Unicef: Duas em cada três crianças ucranianas abandonaram as suas casas devido à guerra
Duas em cada três crianças ucranianas foram obrigadas abandonar as suas casas, estima a Unicef, que alerta para a necessidade de se garantir que estas "não fiquem sem infância".
A Unicef estima que a invasão russa da Ucrânia tenha feito duas em cada três crianças ucranianas abandonar as suas casas e dá agora prioridade a apoiá-las, sobretudo psicologicamente, para que “não fiquem sem a sua infância”.
“Essa tem de ser a nossa prioridade: garantir que essas crianças são alimentadas, são protegidas e recebem a educação adequada. Não podemos permitir que, por causa da guerra, essas crianças fiquem sem a sua infância”, disse Paloma Escudero, diretora da Unicef para a Comunicação e Defesa de Direitos, em declarações telefónicas à Lusa.
A diretora da Unicef referiu que mais de cinco milhões de crianças ucranianas estão a ser afetadas pela invasão russa, incluindo mais de dois milhões que foram obrigadas a refugiar-se noutros países. Esta semana, ao longo de três dias, Escudero viajou até à Polónia para se inteirar da forma como estas crianças refugiadas estão a ser acolhidas em vários centros com apoio direto da Unicef.
“Estou muito agradada com o que vi até agora. Está a haver um grande esforço para minimizar os danos que a guerra está a provocar nas crianças. Muitas delas estão a tentar continuar os seus estudos e estamos a apoiar as suas famílias nesse sentido”, disse a diretora da Unicef.
Para isso, a organização que Escudero lidera está a preparar aulas de ensino à distância, em plataformas digitais, com currículos ucranianos e com professores das regiões de onde são oriundas as crianças. “É muito importante a integração destas crianças. E isso faz-se também criando-lhes um sentimento de familiaridade com a matéria curricular e com a língua de ensino”, explicou Escudero.
“A guerra é uma catástrofe! Duas em cada três crianças ucranianas estão a viver fora das suas casas. A maior parte por causa de bombas que rebentaram nos seus bairros”, lamentou a diretora da Unicef, alertando para a necessidade de um forte apoio psicológico para estes jovens. “Esta é uma das mais graves crises humanitárias para as crianças desde a Segunda Guerra Mundial. Para a enfrentar, temos de apostar em três prioridades: assistência médica, proteção e ensino”, defendeu Escudero.
A Unicef está seriamente preocupada com as situações que vivem as crianças que fogem da violência na Ucrânia, nomeadamente a separação familiar, a violência e os abusos de diverso género.
Outra das preocupações da Unicef, face às consequências da guerra na Ucrânia, é o rapto de crianças para redes de tráfico humano, bem como o seu encaminhamento forçado para a Rússia, que constitui uma forma de coerção ilegal, à luz do direito internacional. “É um flagelo terrível. Não temos números sobre a quantidade de crianças que estão a ser deportadas para a Rússia. Mas sabemos que essa situação acontece e se repete”, admitiu a diretora da Unicef.
A organização — que pediu à comunidade internacional mais de 800 milhões de euros para financiar a sua resposta humanitária – já prestou assistência a mais de 600 mil crianças e prestadores de cuidados e a aposta da Unicef centra-se agora muito na componente psicológica. “Essa vertente é fundamental. Estas crianças estão a suportar situações inimagináveis. Temos de lhes dar apoio psicológico, para os ajudar a superar esta crise”, argumentou Paloma Escudero.
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