Credit Suisse “foi uma escolha que se revelou errada”, diz Horta Osório
“Por mais que se planeie ou se tenha objetivos com ambição e se trabalhe, não se consegue”, disse Horta Osório, na cerimónia de atribuição de Doutor Honoris Causa pela Universidade Católica.
O gestor António Horta Osório considerou esta sexta-feira que o banco Crédit Suisse foi uma escolha que se revelou errada, apontando este como um exemplo de que as coisas podem não resultar por mais que se planeie, tenha objetivos e ambição.
Horta Osório falava na cerimónia em que lhe foi atribuído o grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade Católica Portuguesa, em que abordou o seu percurso académico e profissional, partilhando a forma como a sua carreira foi evoluindo, os desafios que foi enfrentando, apontando também algumas coisas que não deram resultado ou que inviabilizaram alguns dos projetos que tinha.
Neste contexto apontou a sua passagem pelo Credit Suisse, banco de que foi presidente do Conselho de Administração entre maio de 2021 e janeiro deste ano. “O Credit Suisse foi uma escolha que se revelou errada. O banco estava numa opção muito diferente, pior, quando eu cheguei do que quando aceitei e requeria uma enorme mudança cultural que levaria anos e levantou enormes resistências”, referiu.
O impacto do ‘Brexit’ nas ações do Lloyds Bank e nas taxas de juro e a forma como isso “atrasou e comprometeu” certos planos que tinha para o banco ou a forma como a pandemia de covid-19 não permitiu avançar com um projeto que tinha, e que estava relacionado com Portugal, foram outros dos exemplos que deu para ilustrar que há situações em que “por mais que se planeie ou se tenha objetivos com ambição e se trabalhe, não se consegue”.
Antes, António Horta Osório falou sobre a forma como o seu percurso académico e profissional foram sendo construídos, destacando três valores que desenvolveu desde a sua formação no colégio jesuíta de S. João de Brito: ter objetivos com ambição, planear para saber como atingi-los e trabalho e dedicação.
Foi com base nestes valores que fez a sua licenciatura em Gestão e Administração de Empresas na Universidade Católica. António Horta Osório é, segundo foi referido, um dos mais brilhantes alunos de sempre, e é, de resto, o primeiro antigo aluno da UCP a quem é atribuído o grau de Doutor Honoris Causa por esta Universidade.
Os primeiros passos da carreira, recordou, foram dados no Citibank, um dos três bancos que lhe respondeu, entre as quase duas dezenas a que escreveu quando frequentava o 4.º ano do curso. O BCP, na altura a entrar no mercado, também enviou resposta e fê-lo hesitar, mas o facto de não lhe permitir que continuasse a dar aulas na Católica levou-o a optar pelo Citibank.
Do seu vasto percurso profissional, Horta Osório destacou os 11 anos em que esteve à frente do Lloyds. “Aceitei em 2011 ser o CEO [presidente da Comissão Executiva] do Lloyds. Foi o maior desafio da minha vida, que achei que conseguiria ultrapassar, mas no qual quase perdi a minha saúde”, disse referindo-se aos problemas que o banco então enfrentava e ao impacto que isso teve na sua saúde e que levou a que tivesse de se afastar e parar de trabalhar por dois meses.
“Resolvi tornar o meu caso público para ajudar outras pessoas a mostrar que estes problemas podem ser ultrapassados, que todos temos saúde física, como temos saúde mental, e da mesma maneira que temos uma infeção e nos curamos, também se temos uma exaustão ou problema de saúde mental isso também pode ser curado e tratado sem qualquer estigma”, disse.
Na cerimónia desta sexta, que contou com a presença de D. Manuel Clemente, magno chanceler da UCP, foi também atribuído o grau de Doutor Honoris Causa a Joseph Weiler, pofessor de Direito e titular da cátedra “European Union Jean Monet” na Faculdade de Direito d Universidade de Nova Iorque.
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