender-se do vírus” que provoca a Covid-19, “independentemente da sua doença oncológica, do tipo de neoplasia e do estadio de gravidade”, revela um estudo organizado por profissionais do Hospital de Santa de Maria e do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes. Ainda assim, os níveis de anticorpos produzidos pelos doentes infetados com SARS-CoV-2 que eram saudáveis, e que participaram no estudo, “eram superiores aos níveis produzidos pelos doentes oncológicos”.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago).

Concessionárias perdem 300 milhões em portagens

As receitas de portagens geradas no conjunto das autoestradas portuguesas caíram, no primeiro ano da pandemia. Recuaram 23,8% para 918,31 milhões de euros, depois de terem atingido 1.205,48 milhões em 2019. Desta forma, as concessionárias das autoestradas nacionais perderam mais de 287 milhões de euros de receita. Este ano, o cenário poderá ser semelhante, já que arrancou com uma queda no tráfego de 31%.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso condicionado).

Governo reúne com partidos para balanço orçamental

O Governo recebe esta terça-feira os partidos e deputadas não-inscritas para fazer um balanço da execução orçamental de 2021, numa ronda de encontros que não inclui o Bloco de Esquerda. Ainda não são negociações, para o próximo Orçamento, mas as reuniões marcam o arranque das conversas com os partidos que viabilizaram o último Orçamento.

Leia a notícia completa na TSF (acesso livre).

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Pandemia tira 287 milhões em portagens às concessionárias

  • ECO
  • 13 Julho 2021

As receitas de portagens geradas no conjunto das autoestradas portuguesas caíram para 918,31 milhões de euros. Valor arrecadado foi o mais baixo desde 2015.

A pandemia deixou o país praticamente parado. As medidas restritivas implementadas para travar a propagação do vírus reduziram a mobilidade dos portugueses, provocando uma forte quebra nas receitas das concessionárias de autoestradas. No total do ano passado, faturaram menos 287 milhões do que em 2019.

As receitas de portagens geradas no conjunto das autoestradas portuguesas caíram para 918,31 milhões de euros, uma quebra de 23,8% face aos 1.205,48 milhões que tinham atingido em 2019, avança o Jornal de Negócios (acesso pago), citando dados da Associação das Sociedades Europeias Concessionárias de Autoestradas com Portagem (ASECAP). A receita de portagens em 2020 foi a mais baixa desde 2015.

Este ano, Portugal viveu um segundo confinamento, que também afetou as concessionárias de autoestradas. Registou-se, até ao final de março, “uma queda acentuada” face a iguais períodos de 2020 e 2019. Houve uma quebra de 31%, “sendo mais evidente nas vias muito afetadas pela quebra no turismo, como sejam a A22 (Via do Infante) com menos 43% de tráfego e a N125 com menos 38%”, diz a ASECAP.

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Bolsa, reputação e patrocínios. Caso Vieira está a impactar na marca Benfica

A implicação do dirigente Luís Filipe Vieira no processo "Cartão Vermelho" afeta negativamente a marca Benfica, tanto ao nível da reputação, como a posição negocial e a relação com os patrocínios.

Os últimos dias têm sido marcados por notícias do processo “Cartão Vermelho”, que implica Luís Filipe Vieira em suspeitas de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento. O caso já correu o mundo do desporto e traz impactos negativos para a marca Benfica, que vão desde a bolsa aos patrocínios, passando pela reputação.

Depois das suspeitas e detenção dos arguidos para avaliação das acusações do Ministério Público, já surgiram as medidas de coação. A caução de Luís Filipe Vieira ficou definida em três milhões de euros, sendo que até a pagar o dirigente desportivo tem de ficar em prisão domiciliária, sem pulseira eletrónica. Apesar de ser cedo para estimativas, este caso já “está a impactar negativamente” o Benfica, defende Daniel Sá, diretor-executivo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) e especialista em marketing desportivo, ao ECO.

