Orange e MásMóvil negoceiam fusão em Espanha
Operadoras estão a desenhar acordo para criar "joint venture" de quase 20 mil milhões de euros. Sinergias podem chegar aos 450 milhões de euros por ano, mas ainda é preciso luz verde dos reguladores.
A Orange e a MásMóvil planeiam unir os seus negócios em Espanha. As duas operadoras encontram-se em “negociações exclusivas” para criar uma joint venture detida e controlada em partes iguais. A nova companhia terá um enterprise value estimado em 19,6 mil milhões de euros.
As empresas detalham num comunicado conjunto que a parceria avalia a Orange Espanha em 8,1 mil milhões de euros e a MásMóvil em 11,5 mil milhões, já incluindo a compra da Eskaltel. Estas avaliações “são atrativas para ambos os negócios”, assumem as operadoras na nota divulgada esta terça-feira.
Através desta parceria, a nova empresa de telecomunicações no mercado espanhol fará negócio com os ativos de ambas as operadoras, nomeadamente uma rede de fibra ótica com mais de 16 milhões de casas passadas e uma rede móvel com cobertura em todo o país e com “elevados volumes de tráfego”.
Para a nova companhia transitam também 7,1 milhões de clientes fixos, dos quais 5,6 milhões subscrevem ofertas em pacote, bem como 20,2 milhões de clientes móveis e perto de 1,5 milhões de clientes de televisão paga, de acordo com números avançados pelas próprias empresas.
Segundo o comunicado conjunto, Orange e MásMóvil terão direitos de governação equivalentes na nova entidade, pelo que não está em causa, para já, uma operação de consolidação, dizem. Mas o acordo prevê que qualquer uma das partes possa desencadear uma Oferta Pública Inicial (IPO) “sob certas condições”. Nesse caso, a Orange, querendo, pode consolidar esta joint venture.
A combinação dos dois negócios numa entidade vai gerar “um forte player no mercado” espanhol, com receitas de mais de 7,5 mil milhões de euros e um EBITDAal (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações, após locações) de mais de 2,2 mil milhões de euros. As operadoras estimam que o acordo possa dar origem a sinergias de 450 milhões de euros por ano, três anos depois de fechada a operação.
O comunicado refere que o negócio é uma forma de ganhar a “escala e eficiência necessárias” para levar a cabo o trabalho que tem pela frente. Nomeadamente, expandir a rede de fibra e a rede móvel de 5G e “contribuir para que Espanha mantenha e desenvolva mais uma infraestrutura de telecomunicações competitiva”.
“Com um portefólio abrangente e complementar de marcas, a joint venture vai fornecer aos consumidores espanhóis e negócios proposições de valor competitivas e diferenciadas, para servir as necessidades de todos os segmentos de mercado, com conectividade de alta qualidade, um apoio ao cliente excelente e um portefólio alargado de serviços inovadores no competitivo panorama digital”, lê-se ainda na nota.
Se tudo correr como o esperado, Orange e MásMóvil esperam assinar este acordo no segundo trimestre deste ano, de forma a fechar efetivamente a parceria no segundo trimestre de 2023. A operação ainda tem de passar o crivo dos reguladores. Nestas negociações, a Orange contou com o apoio da Lazard. A MásMóvil foi assessorada pelo Goldman Sachs ao nível financeiro e pelo BNP Paribas ao nível da dívida.
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