Atividade económica voltou a travar no início de maio
Depois de ter acabado abril em desaceleração, a atividade económica voltou a travar no início de maio. Tal poderá estar relacionado com os impactos indiretos da invasão russa na Ucrânia.
A economia portuguesa travou novamente na semana terminada a 8 de maio, em comparação com a semana anterior, de acordo com os dados do indicador diário de atividade económica (DEI) do Banco de Portugal divulgados esta quinta-feira. A atividade económica continua, porém, a ser superior à da mesma altura do ano anterior.
“Na semana terminada a 8 de maio, o indicador diário de atividade económica (DEI) aponta para uma taxa de variação homóloga da atividade inferior à observada na semana anterior“, revela o banco central.
Após um pico a meio de abril (ver gráfico), a economia portuguesa começou a desacelerar significativamente em comparação com o mesmo período do ano passado, crescendo agora 2,9% em termos homólogos, de acordo com a média móvel semanal do DEI – indicador diário de atividade económica do Banco de Portugal — a 5 de maio.
Já o último valor diário, relativo a 8 de maio, apontava para um crescimento homólogo de apenas 1,4%.
Estes dados sugerem que as ondas de choque da invasão russa à Ucrânia já estarão a castigar a atividade económica portuguesa. A subida dos preços da energia agravada pelo conflito deverá travar a expansão económica, assim como outros efeitos indiretos através de exportações de bens e serviços, potenciais repercussões da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), entre outros fatores.
No primeiro trimestre, o qual já incluiu um mês inteiro de guerra (março), o PIB surpreendeu pela positiva e cresceu 2,6% em cadeia, superando todas as expectativas. Em março, o consumo de gasóleo e de gasolina — um dos indicadores importantes para a economia — atingiu um máximo histórico.
Mesmo em abril, a economia portuguesa mostrou-se pujante e outros indicadores de confiança até recuperaram, mas no final do mês o DEI começou a mostrar sinais de travagem, agora confirmados pelo arranque de maio. Também a taxa bienal, que permite comparações com o nível pré-pandemia, mostra uma forte deterioração, registando valores negativos tanto na média móvel semanal (-0,3%) como no último valor diário (-4,8%).
Este novo indicador divulgado pelo banco central incorpora diversas séries de informação: o tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, o consumo de eletricidade e de gás natural — o que poderá ser afetado pelo aumento dos preços acentuado pela guerra —, a carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e as compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes.
O impacto da pandemia gerou uma maior necessidade de recurso a este tipo de indicadores económicos de divulgação mais frequente, como é o caso do DEI. Isto acontece porque um dos mais relevantes, o Produto Interno Bruto (PIB), é apenas apurado e divulgado trimestralmente. A próxima divulgação do DEI está marcada para 19 de maio.
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