“Estamos muito longe de desfecho final”, nomeadamente devido à morosidade dos processos, mas independentemente do resultado final, o especialista já consegue identificar quatro impactos negativos deste caso na marca dos encarnados.

Por um lado, há a queda bolsista, que já se verificou na semana passada. Os títulos da SAD caíram 5,5% no dia em que o presidente do clube, que entretanto suspendeu funções, foi detido, e seguiram a tendência de queda nas sessões seguintes. Já nesta segunda-feira de manhã, as ações da SAD do Benfica chegaram mesmo a ser suspensas, mas voltaram a negociar, num clima de muita volatilidade.

A decisão de suspender teve por base o facto de terem sido divulgados, nos últimos dias, “indícios de irregularidades diversas, suscetíveis de afetar a Sport Lisboa e Benfica – Futebol SAD, de impactar o seu governo societário e de criar opacidade sobre a composição da sua estrutura acionista”.

Entretanto, foi levantada a suspensão na negociação dos títulos da SAD benfiquista, que oscilaram entre “terreno” verde e vermelho durante a sessão. “Quanto mais tempo de incerteza mais as ações da SAD sofrerão”, sublinha Daniel Sá.

Existe também um impacto reputacional, aponta. Neste ponto, “a notícia é diária e a todo o momento” sobre este caso, tornando difícil escapar a associação. Não só por cá, o processo “já correu um pouco o mundo do desporto”, pelo que “a marca Benfica é inevitavelmente afetada por isso”, nota o especialista.

O momento “crítico” no qual este caso surgiu também se apresenta como um problema. “Estamos num momento de mercado de transferências, com o facto de não terem a figura principal das negociações, a posição negocial do Benfica fica fragilizada”, explica o diretor-executivo do IPAM.

Finalmente, o processo tem também impacto nas empresas e patrocinadores associados ao Benfica. Estes “procuram visibilidade mas também a associação de conceitos com as coisas boas que a marca Benfica traz”, sublinha Daniel Sá. A visibilidade mantém-se, mas não só associações boas, e as “marcas não querem efeito de contágio”, aponta.

“Estamos a um mês da época desportiva, o Benfica está a renegociar com Emirates e Adidas”, e, com estes desenvolvimentos, estas marcas “podem querer ter uma posição mais esclarecedora por parte do clube para que fiquem descansados com os investimentos”.

No que diz respeito à direção, após a suspensão de funções de Luís Filipe Vieira, Rui Costa foi nomeado presidente. No entanto, esta solução ainda é “encarada como temporária”. “Era importante que o clube e a SAD provassem ao mercado que continua a operar, que está vivo, saudável e que o Benfica não fica bloqueado” por este caso.

Desta forma, com uma solução mais definitiva o clube poderá começar a dar um passo em frente, já que “quanto mais tempo de indefinição, pior”. O processo “seguramente” que afeta a marca, nomeadamente em altura de pandemia, “que arrasou finanças dos clubes”. “Ainda é cedo para fazer contas, mas vai depender muito de como a marca Benfica dá a volta a isto”, sinaliza o especialista em marketing desportivo.

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Dona da TikTok suspende entrada na bolsa após aviso de Pequim

  • Lusa
  • 13 Julho 2021

A ByteDance, avaliada em 180 mil milhões de dólares, tinha vindo a ponderar uma oferta pública inicial de ações. Alertas de Pequim levaram à suspensão dos planos de entrada em bolsa.

A empresa chinesa proprietária da aplicação TikTok, a ByteDance, suspendeu este ano o processo de entrada na bolsa, após uma advertência das autoridades do país sobre questões de segurança de dados, diz o The Wall Street Journal (WSJ).

A revelação é feita depois de outra das grandes empresas emergentes na China, a Didi, ter visto Pequim impor-lhe restrições significativas pelo mesmo motivo, poucos dias depois de começar a ser cotada em Wall Street.

