Novo líder da UGT promete lutar “com o Governo” para subir salários
Mário Mourão elege a subida dos salários da classe média como prioridade para o mandato à frente da UGT. Novo secretário-geral começou carreira no BES e foi deputado do PS no consulado de Sócrates.
O novo secretário-geral da UGT prometeu “pugnar com determinação pelo aumento dos salários médios, que já pouco se distinguem do salário mínimo”. Mário Mourão avisou que a central sindical vai “partir para outro patamar de reivindicação”, pois “chegou o momento de conceder maior atenção e prioridade aos trabalhadores da classe média”.
No entanto, no discurso de encerramento do congresso da UGT, o sucessor de Carlos Silva sublinhou também que “o combate por melhores salários na Administração Pública e no Setor Empresarial do Estado não será travado contra o Governo, mas sim com o Governo”, notando que “é ao Executivo que compete em exclusivo, e em última instância, os equilíbrios necessários para a dignificação dos trabalhadores”.
Notando que “os salários têm um papel importante na dinamização da economia e do emprego” e criticando o “argumento que não têm razão de ser” da espiral inflacionista, que tem sido invocado pelo novo elenco socialista para não subir mais os salários em 2022, Mourão desafiou o Governo a “assumir a sua responsabilidade, enquanto maior empregador, com uma política de valorização salarial de todos os seus trabalhadores”.
O socialista Mário Mourão foi eleito este domingo secretário-geral da UGT para o próximo quadriénio, com 455 votos a favor, 77 votos contra e 21 abstenções. É presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN), ex-Sindicato dos Bancários do Norte, desde 2005, e desde novembro secretário-geral da Tendência Sindical Socialista (TSS).
O novo líder da central sindical lembra que os trabalhadores e os pensionistas têm “nos últimos meses sido confrontados com uma pressão inflacionista permanente, que conduz a perdas significativas do poder de compra”. E garante que vai reclamar, no âmbito da concertação social, “uma discussão ainda mais profunda para a adoção de medida imediatas de apoio não apenas às empresas, mas também a quem sobrevive dos escassos rendimentos do seu trabalho”.
No que diz respeito à UGT, haverá sempre um posicionamento de abertura, mas exigiremos das outras partes um comportamento igual e um esforço real para o desenvolvimento social e económico.
“Não se pode exigir da concertação social a obtenção de unanimidades permanentes, mas pode e deve-se exigir um diálogo franco, aberto, buscando os maiores denominadores comuns. Pelo nosso lado, no que diz respeito à UGT, haverá sempre um posicionamento de abertura, mas exigiremos das outras partes um comportamento igual e um esforço real para o desenvolvimento social e económico”, resumiu.
O programa da UGT para os próximos quatro anos foi aprovado este domingo pelos participantes no 14.º congresso, realizado em Santarém, com 13 abstenções. Um documento que, entre outras coisas, defende o “efetivo envolvimento e participação” dos parceiros sociais no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e no próximo quadro comunitário (Portugal 2030), por serem instrumentos para a recuperação económica e social e para promover “transições justas e inclusivas”.
Esta manhã, na defesa da “moção de urgência” para a Administração Pública” que apresentou neste congresso, o secretário-geral da FESAP, José Abraão, desafiou o Governo a ser “claro” na política de rendimentos e avisou que “não [quer] aumentos de 1,3% para os salários, apenas o correspondente à inflação de 2021, porque isso seria continuar a perder poder de compra”. “Queremos uma negociação séria”, completou o sindicalista da função pública.
Começou carreira no BES e foi deputado do PS no consulado de Sócrates
O novo secretário-geral da UGT tem 64 anos e é presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro de Portugal (SBN), ex-Sindicato dos Bancários do Norte, desde 2005. Iniciou a atividade bancária em 1976, ingressando nos quadros do Banco Espírito Santo, começando em 1988 a dedicar-se ao sindicalismo.
Até agora vice-presidente da UGT e membro do Secretariado Nacional da central sindical, Mário Mourão foi deputado do PS na X Legislatura, de outubro de 2009 a junho de 2011, integrando a comissão parlamentar de Defesa. Foi durante o segundo Governo de José Sócrates, que terminou com o pedido de assistência financeiro à troika.
O novo líder da UGT foi também coordenador da Federação Distrital do Porto do PS, mantendo-se atualmente na Comissão Política Nacional deste partido. É ainda membro da Associação de Auditores de Defesa Nacional e tem artigos publicados na Revista de Defesa Nacional, com destaque para matérias sobre a cooperação com os países de expressão portuguesa.
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