Impostos e eucaliptos “secam” entendimento entre PSD e PAN
Rio saudou a abertura dos ambientalistas à negociação, mas candidatos mostraram as linhas vermelhas a possível entendimento, como os debates quinzenais e as políticas fiscais e florestais.
No último frente a frente televisivo da pré-campanha para as eleições legislativas de 30 de janeiro, na RTP, Inês de Sousa Real continuou a não revelar o que poderá determinar uma governação com o PS ou com o PSD, insistindo que contará para uma decisão a posição dos partidos no avanço das causas “fundamentais” para o PAN (Pessoas-Animais-Natureza).
Questionada sobre se, para o PAN, é indiferente uma negociação com António Costa ou Rui Rio, a porta-voz afirmou: “Não é indiferente aquela que seja a posição de Rui Rio ou António Costa relativamente, por exemplo, à reposição dos debates quinzenais”, com a presença do primeiro-ministro no parlamento.
Sobre esta matéria, Rui Rio assumiu que não discorda do modelo atual, preferindo um esclarecimento sobre as matérias na presença dos ministros responsáveis pelas pastas, a uma “berraria”, um “espetáculo” para “abrir telejornais”.
Rio recusou a acusação de Inês Sousa Real de que tem demonstrado desprezo pela Assembleia da República, defendida durante uma entrevista ao jornal Expresso, mas sempre foi reconhecendo que, quando chegou ao parlamento, em 1991-92, existia uma “qualidade e atividade muito superior”. “Não desprezo o parlamento, sou crítico da forma como o parlamento funciona”, declarou.
Nas matérias que estão mais distantes, sobressaiu a questão do apoio à plantação de eucaliptos, com a porta-voz do PAN a defender a reversão dos apoios para este cultivo que, na sua opinião, está a transformar o país numa caixa de fósforos.
Por seu lado, Rui Rio lembrou que “Portugal tem 25% de território em mato” e que “metade dos incêndios começam nesse território, que não é limpo porque os donos não tiram dele rendimento”. O PSD entende que deve ser permitida a plantação de árvores de crescimento rápido, como o eucalipto, mas que o proprietário também tenha de plantar árvores de crescimento lento.
Diferenças nos impostos
Em matéria fiscal, o PAN insistiu na necessidade de baixar o IRS e o IRC, com Rio a considerar impraticável esta descida em simultâneo, dada a dívida pública e o défice atual de Portugal. “Se fossemos fazer o que o PAN diz – descer o IRC e o IRS – isso iria agravar o défice e a dívida”, argumentou.
O PAN, por seu lado, considera que há margem para as descidas, nomeadamente se o Estado deixar de dar “borlas fiscais” às empresas, como as petrolíferas, ou se deixar de manter as parcerias público-privadas (PPP) rodoviárias. “As PPP rodoviárias são um desastre, mas o Estado tem de cumprir os contratos”, alegou Rui Rio.
A localização do futuro aeroporto também não aproxima os dois partidos, com o PAN a defender Beja e Rio a optar por esperar pela avaliação estratégica de Alcochete.
Inês de Sousa Real acusou ainda Rui Rio de querer retroceder na questão da proteção animal, ao preconizar o regresso desta matéria à Direção Geral da Agricultura, o que classificou de “um retrocesso incompreensível da parte do PSD”.
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