A ByteDance, avaliada em 180 mil milhões de dólares (cerca de 152 mil milhões de euros) em dezembro, tinha vindo a ponderar uma oferta pública inicial de ações de todas ou parte das suas empresas nos Estados Unidos ou de Hong Kong, segundo fontes citadas pelo WSJ.

O fundador da gigante tecnológica chinesa decidiu suspender esses planos, após reuniões com os reguladores chineses, nas quais foi pedida à empresa para focar-se nos riscos de segurança de dados e outras questões, de acordo com as mesmas fontes.

A prudência da ByteDance contrasta com a da Didi, um serviço semelhante à Uber, que continuou com o processo de cotação em bolsa, apesar dos avisos das autoridades chinesas.

Depois de chegar a Wall Street e atingir uma valorização de cerca de 80 mil milhões de dólares, as ações da empresa caíram drasticamente após Pequim ter proibido descarregar a sua aplicação móvel, no âmbito de uma investigação de cibersegurança de que a empresa está a ser alvo.

Pequim anunciou a investigação de cibersegurança à Didi por alegada violação das leis nacionais ao recolher alguns dados dos utilizadores, tendo-se a empresa comprometido a “corrigir quaisquer problemas, (…) proteger a privacidade dos seus utilizadores e a segurança dos dados e continuar a fornecer serviços seguros e práticos aos seus utilizadores”.

A investigação à Didi surge numa altura em que a relação das autoridades chinesas com gigantes digitais do país parece ter azedado, especialmente com as que têm grandes subsidiárias dedicadas ao setor tecnológico e financeiro (“fintech”).

Hoje, as ações da Didi caíram novamente cerca de 5% na abertura de Wall Street e estavam a ser negociadas abaixo dos 11,50 dólares, depois de terem ultrapassado os 18 dólares.

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Governo manteve fundo de emergência contra à Covid intacto até ao desconfinamento

O Ministério das Finanças ainda não tinha recorrido à reserva especial para imprevistos relacionados com a pandemia até ao final de maio, de acordo com a UTAO.

Até ao final de maio, período que antecedeu a segunda fase do desconfinamento (entretanto parcialmente revertida), o Ministério das Finanças ainda não tinha tocado na dotação centralizada de 500 milhões de euros para despesas imprevistas com a pandemia. Isto apesar da despesa da Segurança Social com as medidas Covid-19 já ter esgotado no primeiro trimestre por causa do segundo confinamento que não estava nos planos do Governo. A informação consta da análise da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) à execução orçamental em contabilidade pública entre janeiro e maio.

Esta dotação centralizada para despesas imprevistas com a pandemia é nova e foi introduzida pelo Governo no Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021) de forma a evitar um retificativo caso houvesse, como veio a concretizar-se, surpresas negativas com a pandemia. Em abril, o Ministério das Finanças admitiu ao ECO que iria passar a gastar esta dotação uma vez que tinha esgotado a verba da SS: gastou 804,9 milhões de euros quando tinha orçamentado 776 milhões de euros.

Contudo, ainda não o fez, de acordo com os dados da UTAO. “Até ao final de maio de 2021, a utilização destas dotações [centralizadas] de despesa foi residual“, escrevem os técnicos do Parlamento. Num gráfico em que discriminam todas as dotações orçamentais que estão sob o controlo direto do Ministério das Finanças é visível que ainda nenhuma verba dessa reserva foi gasta. No caso da dotação provisional, que é uma provisão que existe em todos os Orçamentos para fazer face a despesas não previstas e inadiáveis, foi gasta apenas uma pequena parcela.

Porém, já foi gasta uma pequena parte da reserva orçamental, outra das gavetas comuns dos orçamentos. De acordo com a definição do Conselho das Finanças Públicas, a reserva orçamental corresponde a “uma cativação de um montante específico nos programas orçamentais”. Além disso, parte das cativações iniciais (ainda podem ser acrescentadas mais com o decreto da execução orçamental que está por publicar) também já foram libertadas.

