Sánchez espera aval na UE a proposta com Portugal para travar preços da energia
“O compromisso da UE era ter 10% de interconexões em 2020 entre a Península Ibérica e o mercado energético europeu e de 15% em 2030, mas hoje estamos abaixo de 3%", disse Sánchez.
O chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, disse esta quinta-feira esperar acordo dos líderes europeus à proposta apresentada juntamente com o seu homólogo António Costa para uma “resposta particular ao problema específico” da Península Ibérica, face à crise energética.
“Tanto Portugal como Espanha, os governos da Península Ibérica, apresentámos uma proposta rigorosa e sólida, do ponto de vista técnico, que não põe em causa o funcionamento do mercado energético europeu, mas que nos poderia, a ambos os governos, dar a capacidade de responder de maneira mais forte a este problema do preço do gás e ao seu efeito no preço da eletricidade”, anunciou Pedro Sánchez.
Falando à entrada de um Conselho Europeu consagrado em grande parte à crise energética, o chefe de governo espanhol disse esperar que, nesta cimeira que decorre até sexta-feira em Bruxelas, haja um “acordo que seja bom para a Europa e para a Península Ibérica”.
“O que propusemos […] é que respondamos à particularidade da Península Ibérica, que tem uma interconexão mínima com o mercado europeu”, referiu Pedro Sánchez, divulgando então esta “proposta muito razoável” que contém “medidas urgentes, mais alinhadas com a realidade geográfica da Península Ibérica e a sua conectividade energética”.
“O compromisso da UE era ter 10% de interconexões em 2020 entre a Península Ibérica e o mercado energético europeu e de 15% em 2030, mas hoje estamos abaixo de 3%. Tudo isto merece uma consideração específica e, sem afetar o mercado energético e a formulação de preços, nem pondo em questão a política comum de energia, penso que é inegável que temos de dar uma resposta particular a um problema específico que é o da Península Ibérica”, adiantou Pedro Sánchez.
O chefe de executivo espanhol lembrou, ainda, que uma das suas primeiras ações quando tomou posse em 2018 foi participar numa cimeira sobre interconexões em Lisboa, mas como isso ainda não avançou, devem ser criadas agora “ferramentas equilibradas para enfrentar os preços” atuais.
A proposta surge numa altura de aceso confronto armado na Ucrânia provocado pela invasão russa, tensões geopolíticas essas que têm vindo a afetar o mercado energético europeu, mas ainda antes da guerra preços como da luz e do gás já batiam máximos.
Na passada terça-feira, António Costa defendeu perante a Comissão Permanente da Assembleia da República ser “necessária uma intervenção na formação de preços no mercado”, pedindo assim rápida fixação de teto máximo para o preço do gás. “Há uma proposta que Portugal e Espanha trabalharam – e a qual a Espanha continua a apoiar, assim como a Itália e Grécia, entre outros – visando a fixação de um teto máximo para o preço de referência do gás”, vincou o primeiro-ministro português.
De acordo com António Costa, dessa forma, seria possível “evitar a contaminação do preço da eletricidade pelo crescimento não controlado do preço do gás”. “É uma solução bem equilibrada que pode resolver o problema”, advogou.
Há uma semana, num encontro em Roma, os chefes de Governo de Portugal, Espanha, Itália e Grécia exigiram a adoção de medidas concretas ao nível europeu para baixar os preços da energia com máxima urgência, designadamente no Conselho Europeu.
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