Maioria dos restaurantes e hotéis já aumentaram preços
Inquérito da AHRESP revela que 63% das empresas de restauração e similares e 39% das empresas de alojamento continuaram a registar quebras de faturação nos primeiros quatro meses do ano.
A maioria dos restaurantes e hotéis já tiveram de aumentar os preços perante os aumentos das matérias-primas, da energia e transportes. De acordo com o mais recente inquérito da AHRESP, a que o ECO teve acesso, quase todas as empresas do setor (94%) estão a sentir o impacto da pressão inflacionista desde o início do ano e por isso já subiram os preços, mas “até um máximo de 15%” numa tentativa de absorver custos.
“De facto, 86% das empresas de restauração e similares e 51% do alojamento turístico já tiveram de atualizar os preços de venda, mas até um máximo de 15%, o que revela uma forte contenção por parte das empresas, que preferem esmagar margens a fazer recair o significativo aumento de custos junto dos clientes”, reconhece a AHRESP, com base nos dados do inquérito realizado entre 2 e 16 de maio, com base em 437 respostas.
Este novo inquérito foi feito para tentar medir o impacto do prolongamento da guerra na Ucrânia, que já vai no terceiro mês, e das pressões inflacionistas subsequentes, mas que também já se vinham a verificar antes da guerra, nomeadamente através de um agravamento dos preços da energia.
“Entre as empresas de restauração e similares, as consequências são preocupantes”, diz a associação liderada por Ana Jacinto: “77% sentiram aumentos de até 50% nos custos com matérias-primas, nos transportes e na energia, enquanto 47% das empresas de alojamento turístico registaram incrementos de até 15%”. Além disso, 73% dos empresários da restauração confirmarem já ter sentido escassez de produtos essenciais para o exercício da sua atividade, o que também ajuda a explicar o aumento de preços ao cliente.
E este agravar dos custos tem necessariamente reflexos ao nível da faturação das empresas, uma vez que 63% das empresas de restauração e similares e 39% das empresas de alojamento continuaram a registar quebras nos primeiros quatro meses do ano, face ao mesmo período de 2019. Mas 54% garantem ter capacidade para suportar os encargos habituais em maio. Por outro lado, 25% das empresas acreditam que o verão deste ano será melhor que o de 2019, mas 39% ainda esperam um verão pior que antes da pandemia.
Considerando o atual contexto económico, 85% dos inquiridos reitera que o Governo devia aplicar temporariamente uma taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas. Por outro lado, 41% do setor da restauração defende a atribuição de uma compensação financeira para contrariar o ciclo inflacionista das matérias-primas alimentares (41%) e a disponibilização de apoios financeiros para a otimização de consumos e a transição energética (35%).
Mas as empresas não estão apenas preocupadas com o aumento dos preços. Entre as suas dores de cabeça está a dificuldade de contratação, já que mais de metade (53%) diz não ter trabalhadores suficientes para assegurar a melhor qualidade do serviço. “Destas, 76% referem ter necessidade de contratar entre um a três trabalhadores e 13% precisam entre quatro e seis trabalhadores para o desempenho de funções regulares na empresa”, ao longo de todo o ano, especifica o inquérito. Mas 49% dos empresários dizem precisar de contratar apenas para a época alta.
As empresas têm consciência que os horários de trabalho são o principal obstáculo à atração e retenção de trabalhadores, mas também acreditam que teriam ganhos de produtividade se o horário de trabalho diário fosse alargado por mais de oito horas, com a compensação de dias de folga adicionais. A maioria das empresas de restauração (56%) diz já oferecer benefícios extra-salário aos colaboradores, como prémios monetários de produtividade e/ou assiduidade, folgas adicionais no dia de aniversário e dias de férias extra por desempenho.
À margem do Inquérito, a AHRESP realizou também um estudo, sobre a constituição e dissolução de empresas destes setores em Portugal, usando como fonte o Instituto Nacional de Estatística. Uma das conclusões é a quebra acentuada na constituição de empresas em 2020: -39,4% no alojamento turístico e -24,8% na restauração e similares. E se a nível nacional, em 2021, a tendência foi de crescimento do surgimento de novas empresas, este setor esteve em contraciclo com uma nova quebra (-1,62%) face ao ano anterior. O cenário menos positivo estende-se também à falência das empresas, com o pico a ser atingido nos primeiros três meses de 2021 — 1.160 empresas, o dobro do registado em 2020.
O Algarve foi a região que registou o maior decréscimo na constituição de empresas no período pandémico, seguida do Norte. Por outro lado, o maior aumento das falências verificou-se no Alentejo e no Algarve.
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