Em abril, o gabinete de João Leão tinha sinalizado que iria usar esta dotação uma vez que as despesas com a Covid-19 iriam manter-se, apesar de desacelerarem com o desconfinamento. “O Ministério das Finanças não vê necessidade de um orçamento retificativo”, respondeu fonte oficial do gabinete do ministro das Finanças, João Leão, na altura, explicando que iria recorrer “à dotação especial para despesas Covid”.

“Ainda que com as medidas progressivas de desconfinamento e também com o avanço da vacinação será de esperar que a despesa aumente mas que ocorra a um ritmo mais lento”, antecipavam também as Finanças.

De facto, segundo a análise da UTAO, as despesas com a Covid-19 desaceleraram pelo segundo mês consecutivo em maio: “Em maio de 2021 e pelo segundo mês consecutivo, a despesa com medidas Covid-19 decresceu face ao mês anterior em virtude, nomeadamente, da diminuição da despesa com as medidas de lay-off simplificado, apoio extraordinário à retoma progressiva e apoio extraordinário à redução da atividade económica dos trabalhadores independentes e dos empresários em nome individual”, assinala.

Esta descida poderá ser revertida caso o Governo decida impor mais restrições para conter a quarta vaga e, assim, ter de voltar a dar mais apoios às empresas e aos cidadãos.

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que a União Europeia deverá aprovar o primeiro pacote de PRR, o IGCP lança um leilão de recompra de dívida em dólares.

No dia em que a União Europeia deverá aprovar o primeiro pacote de PRR, o IGCP lança um leilão de recompra de dívida em dólares. Esta terça-feira, destaque ainda para a continuação do julgamento de Ricardo Salgado.

União Europeia deverá aprovar primeiro pacote de PRR

O Conselho de Assuntos Económicos e Financeiros (ECOFIN) vai reunir-se esta terça-feira, num encontro onde deverá ser aprovado o primeiro pacote de 12 Planos de Recuperação e Resiliência (PRR), de acordo com as previsões do ministro das Finanças da Eslovénia. Os restantes podem ver luz verde num encontro extraordinário de 26 de julho. O ECOFIN é constituído pelos ministros da Economia e das Finanças de todos os Estados-Membros.

INE publica número de horas trabalhadas nos serviços em maio

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai publicar esta terça-feira dados sobre o volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas nos serviços em maio deste ano. Estas estatísticas permitem perceber como evoluiu a atividade do setor no quinto mês do ano, numa altura em que o país continua a ser afetado pela pandemia. Em abril, o volume de negócios nos serviços acelerou 43,6%.

Prossegue julgamento de Ricardo Salgado na Operação Marquês

Ricardo Salgado regressa a tribunal esta terça-feira, para continuar a ser julgado no âmbito da Operação Marquês. O julgamento do ex-banqueiro deveria ter começado a 7 de junho, mas acabou por arrancar apenas a 6 de julho. O antigo presidente do BES foi pronunciado pelo juiz de instrução da Operação Marquês, Ivo Rosa, por três crimes de abuso de confiança, em processo conexo e separado da Operação Marquês.

IGCP recompra dívida em dólares

Na semana em que vai fazer uma nova emissão de dívida de longo prazo, Portugal vai também recomprar obrigações do Tesouro, desta vez títulos emitidos em dólares. O IGCP pretende recomprar antecipadamente parte dos títulos emitidos em 2014, não tendo sido revelado qual o montante máximo a reembolsar já aos investidores. A agência liderada por Cristina Casalinho vai avançar com um leilão parcial de recompra dos títulos de dívida Portugal 5,125%, que atingem a maturidade a 15 de outubro de 2024.

Eurostat publica dados sobre produção e importação de energia

O Eurostat vai publicar esta terça-feira dados sobre a produção e importação de energia em 2019, que permitirão perceber se os Estados-membros estão muito dependentes da energia de países terceiros, sobretudo no que toca ao petróleo e gás natural. Os dados preliminares mostram que mais da metade (60,7%) da energia bruta disponível na União Europeia em 2019 veio de fontes importadas.

