PIB cresce 2,6% e supera previsões. Motor do consumo acelera no arranque de 2022
A economia portuguesa não só não contraiu no arranque de 2022 por causa da guerra como acelerou. O PIB cresceu 2,6% em cadeia e 11,9% em termos homólogos.
Após um crescimento de 4,9% em 2021 e apesar do impacto da guerra a partir do final de fevereiro, a economia portuguesa cresceu 2,6% em cadeia (face ao quarto trimestre) nos primeiros três meses deste ano, segundo a estimativa rápida divulgada esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Em termos homólogos, o PIB avançou 11,9% uma vez que no primeiro trimestre de 2021 tinha contraído, assim como no primeiro trimestre de 2020.
O Governo conta com um crescimento do PIB de 4,9% no conjunto do ano, ficando 0,7% acima do nível pré-pandemia, em linha com o Banco de Portugal (4,9%) e o Conselho das Finanças Públicas (4,8%). Contudo, há instituições com previsões mais conservadoras, como é o caso do Fundo Monetário Internacional (FMI) que aponta para os 4%.
Foi o consumo privado a dar este impulso inesperado ao PIB durante o primeiro trimestre de 2022. “Comparando com o 4.º trimestre de 2021, o PIB aumentou 2,6% em volume (crescimento em cadeia de 1,7% no trimestre anterior), verificando-se um contributo mais positivo da procura interna para a variação em cadeia do PIB, em parte motivada pela aceleração do consumo privado, enquanto o contributo da procura externa líquida se manteve ligeiramente positivo”, explica o INE. Tal poderá ser explicado pela retirada gradual das restrições da pandemia.
Assim, ao contrário do esperado pela maioria dos economistas, que apontavam para uma travagem da economia no primeiro trimestre, o PIB português até acelerou face ao quarto trimestre de 2021 e superou todas as previsões.
“O Produto Interno Bruto (PIB), em termos reais, registou uma variação homóloga de 11,9% no 1º trimestre de 2022 (5,9% no trimestre anterior)”, revela o gabinete de estatísticas, explicando que “a evolução em termos homólogos reflete em parte um efeito de base dado que, em janeiro e fevereiro de 2021, estiveram em vigor várias medidas de combate à pandemia que condicionaram a atividade económica“.
O INE detalha que o contributo da procura interna, onde se destaca o consumo privado, aumentou no primeiro trimestre para a variação homóloga do PIB. Quanto à procura externa líquida, também houve um maior contributo porque as importações desaceleraram e as exportações aceleraram, “refletindo a recuperação da atividade turística”.
“No 1º trimestre de 2022, a perda nos termos de troca foi mais intensa que nos três trimestres precedentes, em resultado do crescimento pronunciado do deflator das importações”, detalha ainda o INE.
Em reação a estes números, no debate do Orçamento do Estado para 2022 no Parlamento, o ministro das Finanças, Fernando Medina, sublinhou que a economia portuguesa, isolando o primeiro trimestre de 2022, está 3,1% acima do nível do primeiro trimestre de 2021. “Esta é a mensagem fortíssima de confiança que trabalhadores e empresas nos estão a dar”, disse Medina.
Siza Vieira diz que assim “as projeções de crescimento para este ano ficam mais credíveis”
O ex-ministro da Economia, que ocupou o cargo durante o primeiro trimestre deste ano, reagiu no LinkedIn aos números divulgados pelo INE, afirmando que esta é “uma excelente notícia em tempos de grande perturbação da situação internacional e de subida dos preços”. “Portugal voltou a crescer mais que a média europeia e as projeções de crescimento para este ano ficam mais credíveis“, defende Pedro Siza Vieira, que não foi reconduzido no terceiro Governo de António Costa.
Este crescimento do primeiro trimestre, apesar da incerteza do que acontecerá nos trimestres seguintes, dá mais confiança à previsão do Governo de 4,9% para crescimento anual do PIB português e, a continuar esta dinâmica, poderá levar a uma revisão em alta.
“Sobretudo, atingimos ainda durante esse trimestre o nível pre-pandemia, o que significa que tardamos apenas dois anos a recuperar da mais grave crise das últimas décadas”, assinala Siza Vieira, acrescentando que “com os dados do emprego muito positivos e o indicador de clima económico em abril também elevado, espero que estejam criadas condições para enfrentarmos da melhor maneira possível estes tempos conturbados“,
(Notícia atualizada às 13h40 com declarações do ex-ministro da Economia, Pedro Siza Vieira)
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