Marcelo pede “mudanças de fundo” na economia para não “encharcar com milhões as areias de um deserto”
Em pleno dia de reflexão, Marcelo deixou uma mensagem de apelo ao voto numa eleições que "são verdadeiramente diferentes" para Portugal e para os portugueses.
O Presidente da República pediu “mudanças de fundo” na economia para recuperar o país do choque “tão abrupto e prolongado” da pandemia nos últimos dois anos. Sem essas mudanças, Portugal estará a “encharcar com milhões” aquilo que considera ser “as areias de um deserto” que o país arrisca atravessar, segundo Marcelo.
Em pleno dia de reflexão, e após semanas de ausência mediática enquanto decorria a campanha, o Presidente da República divulgou este sábado uma mensagem a propósito das eleições deste domingo, que considera ser “verdadeiramente diferentes” por várias razões.
Mais do que tudo, tentou mobilizar os portugueses a irem às urnas “sem temores nem inibições” para votarem “em consciência e em segurança a pensar em Portugal”. “Votar é uma maneira de dizer que estamos vivos e bem vivos”, vincou. Deu o seu próprio exemplo do que vale o seu voto: “Amanhã eu lá estarei, como sempre, com o meu um [voto] em milhões, a dizer o que penso sobre os próximos anos para Portugal, anos de saída de uma penosa pandemia, de urgente reconstrução da economia, da sociedade, do ambiente, da vida das pessoas, de difíceis desafios europeus, e de tensão mundial como já não existia há quase 20 anos“.
Porque é que estas eleições são diferentes das anteriores? Marcelo deixou sete reflexões:
- São diferentes porque são primeiras eleições parlamentares realizadas em pandemia e acontecem depois de, pela primeira vez em democracia, o Parlamento ter chumbado um Orçamento do Estado. Marcelo diz que estas eleições confirmam “o domínio de três temas”: “a própria pandemia e saúde, a urgente melhoria das condições de vida, a próxima fórmula governativa por cada qual preconizada“.
- No plano da economia, as eleições são diferentes porque confirmam que para responder ao choque “tão abrupto e prolongado” da pandemia, “recuperar a economia, mitigar pobreza e as desigualdades” exigem “mudanças de fundo” para não se correr “o risco de ser encharcar com milhões as areias de um deserto”.
- Marcelo também diz que estas eleições abrem uma porta “oportuna” para se refletir sobre o dia de reflexão, tendo em conta que muitos portugueses já votaram antecipadamente. O Presidente diz que o dia de reflexão foi “pensado para outra época e para outras preocupações”, sugerindo que deve ser reavaliado em futuros atos eleitorais.
- Para Marcelo, as eleições vierem também confirmar que faz falta uma lei da emergência sanitária, de que o próprio falou há um ano, e vierem ainda sublinhar “a necessidade da revisão da lei eleitoral, tão rígida que exclui votação fora de domingos e feriados e não permite horários flexíveis, assim fechando portas a situações excecionais”, referindo-se indiretamente à impossibilidade de um calendário de votos mais alargado para acondicionar a situação de milhares de infetados e isolados por causa da Covid-19.
- O Presidente destacou a importância dos “numerosos e mobilizadores debates e entrevistas” com os vários candidatos a estas eleições, a “audiência sem precedentes” que registaram e que “aconselham cuidado acrescido naqueles que pensam regressar no futuro a poucos e seletivos debates audiovisuais”. Aqui Marcelo deixou um elogio “ao elevado empenhamento dos partidos e seus dirigentes e ao profissionalismo dos jornalistas”.
- Marcelo deixou ainda uma nota sobre uma campanha “serena” e que soube adaptar-se à circunstância da crise pandémica e que contou “de novo com a participação de mais jovens”. O Presidente da República lembrou que “há certos meios e estilos” de fazer campanha “que passaram e dificilmente voltarão a ser como eram”, talvez referindo-se à forte aposta nas redes sociais.
- Ainda sobre a campanha, Marcelo congratula-se pelo “respeito pela diversidade e até calorosa solidariedade em situações e episódios mais sensíveis, tudo sem violência individual ou coletiva”.
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