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Governo espera que Bruxelas aprove plano da TAP em breve

  • Lusa
  • 13 Julho 2021

Governo está a “salvar uma empresa determinante para a economia portuguesa”, com o plano de restruturação na TAP, diz Pedro Nuno Santos. Plano deve ser aprovado “nos próximos dias” ou “semanas".

O ministro das Infraestruturas e da Habitação diz que as negociações do plano restruturação da TAP com a Comissão Europeia (CE) encontram-se encerradas, esperando que seja aprovado por Bruxelas “nos próximos dias” ou “nas próximas semanas”.

“O plano de restruturação está […] já não em negociação com a Comissão Europeia, com Direção-Geral da Concorrência. Esperemos que nas próximas semanas […] – se não nos próximos dias – termos novidades”, afirmou Pedro Nuno Santos, em entrevista à TVI24.

De acordo com o governante, há um trabalho que foi “feito com a Comissão [Europeia] e que foi sendo feito”, adiantando que o Governo não controla tudo.

“Esperemos que em breve prazo possamos tê-lo aprovado pela Comissão Europeia”, reiterou.

Pedro Nuno Santos explicou ainda que a TAP “está a passar por um processo de restruturação, pelo qual nunca tinha passado na sua história”.

“Tínhamos quase 10 mil trabalhadores, e estamos, neste momento, com cerca de 7.000 trabalhadores. Se isto não é uma restruturação é o quê?”, questionou o ministro, referindo que a empresa irá perder “um quarto da força de trabalho”, com a saída de 2.400 trabalhadores.

O governante salientou também que, até dezembro, a empresa vai perder cerca de duas dezenas de aviões.

“A TAP, até ao final do ano, vai ter menos 20 aviões do que no início de 2020, entre vendas e devoluções. Passamos de 108 para 88 aviões. Hoje já temos menos rotas. Temos uma empresa que já reduziu quase 25% da sua força de trabalho, temos pilotos com cortes salariais de 50%, com os trabalhadores com corte de 25% nos seus salários, menos 2.400 trabalhadores, menos rotas, menos voos”, explanou.

Pedro Nuno Santos acrescentou que o Governo está a “salvar uma empresa determinante para a economia portuguesa”, com o plano de restruturação na TAP.

Em dezembro do ano passado, o Governo entregou à Comissão Europeia (CE) a proposta inicial do plano de restruturação da TAP, que prevê para o próximo ano um auxílio do Estado de 970 milhões de euros.

De acordo com um comunicado conjunto dos ministérios das Infraestruturas e da Habitação e das Finanças, “foi entregue em 11 de dezembro à Comissão Europeia uma proposta inicial do plano de reestruturação da TAP, ao abrigo da Diretiva Europeia que regulamenta os auxílios de Estado”.

O executivo também deu conta de que está previsto “que em 2021 a TAP venha a necessitar de um apoio de Estado de 970 milhões de euros”.

O Governo acrescentou que o documento enviado para Bruxelas “incorpora uma transformação significativa da operação” da companhia aérea, de modo a “garantir a viabilidade e sustentabilidade” a “médio prazo”.

A entrega desta proposta de plano de restruturação foi imposta por Bruxelas como condição para aprovar o auxílio estatal de até 1.200 milhões de euros à companhia aérea.

Fonte oficial do Ministério das Infraestruturas disse que o Governo entregou plano de reestruturação exigido por Bruxelas, no âmbito do apoio estatal de até 1.200 milhões de euros, aprovado pela Comissão Europeia, em 10 de junho de 2020.

A partir daquela data, a companhia tinha seis meses para apresentar um plano de reestruturação que demonstrasse que a empresa tinha viabilidade futura, uma vez que a Comissão Europeia entendeu que a companhia já se encontrava numa situação financeira difícil antes da pandemia de covid-19, não sendo, assim, elegível para apoios específicos para empresas que estejam a sofrer os impactos da crise sanitária.

A elaboração do plano ficou a cargo da consultora Boston Consulting Group (BCG), escolhida pela companhia aérea.

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Acionistas do Benfica arriscam multa da CMVM até 5 milhões por omitir negócios

José António dos Santos, o construtor José Guilherme e até Vieira terão feito negócios com ações do Benfica e não comunicaram ao mercado. Podem arriscar multas da CMVM até cinco milhões de euros.

José António dos Santos afinal não tem 16%, mas terá mais de 20% das ações da SAD do Benfica. Além disso, aquele que é maior acionista individual da sociedade encarnada também já fechou um acordo para a venda da sua posição (presumivelmente de 25%) a John Texter, algo que já foi confirmado pelo próprio empresário norte-americano. O problema: nenhum destes negócios foi comunicado ao mercado e esta omissão de informação pode constituir uma contraordenação muito grave para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Se for condenado, o “Rei dos frangos” poderá ter de enfrentar a uma coima que pode ir até cinco milhões de euros.

Não será, porém, o único acionista do Benfica que estará em falta com os deveres de informação para o polícia dos mercados liderado por Gabriela Figueiredo Dias, que esta segunda-feira pediu mais informações sobre a verdadeira estrutura acionista da SAD das águias.

Para José António dos Santos ter reforçado a sua posição para mais de 20%, outros acionistas dos encarnados, designadamente o construtor José Guilherme (3,73%) e a empresa alimentar Quinta de Jugais (2,00%), alienaram as suas participações, também elas qualificadas. Também eles não divulgaram qualquer transação publicamente.

Por outro lado, a investigação do Ministério Público revelou ainda que o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, terá vendido a sua posição de 3,28% ao seu amigo de longa data. Ou seja, José António dos Santos já terá 25% da SAD do Benfica, sendo que esta posição já estava prestes a vendida a John Texter, empresário americano e dono da FuboTV. De acordo com a notícia avançada pelo semanário Nascer do Sol no fim-de-semana, este negócio ia render 50 milhões de euros ao presidente do Benfica e a José António dos Santos, ambos detidos e já libertos mediante o pagamento de caução. Mais uma vez: estas operações não foram tornadas públicas.

Esta segunda-feira, apercebendo-se de “indícios de irregularidades diversas”, nomeadamente em relação à “opacidade” da estrutura acionista da SAD do Benfica, na sequência da investigação e das notícias da Operação Cartão Vermelho, o regulador dos mercados teve de intervir: primeiro suspendeu a negociação de ações encarnadas, solicitando informação relevante aos acionistas dos encarnados; depois, levantou a suspensão mal obteve essas informações e as comunicou ao mercado, deixando pistas sobre o passo seguinte: quem infringiu a lei?

O Código dos Valores Mobiliários é claro em relação a matérias de deveres de informação quanto a participações qualificadas: havendo operações de compra e venda, elas devem ser comunicadas à CMVM e à sociedade participada (neste caso, o Benfica), cabendo depois à sociedade participada divulgar essa a informação.

Porém, “nenhuma das referidas transações foi objeto de comunicação ao mercado”, apontou o regulador no comunicado desta segunda-feira, lembrando que a “transparência quanto à evolução da estrutura acionista de uma sociedade cotada é uma das exigências basilares das regras de funcionamento do mercado de capitais, o que justifica a imposição de um regime exigente de divulgação pública de informação sobre participações qualificadas”.

O mesmo regime prevê sanções pesadas. A omissão de comunicação ou divulgação de participação qualificada em sociedade aberta constitui uma contraordenação muito grave, segundo o artigo 390.º do Código de Valores Mobiliários. Sendo punível com coima que pode ir entre 25 mil euros e os cinco milhões.

Para já, desconhecendo que medidas tomou em relação aos infratores, a CMVM disse que agiria caso a transparência das participações não fosse restabelecida.

Se a opacidade persistir, o regulador “poderá determinar a suspensão do exercício do direito de voto e de direitos de natureza patrimonial inerentes às participações qualificadas em causa”.

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